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Torcida

C’est Brésil! Seleção vira sobre a França e está na final do Mundial Sub-17

Decisão de domingo repete final de 2005, quando o México conquistou seu primeiro título no campeonato

Marcus Eduardo Pereira

15/11/2019 1h01

Olavo David Neto
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Suado, sofrido e na raça. Assim a Seleção Brasileira igualou uma desvantagem de dois gols e venceu por 3 a 2 para se garantir na decisão do Mundial Sub-17. Kalimuendo-Muinga e Mbuku marcaram para os franceses, enquanto Kaio Jorge, Gabriel Veron e o improvável Lázaro construíram o resultado pelo lado brasileiro. Decisão de domingo repete final de 2005, quando o México conquistou seu primeiro título no campeonato.

Quem assistiu o jogo sentiu o fantasma do 7 a 1 rondar o Bezerrão. Assim como em 2014, o Brasil tomou dois gols relâmpagos que assustaram até o mais fanático torcedor. Mais uma vez, Dalla Dèa optou por deixar Talles Costa no banco e formou o meio campo com dois jogadores ofensivos e só Daniel Cabral na contenção. A ofensiva seleção da França se aproveitou disso e fez um Carnaval na parte central da intermediária brasileira. Os dois primeiros tentos franceses saíram exatamente na região desguarnecida pela formação do Brasil.

Na coletiva de imprensa, Dalla Dèa refutou a estratégia. “Eu não concordo. O Diego é um [camisa] 8, ele faz bem esse papel de contenção, e logo após os gols a gente corrigiu com o Daniel Cabral saindo um pouco mais e o Diego segurando”, comentou o treinador.

Além da carência na parte defensiva, logo depois de tomar os gols o Brasil se jogava ao ataque quando tinha a bola. Por vezes, cinco jogadores encostavam na última linha francesa enquanto o volante Daniel Cabral e os zagueiros armavam jogadas – insistindo com bolas nas costas dos laterais adversários, buscando Veron e Pedro Lucas. No primeira parte do jogo, apenas jogadas individuais levaram perigo ao gol de Zinga.

Já no início do segundo tempo Dalla Dèa alterou a formação da equipe do 4-3-3 para um 3-4-3 ao sacar Pedro Lucas para dar lugar ao zagueiro Garcia. Assim, os laterais Yan Couto e Patryck passaram a atuar como alas, mas sem deixar a defesa desguarnecida. Funcionou, já que o Brasil passou a chegar com mais jogadores no campo de ataque. Após o jogo, Yan comentou ao Jornal de Brasília que está acostumado com a função de ponta.

“Eu jogava ali até o sub-11, e no sub-13 eu recuei para a lateral. O Guilherme [Dalla Dèa] confia em mim para atuar ali, e onde precisar eu jogo”, declarou o camisa 2.

O jogo

Uma partida que começou morno logo ganhou ares de Copa do Mundo quando, aos seis minutos, após chegada da França pelo meio, Aouchiche lançou Kalimuendo-Muinga em profundidade, que dominou, entrou na área e bateu na saída de Donelli. Após consulta ao VAR, o juiz salvadorenho confirmou o gol francês. O Brasil sentiu o gol, e não conseguia sair do campo de defesa no toque de bola. Nas ligações diretas, os franceses cortavam sem qualquer problema.

Ainda nervosa, a Canarinho contou com Yan Couto, que, aos 11’, disparou do campo de defesa, tabelou com Gabriel Veron na entrada da área e foi desarmado. Na sobra, Pedro Lucas bateu mal. Na sequência, Mbuku chapelou Daniel Cabral, tabelou Pembele, invadiu a área, deixou Luan Patrick sem pai nem mãe e marcou seu quinto gol na competição. 2 a 0 França, e desespero brasileiro em campo e nas arquibancadas. O fantasma do 7 a 1 rondava o Bezerrão.


Quando se acalmou, o Brasil começou a se soltar no jogo. Sem espaço na intermediária francesa, restavam as ligações diretas para os pontas. Numa dessas, aos 21’, Veron não conseguiu dominar, mas interceptou a saída de bola francesa e entregou para Kaio Jorge, que bateu fraco, no meio do gol. No minuto seguinte, Veron – sempre ele – tabelou com Diego, invadiu a área no ombro a ombro com o zagueiro francês e, de frente para o goleiro, bateu à esquerda.

O camisa 7 comandava as ações ofensivas da Seleção Brasileira. Neste momento, o Brasil era melhor no jogo e conseguia neutralizar as investidas francesas com marcação alta e pressão nos criadores de jogadas da França. Mas, aos 31’, a França equilibrou as ações e se limitou a rodar a bola no campo de ataque, com raras estocadas e raro perigo ao gol de Matheus Donelli.

Num lampejo de esperança, Yan Couto recebeu belo lançamento na ponta direita e invadiu a área. Logo após o toque, Mbuku chegou de carrinho. O juiz de campo marcou pênalti na hora, mas, depois da checagem no árbitro de vídeo, o salvadorenho voltou atrás. Mesmo sem a penalidade, a confusão inflou os brios do Brasil. Na descida para os vestiários, a Seleção era melhor e a torcida, que acabara de vaiar a equipe de arbitragem, explodiu em aplausos para os meninos.

Questionado sobre o clima entre os jogadores, Dalla Dèa foi taxativo. “Quando se desce para o intervalo perdendo de 2 a 0 é um clima de derrota mesmo, de que já acabou. Primeiro ajustamos a parte tática para depois cuidar do psicológico, dizer que ainda dava para virar, mas que devíamos pensar no primeiro gol”, declarou.

Mesmo com os incentivos do treinador, o Brasil voltou mais calmo dos vestiários, e talvez por isso não conseguia chegar com perigo à área francesa. O toque de bola moroso facilitava a vida da marcação adversária, que apenas ocupava os espaços e esperava os erros brasileiros. Já aos 16’, quando a apreensão virou desespero, João Peglow cobrou escanteio aos 16’, e depois de um pingue-pongue na área bola sobrou para Kaio Jorge completar de cabeça e explodir o Bezerrão de esperança. 2 a 1, e pressão brasileira no Gama. A partir do gol, a Canarinho era toda ataque.

Com um caldeirão armado no Walmir Campelo Bezerra, torcida e time estavam na mesma sintonia, e enquanto as arquibancadas prendiam a respiração nas investidas francesas, a esmagadora maioria dos 13.587 presentes soltavam gritos eufóricos nas subidas do Brasil. Aos 30 minutos, a euforia tomou conta. Depois de cortar um contra-ataque francês, Daniel Cabral engatou a quinta marcha rente à linha lateral, deixou três marcadores para trás e cruzou em cima da linha de fundo. Yan Couto dominou e bateu. O goleiro adversário rebateu com o pé em cima de Gabriel Veron, que chutou por baixo das pernas do marcador e empatou a partida.

Mas, então, a França acordou. Três minutos após o empate, Aouchiche recebeu livre na ponta esquerda da área e bateu com efeito. Donelli espalmou para o lado e Lihadji chegou livre, com o gol aberto, mas chutou na trave. Com jogadas rápidas e bolas alçadas na área, os franceses faziam o Brasil se segurar de qualquer maneira lá atrás.

E no último minuto do tempo regulamentar veio a redenção. Lázaro, que acabara de substituir um exausto Yan Couto, recebeu na ponta direita da área, limpou o zagueiro e bateu no contrapé de Zinga, que nada pôde fazer. Virada emocionante no Bezerrão, e au revoir para uma das favoritas ao título.

Exorcimos?

Na decisão, o Brasil fará frente a um adversário que, 14 anos atrás, tirou a chance do tetracampeonato brasileiro na categoria. O México, que em 2005 enfrentara a Holanda nas semis e bateu os brasileiros por 3 a 0 para levantar o caneco, passou de novo pela “laranja mecânica” – desta vez, nos pênaltis -, e se mostra como outro fantasma no caminho da Seleção Brasileira.

FICHA TÉCNICA
BRASIL 3×2 FRANÇA
ESTÁDIO BEZERRÃO – GAMA – 20h

Árbitro: Ivan Barton (ESL)
Assistente 1: David Moran (ESL)
Assistente 2: Zachari Zeegelar (SUR)
Assistente 3: Mehmet Culum (SUE)

Público: 13.587 pessoas

Amarelos: Matsima, Soppy (França);

França

Zinga; Pembele, Matsima, Kouassi, Soppy; Millot (Hassan), Aouchiche, Ahamada; Mbuku, Kalimuendo-Muinga (Lepenant) e Lihadji

Técnico: Jean-Claude Giuntini

Brasil Donelli; Yan Couto (Sandry), Luan Patrick, Henri, Patryck; Daniel cabral, Diego (Lázaro), Pedro Lucas (Garcia); João Peglow, Veron e Kaio Jorge;

Técnico: Guilherme Dalla Dèa

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