Muitos dos responsáveis pela gloriosa história do sertanejo no Brasil estarão no mesmo palco, neste sábado (17), no Estádio Nacional Mané Garrincha. O projeto “Histórias – O Show do Século” reúne Chitãozinho & Xororó, Edson & Hudson, Chrystian, Eduardo Costa, Zezé Di Camargo & Luciano e Bruno & Marrone. Estas duas últimas duplas falaram ao Jornal de Brasília sobre o evento, elogiaram o cenário musical atual e revelaram projetos para o futuro.
Zezé di Camargo se considera privilegiado em poder fazer show no Distrito Federal. “Temos tantas histórias no Planalto Central. Já até toquei o Hino Nacional, num jogo da nossa Seleção contra a de Portugal, e vi de perto o Cristiano Ronaldo”, relembra. Na ocasião, Brasil x Portugal se enfrentaram na reinauguração do estádio Bezerrão, no Gama, em 2008. Zezé foi pé quente: a seleção brasileira goleou CR7 e cia. por 6×2.
Mesmo sendo artistas que começaram em outra geração, Zezé e Luciano mostram que acompanham cada nome que desponta como novidade no cenário do sertanejo. Zezé cita Tierry, Henrique Casttro e a eterna Marília Mendonça, que surgiram como compositores e depois foram revelando suas vozes para o mundo. “Os novos artistas reforçam o gênero, só fortalece a música sertaneja, que é a paixão nacional”, opina Luciano.
As duas duplas desta entrevista têm, cada uma, mais de 30 anos de carreira. Mesmo após três décadas, os sucessos antigos não deixam de tocar, e as canções novas também viram hit. Para Bruno, o ‘segredo’ é simplesmente “acreditar no que faz”. “Não existem fórmulas para o sucesso. O que a gente aprendeu ao longo desses 31 anos de carreira foi fazer tudo com amor”, afirma Luciano.
Leia a entrevista completa:
Jornal de Brasília: Há alguns anos, Brasília se tornou uma grande praça do sertanejo no país. Qual a sensação de cantar e tocar aqui, para um público que gosta tanto das suas canções?
Zezé di Camargo: O Centro-Oeste, de um modo geral, foi uma das primeiras praças que abraçaram o gênero. Estar na região em que crescemos e nos fortalecemos como artistas é muito mais especial, claro. E Brasília é vizinha da nossa terra natal, Pirenópolis-GO. Voltar aos mesmos lugares, é uma nostalgia e, mais que isso, estar aqui pela enésima ao longo desses 31 anos de carreira, é um privilégio. Temos tantas histórias no Planalto Central. Já até toquei o Hino Nacional, num jogo da nossa Seleção com a de Portugal, e vi de perto o Cristiano Ronaldo.
Marrone: É sempre um prazer voltar para Brasília. Eu sou de Goiás e, ver que o público daqui sempre recebe a gente com tanto carinho há tanto tempo, é gostoso demais. Nos sentimos em casa.
JBr: Para o público, é sempre especial ver duplas e artistas de sucesso no mesmo festival. Vocês estão preparando alguma surpresa para essa apresentação conjunta?
Luciano: O show de Zezé Di Camargo & Luciano é uma verdadeira viagem pelos hits que animaram nossa carreira ao longo desses 31 anos. Tudo pode acontecer quando amigos se reúnem, são muitas histórias juntos. É sucesso que vocês querem? Então, tem um time grande pronto para isso!
Marrone: O público pode esperar bons clássicos por aí, viu. Vai ter muita gente boa reunida em cima do palco, coisa bonita demais.
JBr: Vocês estão há décadas na estrada, sempre com shows lotados e músicas nas rádios. Qual o segredo para manter o sucesso?
Luciano: Não existem fórmulas para o sucesso. O que a gente aprendeu ao longo desses 31 anos de carreira foi fazer tudo com amor. O amor que cantamos é o mesmo amor que nos leva aos quatro cantos do país, é o amor pelos nossos fãs, pela nossa arte, e por uma equipe inteira, que, sem eles, não seríamos Zezé Di Camargo & Luciano. O sucesso não tem segredo ou fórmulas. Respostas existem várias, mas quem de fato conquista o público sabe que não existe uma receita. Existe, sim, uma história escrita junto com os fãs, e tenho orgulho da que construímos.
Bruno: Acho que o principal é acreditar no que faz. Na pandemia, a gente conquistou um novo público, tá sendo muito bacana encontrar com uma galera mais nova nos nossos shows e curtindo as músicas recentes assim como as antigas.
JBr: O sertanejo sempre se renova e revela novos nomes com frequência. Vocês gostam das novas duplas e dos novos compositores que vêm surgindo nos últimos anos?
Zezé di Camargo: Quando surgimos, no início dos anos 1990, aquele fenômeno era maior do que esse, mas com menos gente dentro do movimento. Naquela época, tinha especial na Globo de música sertaneja, Leandro e Leonardo tinham um programa na emissora, havia umas cinco rádios FM de música sertaneja no Rio. Hoje, só tem uma. As pessoas têm memória curta, mas o espaço era bem maior, mas com muita luta para conquistar. A música sertaneja faz parte da cultura do país, portanto, a cada ano surgem novas duplas e compositores excelentes. Hoje, temos a eterna Marília Mendonça, Tierry e Henrique Casttro.
O gênero sertanejo não é modismo. A nossa origem é sertaneja, nunca negamos e não acreditamos que algum dia o nosso gênero tenha morrido ou venha a morrer. Artistas como Luan Santana, Tierry, Marília Mendonça, Jorge e Mateus, Henrique e Juliano, Diego e Victor Hugo, Felipe Araújo, fazem sertanejo e ponto. Os leigos saem divulgando este rótulo de sertanejo universitário, como já teve forró universitário e pagode universitário, assim como aconteceu com a gente. Quando começamos, em 1991, fomos intitulados de ‘new sertanejo’, mas nós recusamos este rótulo. Houve uma peneira, e ficaram os que tiveram o reconhecimento do público. O mesmo vai acontecer agora.
Luciano: Luan Santana canta desde que era criança, é um menino que eu admiro. César Menotti & Fabiano e Marcos & Belutti gostam da gente, e nós deles. Os novos artistas reforçam o gênero, só fortalece a música sertaneja, que é a paixão nacional. Temos ainda Jorge e Mateus, que fazem um excelente trabalho. “Como um Anjo” e “Você Vai Ver”, por exemplo, que são nossos sucessos, são cantados pelos novos sertanejos.
Bruno: Eu gosto muito de escutar novos sons, ficar sempre ligado no que está surgindo de novidade. Acho que temos que dar apoio aos que estão começando, a música no Brasil é gigante, tem muita coisa boa para conhecermos.
JBr: O que vocês estão preparando para o futuro?
Zezé di Camargo: Muitos projetos em andamento: meu irmão com sua carreira gospel; eu com meu projeto ‘Rústico’; nós em shows pelo Brasil com Zezé Di Camargo & Luciano; tem ainda a turnê ‘Histórias’, que nos traz a Brasília neste sábado, ao lado desses amigos; tem ainda ‘80 A FESTA’, com Chitãozinho e Xororó; o projeto ‘Pai e Filha’ com a Wanessa, minha filha… não paramos.
Bruno: Temos algumas ideias para tirar dos papéis, sim. Estamos sempre em busca de gravar novas músicas e pensando em projetos para movimentar nosso público.