Um dos textos mais emblemáticos da dramaturgia brasileira, O Bem-Amado, de Dias Gomes, chega ao Teatro Sesc Paulo Gracindo, no Gama, para uma curta temporada com entrada franca até dia 28 de setembro. Estrelada por Diogo Vilela no papel de Odorico Paraguaçu, a montagem revisita com fidelidade o texto original de 1962, sem adaptações, reafirmando a potência e a atualidade do humor crítico do autor.
Com direção de Marcus Alvisi, a peça é uma sátira política clássica e ainda incrivelmente pertinente, em que o prefeito da fictícia cidade de Sucupira tenta inaugurar um cemitério, sua principal promessa de campanha, mas enfrenta um “problema” inusitado: ninguém morre na cidade. Para resolver isso, Odorico recorre a todo tipo de manipulação, corrupção e populismo, em uma sequência de situações cômicas que expõem, com ironia e inteligência, as engrenagens do poder político.
“Nunca pensei que faria Odorico Paraguaçu no teatro”, conta Diogo Vilela. “Em minha memória mais ativa, até de maneira inconsciente, havia em mim uma grande referência que foi a interpretação de Paulo Gracindo nesse personagem. Depois, trabalhei de acordo com a direção de Marcus Alvisi e criei meu próprio Odorico.”

Produção de grande porte e dramaturgia nacional
A escolha de montar O Bem-Amado veio na esteira do sucesso de O Pagador de Promessas, também de Dias Gomes, com o qual Vilela inaugurou um projeto pessoal de valorização da dramaturgia brasileira contemporânea. “Esse espetáculo nasceu de um sonho que tive de fazer uma escola de atores. Logo em seguida, optamos por fazer textos nacionais. O êxito foi tão grande que em seguida escolhemos O Bem-Amado”, explica o ator.
A produção, realizada em parceria com Marília Milanez, com quem Vilela trabalha há 32 anos, é considerada grandiosa: 14 atores em cena e uma equipe técnica de sete profissionais garantem a qualidade artística e técnica da montagem. “Realmente é um desafio para nós fazermos algo com tanto volume de produção e com tantos atores envolvidos. Acontece que essa peça é mágica no sentido de como chega ao público”, afirma Vilela.
Desde sua estreia, a peça já percorreu importantes cidades como Rio de Janeiro, Petrópolis, Niterói, Belo Horizonte e Angra dos Reis, tendo sido assistida por mais de 35 mil espectadores.

O teatro como experiência coletiva
A decisão de apresentar a peça no Gama é também um gesto de descentralização cultural. Levar uma montagem de grande porte a uma região periférica do Distrito Federal contribui para ampliar o acesso à arte e valorizar públicos que nem sempre têm acesso a produções desse nível. A presença no Teatro Sesc Paulo Gracindo reforça esse compromisso com a democratização do teatro.
“O Teatro é uma arte viva e sempre vai corresponder à contemporaneidade”, afirma Vilela. “Por exemplo, O Bem-Amado foi escrita por Dias Gomes em 62 e até hoje o assunto da peça causa muitas gargalhadas em quem a assiste! O humor quando é bem feito, fica eterno.”

Uma sátira brasileira que permanece atual
A montagem preserva a linguagem original da obra, sem atualizações, o que ressalta a força da escrita de Dias Gomes e a permanência de seus temas. Como aponta o diretor Marcus Alvisi:
“Esta é a história que queremos contar para nosso público neste momento. Uma história de nossa gente contada para a nossa gente. Através de uma dramaturgia pujante, que tem viço, que dialoga com todos, sem preconceito. Que respira e transpira vida no palco. Exuberante, frondosa. Que lateja, palpita.”
Peça O Bem-Amado
Onde: Teatro Sesc Paulo Gracindo – Gama (DF)
Quando: 26, 27 e 28 de setembro
Entrada gratuita, retirada de ingressos pelo site
Classificação indicativa: Livre