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Literatura

Quem é Rafael Magalhães, nome por trás do fenômeno “Precisava Escrever”

Infância, início da carreira, novos projetos e sonhos para o futuro são revisitados nesta quarta-feira (29), Dia Nacional do Livro

Alexya Lemos

29/10/2025 5h00

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Foto: Reprodução

Por muito tempo, Rafael Magalhães foi apenas um nome escondido atrás da assinatura “Precisava Escrever”. Seus textos, cheios de sensibilidade, humor e observação, circulavam pelas redes conquistando multidões que se identificavam com suas palavras — sem saber quem era o rosto por trás das linhas.

Hoje, com mais de 100 mil livros vendidos, milhares de textos publicados e projetos que atravessam fronteiras, Rafael não é apenas escritor: é também celebrante de casamentos, ghostwriter e mentor de novos autores. Mas, antes disso tudo, foi um menino de Goiânia com uma infância simples e feliz.

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Sessão de autógrafos em shopping. Foto: Arquivo pessoal

Uma infância entre primos, futebol e livros

Criado em Goiânia, Rafael cresceu cercado por afetos, primos e amigos. O futebol era paixão e rotina. Filho de um casal que permanece junto há mais de 40 anos, ele se orgulha do ambiente de amor e estabilidade em que foi criado. “Eles foram meus primeiros leitores, meus maiores incentivadores”, conta.

Foi da mãe que herdou o amor pelos livros — “ela não dorme sem ler”, diz. Do pai, veio a criatividade. De ambos, a dedicação: foram muitas madrugadas embalando os primeiros livros vendidos pela internet, ainda na cozinha da casa da família.

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Foto: Arquivo pessoal

Professor por paixão, escritor por insistência

Apesar da afinidade com a literatura desde a escola, Rafael não planejava ser escritor. Passou em vestibulares para Direito e Educação Física, optando pela segunda por amor ao esporte. Foi atleta de futsal até os 20 anos e dava aulas em três turnos para pagar as contas. “Escrevia nos intervalos, enquanto os alunos estavam no recreio”, lembra.

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Foto de perfil do Instagram Precisava Escrever por muitos anos e capa do primeiro livro. Rafael não queria mostrar o rosto. – Foto: Reprodução

No começo, não tinha coragem de se apresentar como escritor. “Meu primeiro blog era só um lugar para guardar textos, não mostrava para ninguém. Eu não tinha coragem de assumir que queria ser escritor.” O ponto de virada veio quando um texto seu viralizou no Facebook, compartilhado como se fosse de Pedro Bial. “Pensei: se acreditaram que era dele, é porque escrevo bem. Ali ganhei confiança para assinar como Rafael Magalhães.”

Num tempo em que o Instagram era dominado por fotos, ele abriu caminho para o que viria a se tornar tendência — postar a imagem como capa e usar a legenda para o texto.

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Estilo de postagens do perfil Precisava Escrever. Foto: Reprodução

O texto que viralizou e o sucesso inesperado

O primeiro viral veio com Vida de Solteiro. O blog saiu do ar por excesso de acessos, e Rafael viu seus seguidores saltarem de 5 mil para 100 mil em poucos dias. Logo depois, um texto em homenagem ao cantor Cristiano Araújo — usado pela família do artista na missa de sétimo dia — solidificou sua presença nas redes.

Talvez o momento mais marcante tenha sido a ligação de Jorge, da dupla Jorge & Mateus, seu ídolo de infância, após ler um texto sobre admiração e sonho. A conexão com o sertanejo se fortaleceu e, com o tempo, Rafael se aproximou de artistas como Marília Mendonça, Luan Santana e Matheus & Kauan — chegando a ter uma música sua cantada para 50 mil pessoas em um festival.

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Rafael e Marília Mendonça. – Foto: Arquivo pessoal

O escritor que virou empreendedor

Pouco antes de lançar seu primeiro livro de crônicas, Rafael decidiu deixar a sala de aula. “Ficou impossível conciliar os compromissos, entrevistas e viagens com os alunos. Deixar o magistério para apostar nos livros foi um salto no escuro. Eu tinha um salário bom, mas sabia que precisava tentar. Foi a decisão mais corajosa que já tomei.”

O lançamento do primeiro livro, em 2014, foi um divisor de águas. Em 15 dias, vendeu 3 mil exemplares por conta própria. Preferiu seguir de forma independente: “Prefiro ter mais trabalho e ser dono do meu livro”.

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Encomendas do primeiro livro sendo organizadas na cozinha dos pais. – Foto: Arquivo pessoal

O que começou na cozinha dos pais ganhou estrutura: loja virtual, produtos personalizados, turnê de autógrafos, loja física e até uma cafeteria em Goiânia, onde hoje recebe leitores e novos clientes.

Rafael também se aventurou no teatro. Escreveu e atuou em uma peça apresentada em mais de 20 cidades, até ser interrompida pela pandemia. “A timidez foi vencida com teatro”, brinca.

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Rafael e Ana Clara Paim no teatro. Foto: Arquivo pessoal

O contador de histórias

Mais de uma década depois, Rafael define com clareza o propósito de sua trajetória. “Meu trabalho vai muito além das crônicas. Virei um contador de histórias — das minhas e das dos outros.”

É com esse espírito que se dedica ao trabalho de ghostwriter. “Ser ghostwriter é dar voz a quem tem muito para contar, mas não sabe como. É transformar vidas em livros. Todo mundo tem uma boa história. Eu ajudo a transformá-la em palavras.”

Paralelamente, tornou-se celebrante de casamentos. Começou escrevendo votos para amigos, depois para seguidores, até ser convidado para celebrar. “Gosto da ideia de participar do dia mais importante da vida de alguém com poesia.”

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Foto: Arquivo pessoal

O mestre de novos escritores

Com o projeto Clube de Escritores, Rafael criou um espaço de formação para aspirantes a autor. Surgido na pandemia, o curso já teve seis turmas e reúne profissionais de diversas áreas. “É o curso que eu queria ter tido lá em 2010”, diz. Os resultados são visíveis: um dos alunos teve uma música gravada após a oficina, e outros lançaram livros após sua mentoria.

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Clube de Escritores. Foto: Arquivo pessoal

Futuro com enredo

Mesmo com tantos desdobramentos, Rafael não se esquece das raízes. “O Precisava Escrever continua sendo maior do que o Rafael. Mas agora faço questão de mostrar o rosto, porque por trás da página existe um escritor, um empresário, um ser humano.”

O sonho atual? “Quero que um livro meu vire filme ou série. Já escrevo imaginando as cenas. Acho que histórias precisam ganhar novos formatos.”

Hoje, ele vive um novo capítulo, repleto de projetos e afetos. Divide sonhos com a noiva Evelin, com quem planeja casar e ter filhos. Toda semana publica textos inéditos, encanta seus mais de três milhões e meio de seguidores e segue escrevendo — seja para si, para seus clientes ou para quem o lê com o coração aberto.

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