O Ghibli Fest, que já conquistou fãs de todas as idades e lotou salas de cinema em diversas cidades, acaba de ser prorrogado até 15 de outubro. A decisão veio após a intensa procura por ingressos e a repercussão positiva nas redes sociais e na imprensa, consolidando o evento como um dos destaques cinematográficos de 2025.
A mostra celebra os 40 anos do Studio Ghibli e as quatro décadas de atuação da Sato Company no Brasil. As animações do estúdio japonês são reconhecidas por seu traço delicado, narrativas profundas e valores universais. Seus filmes encantam pela riqueza visual, que alterna entre florestas exuberantes, vilarejos tranquilos e cidades movimentadas — tudo retratado em cores suaves e atmosferas que lembram aquarelas. Os personagens, sempre expressivos, revelam emoções com gestos sutis, olhares e silêncios. Nesse cenário cotidiano e realista, o fantástico surge de forma natural: deuses, espíritos, animais falantes e criaturas mágicas coexistem sem estranhamento, como se sempre fizessem parte daquele mundo.
O encanto das histórias da Ghibli está no ritmo contemplativo, que valoriza tanto grandes aventuras quanto os pequenos gestos do dia a dia. Muitas tramas se estruturam como jornadas de amadurecimento e autodescoberta, nas quais as personagens enfrentam transformações internas e externas. Destaca-se o protagonismo feminino, com heroínas complexas que não se definem por romances ou pela presença masculina, mas por sua coragem, curiosidade e perseverança. Elas mostram que força também se expressa na compaixão, na delicadeza e na resiliência, oferecendo modelos de protagonismo inspiradores.
Outro elemento central é a natureza, tratada como personagem viva, dotada de espírito e energia própria. Florestas, rios e animais não apenas compõem o cenário, mas simbolizam a beleza e a fragilidade do mundo natural, reforçando a urgência de equilíbrio entre humanidade e meio ambiente. Muitos conflitos nas histórias nascem justamente da exploração ou destruição da natureza, e a narrativa aponta para caminhos de reconciliação e harmonia.
A trilha sonora, assinada pelo compositor Joe Hisaishi, completa a experiência sensorial. Suas melodias orquestrais dão voz às emoções, enquanto sons do cotidiano — vento, chuva, comida sendo preparada — criam uma sensação de intimidade e realismo. Em meio a isso, aparece o conceito japonês de ma (間), os momentos de pausa e silêncio que convidam o espectador a respirar, refletir e sentir o tempo passar.
Combinando poesia visual, força narrativa e sensibilidade ecológica, o Studio Ghibli construiu um legado que transcende fronteiras e gerações — e agora o público brasileiro terá mais tempo para viver essa experiência única nas telonas.
