O skate vive um momento de valorização global — desde sua inclusão nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020 — e no Brasil a realidade não é diferente. No Distrito Federal, essa ascensão ganhou terreno firme com a inauguração, há dois anos, da primeira pista pública profissional, localizada na Octogonal. Desde então, o espaço tem atraído praticantes de diversas regiões e fomentado o surgimento de novos talentos, como o jovem Renatinho, de 17 anos, que sonha em se tornar campeão olímpico.
O Skate Park ocupa a Área Especial 3/8 da Octogonal, no lugar de uma antiga pista conhecida como “Sukata”, por conta das más condições de uso. A reconstrução foi executada pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), com investimento de R$ 712,8 mil, e seguiu padrões exigidos pela federação da modalidade, garantindo que o local atendesse a competições de alto nível.
“Aqui você tem não só moradores do Sudoeste, Octogonal e Cruzeiro, mas também atletas que vêm da Ceilândia, do Gama, de Planaltina. É uma pista que dá condições para competir nacional e internacionalmente”, afirma o administrador regional do Sudoeste e Octogonal, Reginaldo Sardinha.
Com projeto assinado pelo arquiteto e skatista Márcio Comas, o espaço passou de 1,2 mil m² para 1.648 m² e agora abriga duas pistas: uma delas voltada para a prática de bowl, um estilo ainda pouco explorado no DF. Para muitos atletas, essa estrutura representa um novo patamar. “Era uma pista cheia de buracos, rachaduras. Agora consigo evoluir muito mais”, relata Renatinho, morador do Cruzeiro. Seu pai, Mauro de Moura, reforça: “Hoje os atletas de Brasília têm como competir em pé de igualdade com os de outros estados”.
A transformação também motivou skatistas de outras regiões. Gustavo Tsuyoshi Karino, de Taguatinga, passou a frequentar a pista após a reforma e expandiu sua prática. “Antes, não me animava a vir. Depois que reformaram, comecei a andar em bowl, algo que nunca tinha experimentado”, diz.
Além de fomentar o esporte, a pista movimenta o entorno e fortalece o setor. O skatista e empresário Walter Junior, com 28 anos de atuação, vê impactos positivos. “Essa é a primeira pista nesse estilo em Brasília. A gente sente o crescimento da cultura do skate. Já atraímos atletas de outros estados e podemos entrar no calendário oficial de competições nacionais”, avalia.
Esse avanço já começa a se concretizar. Em julho, Brasília sediou pela primeira vez uma etapa da Street League Skateboarding (SLS), a principal liga de skate street do mundo. Com apoio de R$ 2,5 milhões do Governo do Distrito Federal, o evento ocupou a Esplanada dos Ministérios e contou com nomes como Rayssa Leal e Felipe Gustavo, ídolo local nascido no Guará.
Enquanto o cenário cresce, jovens como Renatinho vislumbram o futuro. “Planejo me profissionalizar, competir fora do Brasil e ser campeão olímpico”, projeta o estudante, que já disputa campeonatos como a Liga Amadora de Bowl (LAB).
Com estrutura, incentivo e paixão sobre quatro rodas, o skate vai consolidando seu espaço em Brasília — dentro e fora das pistas.
Com informações da Agência Brasília