Após passar por dez cidades e ser visto por mais de 15 mil pessoas, o musical “O Admirável Sertão de Zé Ramalho” chega a Brasília para uma curta temporada na Sala Martins Pena do Teatro Nacional Claudio Santoro amanhã e domingo. O espetáculo propõe uma imersão na força poética e simbólica da obra do cantor e compositor paraibano.
A montagem, com direção de Marco André Nunes e texto de Pedro Kosovski, evita o formato biográfico tradicional e aposta em uma encenação que une teatro, música e poesia para retratar os diversos “Brasis” que atravessam a trajetória do artista. No palco, cinco intérpretes representam as diferentes fases de Zé Ramalho: Duda Barata, Muato, Tiago Herz, Nizaj e Marcello Melo.
A vida contada pela obra
A dramaturgia de Pedro Kosovski se constrói a partir das canções do próprio Zé Ramalho, transformadas em fragmentos de tempo, memória e imaginação. “As músicas revelam momentos da vida desse grande artista. Tudo é carregado de simbolismo e metáforas. Montei uma estrutura textual que não disputa com as letras, mas escuta o que elas dizem. É um convite a mergulhar nas imagens que as canções evocam”, explica o dramaturgo.
Para o diretor Marco André Nunes, a montagem busca revelar o poder emocional e cultural contido na obra do artista. “O espetáculo reúne fragmentos da trajetória de Zé, desde a infância até o sucesso nacional. Tanto quem conhece quanto quem está descobrindo o artista será tocado pela intensidade das experiências que ele viveu”, afirma.
Um espetáculo essencialmente brasileiro
O produtor Eduardo Barata, idealizador do projeto, destaca que a proposta de narrar a trajetória de Zé Ramalho por meio de sua própria obra foi um desafio e uma escolha política. “Contar a vida de forma didática já não promove uma surpresa, nem com o público, nem com a classe artística. O desafio era contar a trajetória de um artista, mas através da obra dele”, observa.
Barata enfatiza que o musical também celebra o Nordeste e seu papel fundamental na identidade do país. “O Zé Ramalho é um artista que carrega no rosto, na música e no trabalho dele o Brasil. Era muito importante fazer um espetáculo essencialmente brasileiro que retratasse o Nordeste, que em 2019 e depois em 2024 foi tão importante para manter a democracia no nosso país. Se não fosse o Nordeste, a gente tinha dançado”, afirma.
O sertão como metáfora universal
A montagem propõe uma leitura simbólica da figura de Zé Ramalho, transformando-o em um arquétipo de resistência, sonho e transformação. “No final, esses cinco Zés podem ser qualquer Zé. Pode ser eu, pode ser você. O que é Zé é aquele que está em busca de um sonho. Se batalhar por ele, conquista, independente do sertão em que esteja. Pode ser o sertão do Nordeste, de Brasília, da Austrália ou do Japão. Com educação e sonho, você conquista qualquer coisa”, reflete Barata.
Com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Cultural, “O Admirável Sertão de Zé Ramalho” é uma potência criativa do Nordeste e de um dos maiores nomes da música popular brasileira. Mais do que um tributo, o espetáculo é um encontro entre arte, memória e afeto, que transforma o sertão, real e imaginário, em um território de beleza, invenção e força cultural.
Serviço
O Admirável Sertão de Zé Ramalho
Onde: Sala Martins Pena – Teatro Nacional Claudio Santoro (Brasília)
Quando: 1º e 2 de novembro
Sábado às 20h; domingo às 18h
Ingressos: pelo site
