Menu
Na Garagem

Aceleramos um Porsche 911 Carrera abastecido com gasolina sintética

Segundo a marca, o combustível sintético tem praticamente a mesma octanagem da gasolina do tipo premium, é equivalente a europeia E10

Redação Jornal de Brasília

22/04/2024 5h00

Atualizada 14/04/2024 20h52

Várias soluções para reduzir as emissões de gases poluentes vem surgindo no mundo todo. No setor de veículos, uma das que mais avançam é a eletrificação – já há montadoras com 100% da linha composta por carros a eletricidade. Porém, questões como falta de infraestrutura de recarga e baixa capacidade das baterias são alguns dos entraves dessa opção, que disputa a primazia com outras fontes de energia, como o hidrogênio, o brasileiro etanol derivado da cana-de-açúcar e, mais recentemente, a gasolina sintética. O novo combustível é uma das apostas da Porsche.

Chamado pela marca alemã de eFuel, a gasolina sintética é um produto feito a partir de água e dióxido de carbono. O processo, que utiliza energia eólica, permite, segundo a empresa, operação quase neutra em CO2 dos motores a gasolina, que não precisam de nenhum tipo de adaptação.

Isso porque o eFuel tem as mesmas propriedades do combustível de origem fóssil. Porém, é obtido por meio da eletrólise do hidrogênio com a adição de CO2. Desse modo, é totalmente neutro em carbono.

Seja como for, a Porsche informa que isso não compromete o desempenho do carro, tampouco afeta o consumo. Segundo a marca, o combustível sintético tem praticamente a mesma octanagem da gasolina do tipo premium. Além disso, é equivalente a europeia E10.

PRODUÇÃO NO CHILE

Para fabricá-la, são utilizadas energias solar e eólica. A produção fica na usina Haru Oni, que fica em Punta Arenas, no sul do Chile, e foi inaugurada no fim de 2022. De acordo com a marca, a localização da unidade é estratégica. Afinal, na região há vento forte durante quase todo o ano, o que permite o pleno funcionamento da usina eólica. Além disso, o processo de produção não utiliza água potável, mas dessalinizada.

Para viabilizar a oferta do combustível, a Porsche se associou à HIF Global LLC, holding que desenvolve projetos de instalações de produção de combustíveis sintéticos. A marca alemã investiu US$ 75 milhões na companhia, que lhe garantem 12,5% de participação na empresa sediada no Chile, que também tem unidades industriais nos Estados Unidos e Austrália.

“Os combustíveis sintéticos oferecem perspectivas interessantes em todos os setores, desde a indústria automotiva até aviação e transporte marítimo”, explica Michael Steiner, membro do conselho executivo de pesquisa e desenvolvimento da Porsche AG.

Pioneira em combustíveis sintéticos, a Porsche quer impulsionar a tecnologia e expandir a oferta para todo o planeta. Inicialmente, seu uso é restrito ao Chile, em projetos ligados ao automobilismo. Durante a apresentação do produto, no entanto, a marca informou que pretende lançar o eFuel comercialmente em até dois anos.

Embora não tenha revelado detalhes, a Porsche informa que o preço será equivalente ao da gasolina do tipo premium. Porém, com o aumento da oferta a meta é reduzir o custo e chegar a valores parecidos com os da gasolina comum.

NA PRÁTICA

Para entender como o combustível sintético funciona na prática, avaliamos vários modelos da Porsche abastecidos com e-Fuel. No total, percorremos mais de 50 km entre a capital paulista e a cidade de Mairiporã, na região norte de São Paulo, a bordo de um 911 Carrera Turbo abastecido (na nossa presença) com o eFuel.

O comportamento do esportivo com gasolina sintética foi igual ao do carro abastecido com o derivado de petróleo. Isso inclui o ronco do motor 3.0 boxer biturbo de seis cilindros e 385 cv de potência.

Graças também aos ótimos 45,9 mkgf de torque, disponíveis a partir das 1.950 rpm, as respostas são para lá de empolgantes. Aliás, vale lembrar que essa versão pode acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 4 segundos, de acordo com informações da marca.

No trajeto misto, com trânsito intenso e pesado, o consumo ficou em torno dos 10 km por litro de gasolina. Ou seja, números equivalentes aos obtidos com uso do derivado de petróleo do tipo premium. Porém, com a grande vantagem de não haver emissão de CO2.

META AMBICIOSA

Para essa ação, a Porsche importou 500 litros do combustível. Aliás, segundo a marca a meta é produzir 550 milhões de litros do novo combustível por ano já em 2027 e continuar ampliando a oferta. Afinal, a empresa informa que atualmente há cerca de 1,3 bilhão de carros com motores a combustão no planeta.

Portanto, o potencial de mercado é enorme. De acordo com a Porsche, como o aumento da oferta e a redução do custo de produção, trata-se apenas de questão de tempo.

Números animadores

10 km/l

  • Foi o consumo obtido com um Porsche 911 Carrera Turbo abastecido com o combustível sintético;

550 milhões

  • É a meta de produção anual, em litros, de e-Fuel, que deve ser alcançada em 2027, segundo a Porsche.

Estadão Conteúdo

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado