Após conquistar público e crítica em festivais nacionais e internacionais, o longa-metragem A Natureza das Coisas Invisíveis, primeiro filme da diretora Rafaela Camelo, estreia nos cinemas brasileiros no dia 27 de novembro, dentro do projeto Sessão Vitrine Petrobras, voltado à difusão do cinema independente nacional. O trailer oficial acaba de ser lançado.
A produção foi destaque em importantes eventos do circuito internacional, passando pela Seção Generation Kplus do Festival de Berlim 2025, voltada a obras que exploram o olhar da infância e juventude. Entre os prêmios recebidos, estão Melhor Roteiro no 9º Santander International Film Festival – Opera Prima Competition, Melhor Filme do Júri Infantil no 43º Festival Internacional de Cinema do Uruguai, Menção Especial do Júri na competição ibero-americana do 51º Festival de Seattle (SIFF) e o prêmio Outstanding First Feature no Frameline49 – Festival Internacional de Cinema LGBTQ+ de São Francisco.
No Brasil, o longa teve estreia nacional no 53º Festival de Gramado, onde conquistou três prêmios: Prêmio Especial do Júri, Melhor Atriz Coadjuvante (Aline Marta Maia) e Melhor Trilha Sonora (Alekos Vuskovic). A obra também encerrou o 58º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, integrou a 49ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e, em novembro, participa da competição oficial do Festival Mix Brasil.
Amizade, despedidas e descobertas
Filmado entre o Distrito Federal e o interior de Goiás, A Natureza das Coisas Invisíveis é um coming of age sobre amizade, luto e o mistério da vida. Durante as férias de verão, Glória e Sofia, duas meninas de dez anos, se conhecem em um hospital e, unidas pelo desejo de fugir daquele ambiente, embarcam em uma jornada de descobertas e despedidas, atravessando temas como morte, identidade e afeto.
Para a diretora, o filme nasce de uma curiosidade que a acompanha desde a infância. “Guardo uma lembrança muito nítida de, quando criança, sentir curiosidade sobre a morte e, ao mesmo tempo, me sentir estranha por isso. Havia perguntas que eu não tinha liberdade de fazer”, conta Rafaela.
Essa inquietação infantil estrutura a narrativa, dividida em duas partes — uma ambientada no hospital e outra em um refúgio no interior goiano.“É como se o próprio filme precisasse morrer para outro nascer. Essa transição é a metáfora central da história”, explica.
A trajetória de Sofia conduz boa parte da narrativa e aborda, de maneira delicada, a questão da identidade de gênero. “O luto de Sofia é também uma despedida simbólica de uma identidade que já não existe. Quis apresentá-la como qualquer outra criança — curiosa, esperta, cheia de desejos e medos, antes de qualquer rótulo”, afirma a cineasta.
Rafaela destaca ainda o sentimento de retorno ao público brasileiro após o circuito internacional.“Mesmo com elementos muito brasileiros, o filme tem se comunicado com pessoas de diferentes países. Falar sobre a morte a partir da beleza de estar vivo parece tocar profundamente o público. Mostrá-lo agora no Brasil é compartilhar essa história com quem ela, de certa forma, sempre pertenceu”, celebra.