O curta-metragem Mata-Gato, do cineasta amazonense André Cunha, foi o grande vencedor da etapa on-line do 18º Festival Taguá de Cinema. A obra recebeu 1.372 votos populares no site do evento e garantiu vaga na mostra competitiva, além do prêmio de R$ 1 mil.
Para o diretor, o reconhecimento do público representa um impulso importante ao audiovisual da região Norte. “É muito importante para o cinema do Norte receber visibilidade e reconhecimento do público”, celebrou Cunha.
Embora tenha os gatos como ponto de partida, o curta vai além do cotidiano doméstico e surpreende ao unir suspense, crítica social e sensibilidade. “Por mais que seja terror, traz uma mensagem de preocupação ambiental e com a saúde pública, ao mesmo tempo que fala da terceira idade, solidão e violência”, explica o diretor.
Entre os mais de 300 filmes inscritos na competição on-line, outras produções também conquistaram destaque. O pernambucano Em Vigília, de Analice Bezerra, ficou em segundo lugar com 471 votos. Já Garrote, também do Amazonas e dirigido por Bruno Pantoja, garantiu o terceiro posto, com 420 votos.
Os títulos João Parapeito (RJ), Ver. Amarelo. Vermelho (SP), O Dilema de Antônia (SP), Oitavo Anjo (DF), Medo Monstro (PE), PX Origens (PE) e Cinemas de Verdade (RJ) também figuraram entre os mais assistidos. Todos os curtas permanecem disponíveis no site do festival, divididos nas categorias documentário, ficção, experimental, animação, infantil e produções do Distrito Federal.
Festival Taguá de Cinema
Com o tema do retorno às origens do audiovisual como ferramenta de expressão e crítica social, o Festival Taguá de Cinema chega à sua 18ª edição entre os dias 19 e 22 de novembro, no Cine Teatro do Centro de Ensino Médio Taguatinga Norte (CEMTN), no Distrito Federal. A programação contará com exibições presenciais, debates, mostras especiais e encontros.
Segundo o idealizador do evento, William Alves, o número de inscritos superou todas as expectativas. “Atingimos o limite máximo de 500 filmes seis dias antes do encerramento das inscrições. Isso confirma o alcance nacional e o vigor da produção independente”, destaca.
As obras vieram de todas as regiões do país: Sudeste (219), Nordeste (117), Centro-Oeste (71), Sul (71) e Norte (23). Os estados com maior número de inscrições foram São Paulo (104), Rio de Janeiro (66) e Distrito Federal (44), consolidando o Taguá como um dos festivais mais abrangentes do Brasil.
Os temas também refletem a diversidade e a força do cinema contemporâneo: infância e juventude (154 filmes), questões de gênero (144) e movimentos sociais (136) estão entre os mais recorrentes. Outros assuntos, como racismo, patrimônio cultural e especulações sobre o futuro, reforçam o compromisso do evento com a pluralidade de olhares e o enfrentamento das desigualdades.
Um festival de resistência
Criado em 1998, o Festival Taguatinga de Cinema tornou-se referência nacional em experimentação e resistência cultural. Em quase três décadas de história, transformou telas em trincheiras e filmes em ferramentas de transformação, dando voz a narrativas vindas das periferias, quilombos, aldeias e ruas — espaços onde o cinema nasce como gesto político e poético.
“O Festival segue fiel à sua essência: ser território de resistência, de vozes plurais e da arte feita longe dos grandes centros. E, como sempre, dá protagonismo ao público”, finaliza William Alves.
Serviço
18º Festival Taguá de Cinema
Quando: 19 a 22 de novembro
Onde: CineTeatro do CTNM, Taguatinga Norte (DF)
Entrada gratuita