Menu
Na Hora H!

Paciente com suspeita de câncer aguarda por exame há 3 anos em unidade de saúde municipal do Rio

Pedido de exame foi feito na mesma unidade onde um grupo, denominado como “Guardiões do Crivella”, dificulta o trabalho de repórteres

Redação Jornal de Brasília

03/09/2020 8h12

Iedo dos Passos José, de 68 anos, precisa passar por uma colonoscopia (exame endoscópico do intestino grosso e do reto), devido a uma suspeita de câncer. Na família do aposentado há casos de pessoas que foram diagnosticadas com câncer de intestino e, mesmo assim, Iedo está há três anos tentado ter acesso procedimento.

O pedido de exame foi feito no Centro Municipal de Saúde (CMS) Aguiar Torres, em Inhoaíba-RJ, mesmo local onde um grupo, denominado como “Guardiões do Crivella”, dificulta o trabalho dos repórteres que tentam expor os problemas da unidade. O Portal Extra apurou alguns casos de pacientes do Rio que não conseguem tratamento no sistema de saúde municipal. De acordo com os Dados do Sistema Nacional de Regulação, mais de 375 mil pessoas aguardam por algum procedimento cirúrgico na cidade do Rio de Janeiro.

O pedido de exame de Iedo foi expedido em meados de 2017, depois que o paciente relatou sangue nas fezes. Há cerca de quatro meses, a mãe do aposentado morreu em decorrência de um câncer no intestino. Ela lutou contra a doença por 10 anos e chegou a ter 20% do intestino retirado. Devido a isso, os médicos solicitaram o exame para Iedo.

O aposentado estima que o procedimento custe mais de R$ 1.200 na rede privada. Ele recebe apenas um salário mínimo e afirma que a sua única alternativa é esperar. Em novembro de 2018, ele retornou até a unidade, mas foi informado de que o seu exame estava pendente no sistema. Após isso, o médico que o atendeu reforçou o pedido.

Amanda Valentim dos Santos, de 17 anos, é outra paciente que espera por atendimento. Ela precisa passar por uma cirurgia de retirada de pedra da vesícula. A moradora de Jacarepaguá-RJ esperou por dois anos, mas os familiares da jovem acabaram optando por realizar o pedido na rede privada.

Diversos outros pacientes relatam casos semelhantes no Hospital Pedro II, em Santa Cruz-RJ. Paulo Roberto Nunes Júnior, de 27 anos, sofreu uma queda e fraturou a lombar há duas semanas. Ele foi internado na unidade, onde ficou por 15 dias e recebeu alta sem passar por uma cirurgia. O último laudo entregue à família dizia que Júnior teria que passar por uma avaliação de risco cirúrgico para ser submetido à operação na coluna.

A família do paciente gastou R$ 400 em uma cama ortopédica e conseguiu uma cadeira de rodas usada com um vizinho, já que Júnior está impossibilidade de andar.

Outro descaso, relatado pela família de Sérgio Maurício de Paula, de 50 anos, levou ao óbito do paciente. Sérgio havia fraturado a coluna em uma queda durante o trabalho. Após 12 dias de espera, ele passou por uma cirurgia e recebeu alta na terça-feira (dia 1°). Após quatro horas em casa, Sérgio começou a se queixar de falta de ar. Ao retornar à unidade, ele não resistiu e veio a óbito.

Familiares de pacientes com Covid-19 também se queixam da falta de informações no Pedro II. Os parentes da paciente Simone da Silva Savarege, de 47 anos, relatam que os funcionários não atualizam as notícias, que só chegam por mensagens de aplicativo no fim do dia.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado