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Velejadores especiais no Lago Paranoá

A competição terá oito atletas, que irão velejar a partir das 8h de amanhã (26) no Clube Nipo

Marcus Eduardo Pereira

24/10/2019 20h21

Pedro Marra
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As águas do Lago Paranoá irão receber o Campeonato do Distrito Federal de Vela Adaptada amanhã (26). A competição, voltada para pessoas com deficiência física, ocorrerá no Clube Nipo, no Setor de Clubes Esportivos Sul. Oito atletas disputarão a Classe Hansa 2.3 pelas categorias feminina, com três velejadores, e a masculina com cinco.

Serão realizadas até sete regatas, sendo válido o campeonato após a realização de três regatas, e vencerá o atleta que obtiver o menor número de pontos perdidos, valendo-se todos do descarte do pior resultado.

Iracema Ferreira, 52 anos, será uma das atletas da categoria feminina no campeonato do DF deste sábado. Ela foi diagnosticada com poliomielite e raquitismo aos três anos. Mas em agosto de 2016, ela entrou para o projeto Vela para todos, da Federação Brasiliense de Vela Adaptada (FBVA), onde encontrou nas aulas como forma de incentivo para enfrentar a deficiência e uma depressão à época.

“A vela me proporcionou maiores desafios. Me sinto uma pessoa mais independente e fortalecida através do projeto. O fato de estar com outras pessoas velejando e socializando passa uma maior segurança para enfrentar maiores desafios como atleta também. E a vela tem esse lado bom de trabalhar o raciocínio, tanto mental quanto corporal”, comenta.

Fotos: arquivo pessoal

A maranhense de Vitorino Freire é a atual vice-campeã brasiliense da modalidade. E o primeiro primeiro campeonato de Iracema na vela foi em 2016, pelo Brasileiro, quando ficou em 2º lugar, justamente na categoria em disputa neste sábado: a Hansa 2.3.

Ela ainda tem no currículo um 9º lugar entre mais de 100 competidores na categoria aberta (atletas com e sem deficiência) do mundial da Espanha, em agosto deste ano. “Meu ponto forte é a rapidez. E gosto do Hansa 2.3 porque foi o primeiro barco que aprendi a velejar. Como toda competição a gente gera uma expectativa, mas também com frio na barriga porque é um desafio muito grande. A gente não sabe o que pode acontecer, como vai estar o vento no sábado. Eu quero vencer e vou dar o meu melhor”, vibra.

Autoestima

Um dos organizadores do Vela para todos é o advogado Estevão Lopes, 41 anos. Nascido em Brasília, hoje ele é cadeirante por conta de uma bala perdida em março de 2012. “Fiz uma reabilitação no Hospital Sarah Kubitschek e me apresentam alguns esportes. O que me identifiquei foi a vela. Me apaixonei e quis para minha vida toda, porque tem a questão da autoestima”, conta.

Estevão é bicampeão brasileiro de vela adaptada, tetracampeão brasiliense da modalidade e em outubro de 2018, ele ficou entre os 10 melhores do mundo na classe aberta do mundial, em Hiroshima, no Japão. “Quando você é atleta de alto rendimento, você quer ganhar todos os campeonatos. Vou dar o meu melhor para o campeonato brasiliense. A minha intenção é de ir para ganhar”, declara.

Além dos troféus para os três primeiros colocados, o evento definirá os vencedores que irão garantir a Bolsa Atleta 2020, do Governo do Distrito Federal (GDF). Segundo o Presidente da FBVA, Mauro Osorio, a entidade ultrapassa o papel esportivo, virando um projeto social na vida das pessoas com deficiência.

“A modalidade ainda é muito pequena e tem um viés muito social. Muitos dos que velejam por questão de terapia, tanto que atendemos crianças cegas, com déficit intelectual, autismo ou síndrome de down. Só no ‘Vela para todos’ temos 65 alunos aptos a participar de competições. Nós que fornecemos os equipamentos. Então, ao mesmo tempo que somos federação, somos um projeto social”, orgulha-se.

“Teremos um campeonato brasileiro em janeiro de 2020, e vai ser uma seletiva para o campeonato mundial na Califórnia”, adianta o presidente Osorio.

O Campeonato do Distrito Federal da Vela Adaptada é organizado pela Federação Brasiliense de Vela Adaptada, e conta com o apoio do Clube Cultural e Recreativo Nipo-Brasileiro, da Capital do Remo, do Comitê Paralímpico Brasileiro e tem o patrocínio do Banco de Brasília e do Instituto Bancorbrás.

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