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Futebol

Seleção esbarra no aprendizado dos africanos

Arquivo Geral

05/08/2016 6h08

Kleber Lima

Eric Zambon
eric.zambon@jornaldebrasilia.com.br

O empate em 0 x 0 que a África do Sul segurou diante do Brasil, ontem, no estádio Mané Garrincha, começou a ser construído em 27 de março deste ano. Na ocasião, o time olímpico brasileiro aplicou 3 x 1 nos Amaglug-glug (apelido do time olímpico sul-africano), marcando dois gols em jogadas de bola parada antes dos 20 minutos de partida. Menos de cinco meses depois, e reforçado por Gabigol e Neymar no ataque, a expectativa da seleção era iniciar a caminhada rumo ao ouro inédito com triunfo, a exemplo do feito de antes. Se não aconteceu, o mérito é todo do adversário.

O técnico Owen da Gama leu bem o estilo de jogo brasileiro e compôs o elenco para a estreia baseando-se nos erros cometidos no passado. “Foi muito importante estarmos compactos e termos defendido coletivamente”, salientou. Ele garantiu que a presença do goleiro Khune, de 29 anos, e do zagueiro Mathoho, de 28, entre os convocados acima do limite de idade para o torneio não foi por acaso. O arqueiro praticou três grandes defesas para garantir o zero no placar enquanto o defensor cortou todas as bolas alçadas na área.
“Quando a bola não chegava ao goleiro deles era porque tinha o zagueiro, que tirou muitas bolas ali. E quando passava, o goleiro pegava”, elogiou Marquinhos, no pós-jogo. O atleta brasileiro, também forte no jogo aéreo, não conseguiu ganhar uma disputa pelo alto, assim como Gabriel Jesus.

Primeira seleção a chegar a Brasília, em 24 de julho, os sul-africanos optaram por iniciar a preparação mais cedo para aclimatação e adaptação à rotina de treinos. Alguns jogadores, como a estrela do time, Keagan Dolly, e os veteranos Khune e Mathoho, se juntaram aos demais a menos de uma semana na estreia, mas se entrosaram rapidamente. Eles fizeram apenas um jogo-treino contra o time amador da PM antes de entrar em campo, mas foi o suficiente para ganharem ritmo de jogo.

Na partida diante do Brasil, a diferença de postura da defesa composta por Mobara pela direita, Rivaldo Coatzee e Mathoho na zaga, e Deolin na lateral esquerda foi gritante em relação à que concedeu três gols no amistoso de março. Com potencial ofensivo, o lateral Mobara se deu muito bem marcando Neymar, inclusive tirando a bola do pé do craque com um carrinho preciso, dentro da área.

“Vi dois jogadores dificultarem o jogo para Neymar na minha vida. Juanfran, do Atlético de Madrid, e Philip Lahm, do Bayern de Munique. Hoje eu vi Mobara”, exaltou o treinador da Gama, que reforçou a confiança em cada um de seus companheiros. “Khune teve problemas com lesões, mas ainda é o melhor goleiro da África do Sul. Mathoho é um jogador que eu tive nas categorias de base durante meu tempo de treinador na África e eu conheço ele de infância”, revela o professor.

Mudanças nos dois times

A válvula de escape do time, porém, foi o meio-campista de 23 anos Keagan Dolly. Ele chegou a ser comparado a Neymar pelo treinador sul-africano, mas preferiu enaltecer a garra de seus companheiros a falar de si. “Brasil é um time de qualidade. Eles jogam em alto nível, então sabíamos que defendendo como um time nós teríamos alguma chance”, explicou.

Responsável pelos chutes mais perigosos contra a meta de Weverton, Dolly lamentou a expulsão do volante Mvala, a 15 minutos do segundo tempo. “A decisão do árbitro é final. É desapontador, mas é parte do futebol. Absorvemos a pressão”, resignou-se.

Com a defesa sólida e o meio campo bem postado para contra-ataques, o sistema ofensivo sul-africano só não vazou o Brasil porque o time canarinho também não descuidou lá atrás. O solitário atacante Mothiba, que ganhou a companhia do grandalhão Morris ao longo do jogo, incomodou a Rodrigo Caio e Marquinhos com seus arranques e controle de bola, mas não teve chances claras de marcar. Após a expulsão de Mvala, ambos os atacantes se limitaram a ajudar na marcação de meio-de-campo.

Ao fim do jogo, em meio às vaias da torcida brasileira, havia 18 sorrisos em campo, quer dizer, 19, se contarmos com o do treinador. Os sul-africanos aplicaram toda a disciplina tática que os levaram até a competição e aprenderam com a derrota no amistoso. O Brasil, por outro lado, teve dificuldades de encaixar tabelas e jogadas trabalhadas, mesmo com um sistema ofensivo repleto de estrelas.

Para os próximos jogos, tanto Brasil quanto África do Sul devem mudar de postura. Segundo o zagueiro Marquinhos, o aproveitamento no ataque tem de ser trabalhado. “Depende de nós fazer um bom jogo e concretizar as oportunidades em gols, como foi contra o Japão”, projetou. Já o meio-campista Dolly acredita que o time terá mais liberdade. “Brasil é um time de qualidade que mantém a bola, então as oportunidades que eles tem eles geralmente aproveitam. Contra a Dinamarca será outra estratégia”, adianta.

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