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Ministério Público de Milão envia mandado de prisão internacional para Robinho

O jogador foi condenado a nove anos de prisão por praticar violência sexual contra uma jovem de 23 anos em uma boate em Milão

Redação Jornal de Brasília

15/02/2022 11h15

Foto: AP Photo/Antonio Calanni

O Ministério Público de Milão encaminhou ao Ministério da Justiça um pedido de extradição e um mandado de prisão internacional ao jogador de futebol Robinho. O Brasil ressalta que não é permitido a extradição de seus cidadãos, mas que a medida pode possibilitar que o jogador seja preso caso opte por deixar o país rumo a outros destinos.

O jogador foi condenado definitivamente a nove anos de prisão por praticar violência sexual contra uma jovem de 23 anos em uma boate em Milão, juntamente com seu amigo Ricardo Falco, em janeiro de 2013. Em janeiro deste ano, o Supremo Tribunal da Itália confirmou a decisão do Tribunal de Justiça de Milão, tomada no fim do ano passado.

O julgamento acontenceu neste ano, no dia 19 de janeiro, na Corte de Cassação de Roma, que no ordamento jurídico italiano equivale ao Supremo Tribunal Federal no Brasil.

Na época, Robinho e os advogados apresentaram um último recurso, que foi negado pela corte italiana.

Os foram relacionados ao artifo “609 bis” do código penal italiano, que diz sobre a participação de duas ou mais pessoas reunidas para o ato de violência sexual ao forçar alguém a manter relações sexuais por sua condição de iferiorade “física ou psíquica”.

O nome da vítima foi preservado no processo, no entanto, de acordo com ela, a moça foi embrigada e abusada sexualmente por seis homens enquanto estava inconsciente.

A defesa dos brasileiros afirma que a relação foi consensual.

Além da idenização de 60 mil euros (aproximadamente R$372 mil), Robinho também terá de passar nove anos de reclusão confirmados.

Entenda o caso

A violência contra a jovem aconteceu em uma conhecida boate em Milão, a Sio Café, na madrugada do dia 22 de janeiro de 2013. Naquela época, Robinho era um dos principais jogadores do Milan. Além dele e de Falco, outros quatro brasileiros, de acordo com a denúncia da Procuradoria da cidade, participaram do abuso sexual contra a mulher de origem albanesa.

Os outros quatro brasileiros, amigos do jogador que o acompanhavam no exterior, deixaram a Itália ainda durante a investigação e não foram acusados, somente citados nos autos.

Amigos do jogador que o acompanhavam no exterior, os outros quatro brasileiros deixaram a Itália durante a investigação e não foram acusados, sendo apenas citados nos autos.

Naquela noite, a vítima que já residia na Itália há alguns anos, foi com uma amiga à boate para comemorar seu aniversário de 23 anos. No final desta semana, completará 32.

A violência contra ela ocorreu dentro do camarim do local.

Desde que a jovem albanesa denunciou o estupro coletivo, há nove anos, dezenas de episódios semelhantes ganharam destaque na Itália, alguns deles envolvendo filhos de políticos.

Segundo um balanço do judiciário realizado pelo equivalente ao IBGE italiano, os acusados são em majoritariamente jovens entre 20 e 25 anos. Robinho tinha 29 anos quando foi acusado do crime.

Com a autorização da Justiça, escutas foram instaladas no carro que o jogador usava na Itália e confirmaram, segundo afirma uma juíza que participou do julgamento em primeira instância, a versão da vítima que de houve violência sexual contra uma mulher inconsciente. “A mulher estava completamente bêbada”, disse Robinho em uma das conversas gravadas.

A primeira condenação de Robinho e de Ricardo Falco foi em novembro de 2017.

À época, o ex-jogador do Santos jogava no Atlético-MG. Ele deixou a Itália em 2014, quando foi convocado a depor no inquérito que apurava o crime – o jogador negou a acusação, mas confirmou que manteve relação sexual com a mulher, afirmando que foi consensual e sem outros envolvidos.

No caso de Falco, uma perícia encontrou a presença de seu sêmen nas roupas da jovem.

Em dezembro de 2020, no julgamento realizado na segunda instância, a Corte de Apelação de Milão manteve a condenação inicial de nove anos de prisão. As três juízas responsáveis pela sessão enfatizaram o “particular desprezo” de Robinho com a vítima, que foi “brutalmente humilhada”, e o que hoube uma tentativa de enganar a Justiça italiana com uma “versão dos fatos falsa e previamente combinada” com os outros envolvidos.

Em outubro de 2020, Robinho chegou a ser anunciado pelo Santos, mas não entrou em campo pelo clube, já que teve seu contrato suspenso e posteriormente encerrado.

Reconstituição do crime

De origem albanesa, a vítima reconstituiu para a Justiça o dia 21 de janeiro de 2013, quando foi a boate Sio Café para comemorar seu aniversário ao lado de duas amigas. No dia em questão, a programação do local era dedicada a música brasileira.

Conforme o depoimento, na noite do crime, a moça disse que foi ao local convidada por um dos amigos de Robinho, no entanto, pelo convite via SMS informou a ela que só deveria se aproximar da mesa depois que a mulher do jogador fosse embora.

No momento em que isso aconteceu, ela e as amigas foram de encontro ao grupo de brasileiros, que posteriormente contou com a presença de Ricardo Falco.

Segundo a vítima, os brasileiros ofereceram várias bebidas alcoólicas, entretanto, somente ela bebeu, já que uma das amigas era gestante e a outra estava dirigindo.

Por volta de 1h30 da madrugada, as amigas da moça foram embora da boate e uma delas se comprometeu a voltar para busca-la.

A vítima dançou com os brasileiros e, sem ar e tonta, contou que foi até uma área externa da boate, momento, então, que um dos amigos do jogador de futebol, tentou beijá-la. Pouco tempo depois, ambos foram para o camarim, onde o mesmo homem continuou a tentar beijar a moça.

A mulher admitiu que daquela noite, possui somente “alguns flashes”, e acrescentou que não estava em condições de “falar”, muito menos de “ficar em pé”. De acordo com suas recordações, ela ficou sozinha por uns minutos e “percebeu” que o mesmo amigo e Robinho, estavam “se aproveitando” dela.

Feitas com a autorização da Justiça, diversas gravações de ligações telefônicas entre os acusados, foram transcritas na sentença. Um dos registros mais decisivo para a condenação em primeira instância, foi uma conversa entre Ricardo Falco e Robinho, que indicou que os envolvidos tinham plena consciência do estado da vítima.

Dos presentes da boate de Milão, o único que cumpriu com a pena aplicada pela Justiça foi o músico brasileiro Jairo Chagas, que vive na Itália há anos e que naquela noite estava tocando no Sio Café. Conforme a reconstituição feita pela Procuradoria, o crime teria acontecido no camarim do músico.

Ele foi condenado por falso testemunho à justiça italiana. Em uma das gravações, Jairo disse, por telefone, a Robinho que presenciou o momento em que o jogador “colocava o pênis dentro da boca dela”.

No entanto, o músico disse em depoimento que não viu cenas de sexo naquela noite.

Entre 2018 e agosto de 2021, Jairo fez serviço comunitário uma vez por semana, cuidando de pessoas idosas em uma casa de repouso e limpando praças e creches na região de Milão.

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