Brasília se prepara para mais um fim de semana de guitarras afiadas e energia coletiva. Neste fim de semana, o Fest Rock Brasília chega à sua segunda edição, desta vez no Eixo Cultural Ibero-Americano. Com entrada franca, o evento vai reunir 16 atrações em dois dias de programação, reafirmando-se como a maior vitrine da produção independente do Distrito Federal e Entorno.
A iniciativa é do Instituto Latinoamerica, em parceria com a Capital do Rock Produções, com direção artística de Philippe Seabra, vocalista e guitarrista da histórica Plebe Rude. Em sua estreia no ano passado, o festival atraiu mais de 3,5 mil pessoas à Torre de TV. Agora, a expectativa é consolidar o espaço no calendário cultural da cidade, fomentando a cena autoral e a profissionalização dos artistas, que recebem cachê de R$ 4 mil por apresentação.
“Estamos construindo um legado. A missão do Fest Rock Brasília é ser o palco de referência para a cena autoral, onde o público pode conhecer novas bandas e os artistas têm a estrutura que merecem”, afirma Atanagildo Brandolt, presidente do Instituto Latinoamerica.


Curadoria democrática e inclusão
A seleção das bandas aconteceu por meio de edital de chamamento público, que recebeu 295 inscrições, das quais quase 250 atenderam aos critérios — ser autoral e do DF ou Entorno. Para a produtora executiva Táta Cavalcanti, da Capital do Rock Produções, o processo buscou a maior representatividade possível.
“Nossa produção tem o cuidado de priorizar o talento do artista autoral como foco principal, sem distinção ou favorecimento, mantendo a inclusão e a diversidade numa curadoria cuidadosa, mediante inscrições em edital de forma simples, para maior acessibilidade”, explica.
A diversidade de estilos reflete o compromisso com a cena local: do indie ao punk, do metal ao experimental. Além das bandas, a programação inclui a DJ Eliane América e apresentações de Marcos Pinheiro e Maria Paula Sato.

O olhar de Philippe Seabra
Responsável pela curadoria artística, Seabra destaca que a cada edição o festival amplia sua representatividade. “O rock tem inúmeras facetas e, depois de mais de 250 inscritos, a curadoria sente que conseguiu chegar num consenso com bandas do mais alto nível, que carreguem com louvor a bandeira do rock de Brasília”, afirma.
Para ele, oferecer estrutura e visibilidade é essencial para renovar a cena. “Talento tem, e de sobra. Mas se não existirem palcos grandes para propagarem seu som, fica difícil aparecerem herdeiros da geração 1980, que colocou Brasília no mapa cultural nacional”, defende.
O músico ressalta também que o festival é uma resposta ao predomínio das bandas cover nos espaços de música ao vivo. “Não adianta Brasília ser conhecida como ‘Capital do Rock’. Tem que ter bandas que justifiquem a alcunha. Todos os homenageados em tributos já foram desconhecidos um dia. Um desconhecido é um amigo que você ainda não conheceu”, pontua.
Vozes da cena
Entre as bandas selecionadas, a pluralidade é marca registrada. O vocalista Fellipe CDC, da Terror Revolucionário, comemora a oportunidade de levar um som mais extremo para um público maior.
“É importante que o Festival tenha tido esta expertise para mostrar as várias nuances que o rock candango produz e exporta. Para nós, tocar em um lugar público e gratuito é uma forma de levar nossos gritos de revolta para um número maior de pessoas. E nada melhor que esse nosso dinheiro de imposto volte em forma de arte e cultura”, afirma.
Já Mariana Coelho, vocalista da Quinta Essência, banda com duas décadas de trajetória, destaca o reconhecimento do trabalho autoral. “Acreditamos nessa atmosfera genuína, intensa, nessa pegada sensorial que nossas músicas trazem. É um novo espaço de posicionamento para a banda e uma oportunidade de chegar a novos públicos”, diz.

Estrutura e inovação
Para além da programação, a segunda edição do Fest Rock Brasília aposta em recursos técnicos de ponta, como painel de LED para exibição de conteúdos visuais e equipe especializada de som e iluminação, ampliando o impacto das apresentações.

Segundo Seabra, o recurso visual terá função narrativa: “Ao contrário dos mega shows de sertanejo e pagode, não é para distrair o público da pobreza das composições, é para ajudar cada banda a contar a sua própria história”, afirma.

Calendário cultural
Com foco em diversidade, inclusão e profissionalização, o Fest Rock Brasília é espaço estratégico para revelar talentos e conectar o público à produção autoral. Para Seabra, a conexão com o Entorno também é parte central do projeto:
“Houve uma preocupação em representar todas as regiões administrativas e estilos possíveis. O rock do entorno sempre ajudou a definir o som que hoje é conhecido como Rock de Brasília”, lembra.

Confira o line up (por ordem alfabética):
SÁBADO (4/10)
As Verdades de Anabela
ARD
Cassino Supernova
Mota
Passo Largo
Ralé Xique
Quinta Essência
Signo 13
DOMINGO (5/10)
Arandu Arakuaa
Cianuretto
Daniela Firme
Mandalla
Murderess
Suíte Super Luxo
Terror RevolucionárioYpu
Fest Rock Brasília 2025
Quando: dias 4 (sábado) – 17h a 0h e 5 de outubro (domingo) – 16h às 23h
Onde: Eixo Cultural Ibero-Americano – Setor de Divulgação Cultural – Eixo Monumental
Entrada franca
Classificação indicativa: livre