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Futebol

Jefferson, do vôlei de praia, quer montar um prédio 233 no Catar

Arquivo Geral

13/08/2016 11h46

Josemar Gonçalves

Roberto Wagner
Enviado especial do Jornal de Brasília

É o caso típico daquelas ironias do destino. Uma sexta-feira, dia sagrado para o povo que segue o islamismo, foi a data em que o carioca Jefferson Santos Pereira, 26 anos, viveu intensamente sua partida mais importante da vida no vôlei de praia. Representante do Catar desde 2012, quado foi naturalizado, – e por isso não pode nem treinar às sextas – ele e o companheiro de quadra, o senegalês Younousse Cherif, se despediram dos Jogos Olímpicos do Rio nas oitavas de final ao serem derrotados pelos russos Krasilnikov e Semenov.

A derrota por 2 sets a 0 é um mero detalhe. A emoção vivida por Jefferson era impensável quando fez a escolha de trocar seu país natal por uma aventura no mundo árabe.

O acaso trouxe de volta o carioca ao Rio de Janeiro. Com o uniforme do Catar, ele esteve em casa como qualquer outro brasileiro. A torcida, quase 10 mil pessoas, era toda para ele e Crerif. Uma bandeira grande aberta sobre a arquibancada fez Jefferson balançar. “Ali estavam meus amigos de infância. Desde pequeno, eles sempre me apoiaram. Eu abdiquei da minha infância toda treinando e jogando desde pequeno. Enquanto meus amigos estavam se divertindo, eu estava treinando e estudando. Eles entendiam eu estar com eles em poucos momentos”, conta o brasileiro, visivelmente emocionado.

Por pouco menos de uma hora na Arena Copacabana, ele esteve de volta ao passado na Praça Seca, em Jacarepaguá. Mais precisamente num tal prédio 233.

“A gente morava num prédio 233, aí a galera teve a ideia de criar a torcida 233, que foi ótimo. Dá até vontade de chorar quando eu lembro. Foi emocionante”, reconhece Jefferson.

Ao fazer história no Rio de Janeiro em nome do Catar, o brasileiro agora sonha mais alto. Ele quer se tornar um embaixador do vôlei de praia no país árabe. “Fizemos uma coisa histórica para o Catar. O que eu quero para o esporte no Catar é que ele cresça. Quero ver crianças praticando e gostando desse esporte”, projeta Jefferson. “Fui só o primeiro (a jogar lá), mas temos que levar mais gente para lá. O Brasil tem 20 duplas de homem no vôlei de praia, nós temos só duas. Foi quase um milagre”, completa.

A jornada de Jefferson e Cherif, de fato, tem tudo para fazer história. Na tarde da sexta-feira, vários membros do comitê do esporte do Catar estavam assistindo ao protagonismo da dupla. A principal TV árabe também estava presente. “No início, a repercussão era mínima. Acho que vai começar a melhorar”, espera o brasileiro.

Para chegar à Olimpíada do Rio, Jefferson e Cherif trabalharam duro durante dois anos. Eles ficam no Rio até o dia 20, quando voltam para o Catar, em busca de novas conquistas.

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