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Cinema com ela
Cinema com ela

‘Os Roses: Até Que a Morte os Separe’ retrata divórcio cômico e cruel

Nova versão do clássico estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta (28), com Olivia Colman e Benedict Cumberbatch

Tamires Rodrigues

28/08/2025 5h00

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Foto: Divulgação/20th Century Studios

O cinema costuma retratar o casamento como promessa de eternidade, finais felizes e trilhas embaladas por romantismo. Em Os Roses: Até Que a Morte os Separe, que chega aos cinemas nesta quinta-feira (28), o que se coloca em cena é justamente o contrário: um relacionamento em ruínas que se transforma diante de nossos olhos em um campo de batalha doméstico. A releitura moderna do romance de Warren Adler oferece não apenas um retrato ácido do divórcio, mas também uma comédia irresistível sobre como o amor pode facilmente se converter em ódio calculado.

Olivia Colman e Benedict Cumberbatch, dois gigantes do cinema britânico, mergulham nesse duelo com energia contagiante. Ela interpreta uma chef em ascensão meteórica; ele, um arquiteto em decadência, cuja carreira desmorona junto com o ressentimento crescente. A química entre os dois é explosiva: cada troca de farpas se torna um espetáculo de humor ácido e timing preciso.

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Foto: Divulgação/20th Century Studios

Um dos méritos desta versão está na inversão das forças dentro do casamento. Se, na adaptação de 1989, a esposa aparecia diminuída diante do marido, agora a balança se inverte. Colman assume a dianteira como uma mulher segura, bem-sucedida e cada vez mais impaciente com as frustrações do companheiro. O resultado é uma sátira afiada sobre masculinidade, poder e competitividade conjugal, em sintonia com dilemas contemporâneos.

O roteiro de Tony McNamara aposta em humor sofisticado, recheado de ironias e provocações que soam tão cruéis quanto engraçadas. Mesmo que alguns coadjuvantes tenham presença discreta, o ritmo não se perde. A ausência de um narrador onisciente, como na versão dirigida por Danny DeVito, reforça a força da guerra conjugal que se desenrola por si só, sem mediações ou justificativas externas.

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Foto: Divulgação/20th Century Studios

Jay Roach conduz a trama com leveza, mas firmeza suficiente para manter o público preso ao embate até os momentos mais absurdos. A graça não está apenas nos gestos exagerados, mas também nos detalhes: uma humilhação sutil, uma sabotagem aparentemente inofensiva, um insulto travestido de elogio. Tudo costurado com o sarcasmo britânico que ameniza a crueldade com charme.

Entre insultos espirituosos e estratégias maquiavélicas, o longa também revela um retrato inquietante da fragilidade humana quando o afeto se esvai. O riso funciona como válvula de escape para um desconforto universal: perceber que até os vínculos mais sólidos podem se tornar tóxicos e destrutivos.

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Foto: Divulgação/20th Century Studios

Conclusão

No fim, Os Roses: Até Que a Morte os Separe diverte justamente por nos obrigar a rir do caos alheio. A comédia nasce da tragédia conjugal e deixa no público uma sensação agridoce de alívio — rir da desgraça dos outros, afinal, também é uma forma de agradecer por não estar no lugar deles.

Confira o trailer: 

Ficha Técnica
Direção: Jay Roach;
Roteiro: Tony McNamara;
Elenco: Olivia Colman, Benedict Cumberbatch, Allison Janney, Kate McKinnon, Andy Samberg, Ncuti Gatwa, Sunita Mani;
Gênero: Comédia, Drama;
Duração: 98 minutos;
Distribuição: 20th Century Studios;
Classificação indicativa: 16 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z

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