Um novo movimento foi criado no DF com o objetivo de ecoar muito além de suas fronteiras. O projeto Hórus Session quer apontar os holofotes para a Ceilândia, que é um celeiro de talentos ainda anônimos, mas com muito a dizer. O projeto, que em sua primeira edição reúne cinco vozes potentes — Dmnubeat, Jovem Black Mirror, Henrique EXP, Mc ZSN e SantanaLadoLoko —, surgiu como um manifesto artístico e social. A iniciativa musical já está disponível em todas as plataformas digitais.
Idealizado pelo produtor e rapper Dmnubeat, carioca de Japeri, que conta com mais de 15 anos de caminhada no rap, Dmnubeat ressignificou as experiências de vida que teve e suas cicatrizes, transformando-as no que, em suas palavras, ele chamou de “combustível para construir pontes através da música”. “Aqui em Ceilândia fui muito bem recebido, fiz amizades dentro e fora do rap. Esse projeto é uma forma de retribuir e mostrar que a periferia tem voz, tem talento e tem visão”, afirma.
O rapper buscou referências em projetos como Favela Vive e Poetas no Topo para elaborar o Hórus Session com crítica social e autenticidade. Ele apontou que essa foi a essência que consagrou esses marcos do rap nacional. Dmnubeat, junto de Jovem Black Mirror, Henrique EXP, Mc ZSN e SantanaLadoLoko, traz as vivências distintas de cada um para a primeira versão do projeto. “São vivências distintas, mas conectadas pela realidade das ruas e pela vontade de transformar dor em discurso”, destaca.
Entre lembranças, revolta, dor e consciência, o rap de Dmnubeat aborda temas urgentes como TDAH e depressão. Esses são transtornos que, ele acredita, atravessam silenciosamente as periferias. “São problemas reais, que estão destruindo mentes e sonhos, e o rap é nossa ferramenta para curar e alertar”, explica.
Já o Jovem Black Mirror, por exemplo, em seus versos, abordou temas como alienação moderna, o peso da rotina e a ilusão da ascensão rápida — assuntos que atravessam a juventude periférica.
Representando o DF, os rappers Henrique EXP, Mc ZSN e SantanaLadoLoko trazem autenticidade e contundência para as rimas. “Suas rimas narram a vida real das quebradas — as lutas diárias, a presença constante da violência e a busca por dignidade”, descreve Dmnubeat. Para o idealizador do projeto, o rap, mais uma vez, se firma como ferramenta de denúncia e consciência social.