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Golpeada pela pandemia, receita da NCAA tem queda de US$ 600 milhões

A NCAA planejava distribuir US$ 600 milhões às suas conferências da primeira divisão, mas acabou desembolsando menos da metade disso

Redação Jornal de Brasília

29/01/2021 10h11

A pandemia do coronavírus trouxe um buraco de US$ 600 milhões na receita da NCAA no ano fiscal mais recente, um impressionante indicativo de como o vírus obrigou a indústria americana dos esportes universitários a fazer um acerto de contas em um momento em que esta já se encontrava sob os olhares atentos de legisladores e autoridades em todo o país.

Os membros do conselho da NCAA foram informados em reunião por vídeo realizada este mês que a decisão tomada em março de cancelar o torneio de basquete masculino custou à associação US$ 702 milhões em direitos de marketing e televisão. E ainda que a NCAA tenha recuperado cerca de US$ 270 milhões graças ao seguro e tenha gasto aproximadamente US$ 473 milhões a menos, a associação ainda teve prejuízo de quase US$ 56 milhões durante o ano fiscal encerrado em agosto, de acordo com minutas da reunião.

A NCAA planejava distribuir US$ 600 milhões às suas conferências da primeira divisão no ano passado, mas acabou desembolsando menos da metade disso.

Em entrevista realizada esse mês com o New York Times, Mark Emmert, presidente da associação, mencionou uma série de mecanismos financeiros de segurança, incluindo reservas e linhas de crédito, além de cortes no orçamento que levaram a NCAA a operar com uma equipe cerca de 25% menor do que há um ano.

“Com isso, estamos bem”, disse Emmert, que fez uma pausa antes de completar: “Estamos oferecendo os serviços necessários. Nem sempre com a agilidade que gostaríamos, mas o resultado está vindo”.

Emmert, que passou os meses mais recentes supervisionando rescisões, aposentadorias antecipadas, dispensas, cortes orçamentários e congelamento de salários e contratações, disse que, no momento, os líderes da associação não “contemplam” outra redução na distribuição para as ligas da NCAA, que por sua vez compartilham o dinheiro com as universidades integrantes.

“Estamos vivos e bem”, disse Emmert. “O mais importante é voltar a sustentar as universidades da maneira que elas precisam e com a qual estão acostumadas.”

A pandemia começou em um momento em que a NCAA era pressionada nos tribunais e, principalmente, no congresso e nas assembleias estaduais, onde os legisladores se mostravam cada vez mais hostis aos limites impostos ao lucro que os estudantes atletas podem obter com a própria fama.

Esperava-se que a NCAA aprovasse novas regras este mês, mas os planos sofreram um atraso quando o departamento de justiça expressou suas ressalvas nos últimos dias do governo Trump. O atraso frustrou os legisladores – e pode ter despertado o interesse em uma lei federal para questões ligadas a nome, imagem e semelhança – mas funcionários da NCAA insistem que a associação ainda vai agir.

Em meio a longas batalhas políticas e suas implicações possivelmente profundas para o modelo de negócios do esporte universitário que usa estudantes como atletas amadores, os abruptos problemas financeiros da NCAA se tornaram uma questão urgente para a indústria a partir de março.

No ano fiscal anterior à pandemia, a NCAA teve receita de mais de US$ 1,1 bilhão, principalmente com os direitos de marketing e transmissão do torneio de basquete masculino de 2019. A organização teve lucro de quase US$ 71 milhões e encerrou o ano com US$ 450 milhões em patrimônio líquido.

Já no fim do ano fiscal encerrado em agosto de 2020, de acordo com demonstrativo financeiro obtido pela reportagem, a NCAA teve o patrimônio líquido reduzido para cerca de US$ 394 milhões. O dinheiro obtido com o seguro representou mais da metade da receita de US$ 519 milhões.

E apesar de as obrigações da associação terem explodido de aproximadamente US$ 161 milhões para US$ 307 milhões, os auditores disseram que a NCAA poderia disponibilizar rapidamente para si cerca de US$ 641, principalmente graças ao seu vasto portfólio de investimentos.

Os membros do conselho foram informados esse mês que, no primeiro trimestre do ano atual, a receita estava cerca de 4% abaixo da observada um ano antes, mas as despesas foram cortadas em 15%.

Ainda que funcionários da NCAA se preparem para uma contínua queda na receita dos campeonatos, eles seguem adiante com os planos para o torneio de basquete masculino, principal fonte de renda do grupo.

Os organizadores defenderam enfaticamente e repetidas vezes o cancelamento no ano passado, decisão que, que de acordo com os auditores, teria custado à NCAA mais de US$ 800 milhões se incluída a venda de ingressos. O seguro para o campeonato de 2021 já foi contratado. Mas os executivos sabem muito bem que outro ano de receita perdida nos campeonatos aumentaria muito os problemas financeiros da associação.

Em uma tentativa de realizar o torneio de alguma forma, os funcionários cancelaram as partidas entre adversários distantes previstas para março e anunciaram que o campeonato inteiro seria realizado entre março e abril em Indiana. Jogadores, treinadores, funcionários e outras pessoas essenciais para o campeonato terão de apresentar um teste negativo para o vírus por sete dias seguidos antes de chegarem a Indianápolis, e o uso de máscaras será obrigatório a não ser durante a alimentação, os treinos e as partidas, ou nos momentos de solidão no quarto de hotel.

A NCAA disse na semana passada que o início do campeonato seria atrasado até 18 de março, dois dias além do inicialmente planejado. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Estadão Conteúdo

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