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Torcida

Nova determinação da CBF sobre imposto na venda de ingressos reduz faturamento dos clubes

Para fins de relatório financeiro e cobrança de taxas, o valor de qualquer desconto de ingressos que ultrapasse o preço da meia-entrada

Redação Jornal de Brasília

05/04/2023 17h09

Foto: Reprodução/Instagram

Aprovado em reunião realizada no dia 14 de fevereiro, o novo Regimento Geral de Competições (RGC) impôs aos clubes participantes das disputas nacionais organizadas pela CBF um custo extra, não previsto no orçamento inicial para a temporada 2023 e cujo impacto só foi percebido semanas após sua determinação, através de conversas entre os executivos e diretorias dos principais clubes do Brasil, quando as contas começaram a ser feitas. Na prática, com a nova lei, os clubes estão deixando de arrecadar.

A nova regra impõe custos aos clubes. Assim como já acontecia no Rio, a CBF passou a desconsiderar, para fins de relatório financeiro e cobrança de taxas, o valor de qualquer desconto de ingressos que ultrapasse o preço da meia-entrada, o que impactará diretamente no faturamento dos times com bilheteria ao longo do ano, principalmente para os clubes que oferecem grandes descontos em seus programas de sócio-torcedor, como Vasco, Flamengo, Palmeiras, Internacional, Grêmio, Bahia e outros da Série A do Campeonato Brasileiro.

A determinação vale para todos os jogos das competições organizadas pela CBF. Caso o regulamento se mantenha (os clubes pedem uma revisão da nova regra), as agremiações serão obrigadas a rever seus programas com a torcida. Em outras palavras, os descontos oferecidos serão menores.

Um exemplo disso – e preocupação para os presidentes de clubes – aconteceu na recente partida em que o Vasco atuou como mandante, em São Januário, pela Copa do Brasil. Apesar de ter arrecadado a maior renda em bilheteria dos últimos cinco anos no duelo com o ABC, pela segunda fase da competição, o time carioca teve resultado líquido negativo.

Da renda bruta de R$ 1.090.015,00, após se considerar uma diferença entre a renda publicada e a renda real auferida superior a R$ 600 mil, mais os pagamentos feitos ao ABC baseados na renda “simulada” da CBF, o saldo final da partida ficou em R$ 288.906,53 negativos – valor somatório da renda real obtida, menos os custos operacionais e valor pago ao ABC (divisão de renda nessa etapa do torneio).

Isso ocorre porque, pelo novo regulamento, a diferença do valor a ser pago terá de constar no borderô dos jogos, aumentando a renda bruta e, consequentemente, a taxa de 5% para a federação local e mais 5% ao INSS, ambas incidindo sobre a arrecadação da bilheteria. Portanto, os clubes que possuem em seus planos de sócio-torcedor categorias com descontos acima de 50% no valor do preço comum dos ingressos terão de pagar a diferença de cada bilhete retirado no valor promocional. Até meia entrada, fica como sempre foi. Com descontos maiores de 50%, os clubes terão de arcar com as taxas dos impostos.

Vasco, Fluminense, Botafogo, Palmeiras, Grêmio, Internacional e Bahia, que chegam a oferecer descontos de até 100% nas principais categorias de seus planos através do sistema de check-ins, terão de acrescer no borderô das partidas em que forem mandantes metade do valor de cada ingresso que não estão sendo cobrados.

“Desde o ano passado, realizamos estudos acerca de todas as nossas áreas e produtos. Os estudos do Programa Sócio Gigante mostraram que algumas regras de negócio presentes nos planos atuais não convergem com esse novo momento. O Regimento da CBF veio para validar ainda mais o nosso estudo. Nós vamos subsidiar esses descontos e estamos adequando nossos produtos para sofrermos o menor impacto possível. É importante salientar que os planos atuais continuarão válidos, respeitando o prazo de contratação pelo torcedor”, disse Caetano Marcelino, diretor comercial do Vasco. Isso quer dizer que o clube vai rever sua oferta, de modo a parar a sangria depois do novo imposto da CBF. O que a entidade regulamentou é o desconto da carga total dos ingressos pelo valor que eles são cobrados.

O tema passou a ser discutido de maneira mais aprofundada pelos clubes semanas após a aprovação do Regimento, quando os executivos do futebol passaram a fazer contas e constataram que, no fechamento do exercício anual, a queda na arrecadação de alguns poderá chegar a até R$ 10 milhões. Por isso, estudam um jeito de pressionar a CBF a mudar o regulamento. Novas discussões serão chamadas entre as partes. Vale lembrar que neste mês a Copa do Brasil entra em seu terceira fase, com a participação de todos os 32 clubes ainda vivos na disputa, e o Campeonato Brasileiro faz também seu primeira rodada.

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