Menu
Torcida

Cem anos de uma história de amor à família e ao esporte

Dona Marisa fez com que parte de sua família se tornasse torcedora do Tricolor das Laranjeiras

Rudolfo Lago

28/01/2020 7h28

Tia Marisa foto: Rudolfo Lago

Cem anos de amor ao Tricolor

Dona Marisa fez com que parte de sua família se tornasse torcedora do Tricolor das Laranjeiras

O ano de 1920 não foi um ano especial de conquistas para o Fluminense. A equipe não conseguiu obter o tetracampeonato carioca que tentava. O time, que tinha como principal craque o atacante Welfare, acabou sendo apenas vice-campeão, perdendo a final daquele ano para o Flamengo. Um dos fatos mais notórios do ano para o tricolor foi a pomposa visita que o rei Alberto I, da Bélgica, fez à sede do clube, nas Laranjeiras, no dia 26 de setembro de 1920.

Para uma família quase que majoritariamente formada por torcedores do Fluminense, hoje espalhada principalmente pelo Rio de Janeiro e por Brasília, no entanto, há um outro episódio envolvendo a história do centenário tricolor das Laranjeiras que particularmente se reveste de bem maior importância: o nascimento, no dia 23 de janeiro de 1920, de Marisa de Alencar Bozzi Brito Guimarães.

Essa senhora, hoje moradora em uma casa ampla e confortável da cidade serrana de Teresópolis, é a responsável pela formação de três gerações de torcedores do Fluminense. Foi pelas mãos dela que filhos, sobrinhos e netos foram pela primeira vez ao estádio do Maracanã assistir a exibições do time, em diversas das suas fases. Seja com Gerson no meio de campo. Ou com Rivellino. Ou com a dupla Washington e Assis…

No último fim de semana, essa legião de torcedores tricolores subiu a serra fluminense e desembarcou em Teresópolis para comemorar os bem vividos cem anos de Marisa. Ela comemorou seu centenário com uma festa temática do Fluminense, com direito a bolo tricolor. Os torcedores do clube combinaram de ir à festa envergando alguma camiseta do time. Os parentes mandaram confeccionar nas suas camisetas o nome “Marisa” e o número “100”. Cercada de carinho, a tudo Marisa acompanhou com sorrisos e alegria.

A irmã mais nova de Marisa, Denise, recorda como começou a paixão pelo Fluminense. Quando chegou ao Rio de Janeiro, o engenheiro italiano Hugo Bozzi procurou um clube que lhe parecesse “sério” o suficiente para ser frequentado por suas filhas. Optou pelo belo casarão das Laranjeiras. Foi ali, entre a piscina e o salão de baile com seus belos vitrais, que Marisa foi desenvolvendo o amor pelo clube.

“Ela é a grande responsável por fazer com que praticamente todos os integrantes da família torçam pelo Fluminense. A sua paixão pelo time contaminou a todos nós”, explica Felipe, um dos seus sobrinhos-netos. Até aos Estados Unidos chegou a paixão tricolor de Marisa. A irmã Denise casou-se com um americano e mudou-se para o país. Ela conta: “Eu nunca fui de futebol, mas ela influenciou meu filho Tom (que a família conhece como Tomzinho) a se tornar um tricolor. Ele hoje conta histórias e recordações da tia Marisa para minha nora. Ela o levava para os jogos do Fluminense no Maracanã”, narra Denise.

Foto: Rudolfo Lago

 

“Hora do jogo. Silêncio! O Flu vai entrar em campo… Nossa! Tomou um gol do adversário… Desliga a TV. Respira. Volta. Liga de novo, vamos torcer! Assim era o dia de jogo na casa dela. Camisa, caneca, chaveiro… em tudo tem uma homenagem ao time do coração!”, recorda-se o sobrinho-neto Guilherme.

Inesquecível título do Flu em 1976

Um bandeirão, que ela mesma confeccionou, uma pequena almofada com o escudo do time para sentar no cimento da arquibancada. Um radinho de pilha, ela perdeu quando a torcida se levantou no gol de Doval contra o Vasco na final do Carioca de 1976.

“Tapeçaria na parede e xícaras de porcelana no café da manhã, artes tricolores de tia Marisa que marcaram minha infância”, recorda-se Felipe. Enquanto isso, pelos salões, envergando um exemplar da camisa tricolor usada pelo Fluminense no ano passado, corria o bisneto de Marisa, Pedro, acompanhado de seus primos, Francisco e Alice.

Homenagem

Mais de 50 amigos e parentes de diversos pontos do país estavam com Marisa em Teresópolis para comemorar o seu centenário. De Brasília, saiu sua sobrinha Teresa, acompanhada de seus cinco filhos e uma grande quantidade de netos. “Quase dois mil quilômetros muito bem rodados para participar de uma festa linda”, resume Rafael Lago.

Enquanto o DJ tocava o hino composto por Lamartine Babo – “Sou tricolor de coração…” –, Marisa de Alencar Bozzi Brito Guimarães, rodeada de filhos, netos, bisnetos e sobrinhos soprava as velhinhas do seu bolo de cem anos… Pelos salões, celulares e radinhos anunciavam que o Flu de Marisa vencera o Bangu por 5 x 1. A senhora centenária é pé quente…

Na próxima rodada da Taça Guanabara, primeiro turno do Campeonato Carioca, o Fluminense enfrenta o Flamengo, amanhã, às 20h30, no Maracanã. Será mais um dia feliz para Dona Marisa?

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado