SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Preocupado com uma suposta arrogância das gigantes de tecnologia, o cineasta mexicano Guillermo del Toro afirmou em entrevista à rádio americana NPR que não tem nenhum interesse em usar inteligência artificial, especialmente aquela generativa, na produção dos seus filmes.
“IA, particularmente IA generativa — não estou interessado, nem nunca estarei”, afirmou. “Tenho 61 anos e espero conseguir manter o desinteresse em usá-la até morrer. Outro dia, alguém me escreveu um e-mail perguntando: ‘Qual é a sua posição sobre IA?’ E minha resposta foi muito curta. Eu disse: ‘Prefiro morrer.'”
Para o diretor, a principal preocupação não é com a tecnologia em si, mas com a “estupidez natural”, que “é o que impulsiona a maioria das piores características do mundo”. Ele ainda comparou o atual fascínio cultural em relação à inteligência artifical com a arrogância de Frankenstein, personagem-título do seu longa que estreou nesta semana nos cinemas -e que chega à Netflix em 7 de novembro.
“Eu queria que a arrogância de Victor [Frankenstein] fosse semelhante, em alguns aspectos, à dos caras da tecnologia”, disse ele, que em julho já havia externalizado sua aversão à tecnologia. “Ele é meio cego, cria algo sem considerar as consequências, e acho que precisamos parar e refletir sobre para onde estamos indo.”
Del Toro diz que sua versão para a trama de Shelley tem muitos traços de sua própria vida. Na história que ele apresenta, Victor Frankenstein foi criado por um pai severo e se torna um cientista obcecado com a ideia de criar um ser humano em laboratório.
A produção andava a todo vapor quando o astro que interpretaria o monstro, Andrew Garfield, abandonou o projeto, priorizando outro compromisso. O papel ficou com Jacob Elordi, que mal podia imaginar a trabalheira que teria em suas poucas semanas de preparo.