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Brasileiro vence concurso e desenha medalha dos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude Gangwon 2024

Dante Akira Uwai jogou tênis e nadou em competições na escola, e considera o esporte parte fundamental de sua identidade

Redação Jornal de Brasília

04/04/2023 13h51

Foto: Divulgação

O artista brasileiro Dante Akir Uwai venceu a competição de design das medalhas dos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude Gangwon 2024.

Após seis semanas e mais de 3.000 inscrições para o concurso do Comitê Olímpico Internacional, a criação de Akira Uwai – “Um Futuro Brilhante” – foi escolhida por um painel de jurados, incluindo a atleta olímpica Laurenne Ross, a antiga vencedora Zakea Page, e representantes dos programas de Jovens Repórteres do COI, Jovens Líderes e Jovens Apoiadores de Gangwon 2024.

A vitória de Dante Akira Uwai significa que o seu design estará nas medalhas de Gangwon 2024, que serão concedidas na República da Coreia entre 19 de janeiro e 1º de fevereiro do próximo ano.

A arte sempre foi parte integrante do arquiteto de 27 anos, nascido em São Paulo e criado em Brasília.

“Eu desenho desde quando me entendo por gente. Desde criança era meu hobby favorito. Lembro de levar muitas broncas em sala de aula por estar desenhando quando não podia”, ele comentou ao Olympics.com.

“Vou levar com carinho para o resto da minha vida”.

Dante Akira Uwai jogou tênis e nadou em competições na escola, e considera o esporte parte fundamental de sua identidade.

Como tal, guarda lembrança especial dos Jogos Olímpicos Rio 2016 realizados no Brasil.  

“Uma das lembranças que mais me emocionada é do Vanderlei Cordeiro de Lima, dele terminando a maratona [Atenas 2004] com todos os percalços que ele teve que passar”.

“Essa competição acendeu aquela chama de novo”

Dante Akira Uwai

Entretanto, o artista precisou abandonar o esporte momentaneamente para se concentrar em garantir uma vaga na universidade.

Ainda que artes plásticas fosse sua primeira opção de graduação, o brasileiro escolheu a arquitetura por questões práticas.

Mal sabia ele que esse curso também beneficiaria sua carreira artística.

“Desde criança eu tive muita dúvida se eu devia seguir na área de arte ou não. Eu moro no Brasil, é muito difícil viver de arte aqui. Até por isso eu estudei arquitetura e não artes plásticas para abrir mais possibilidades no mercado de trabalho”, ele revelou.

“Quando entrei em arquitetura e comecei a aprender mais sobre arte, eu comecei a me aproximar de pintura e de escultura. Comecei a perceber que esse amor vai para além do desenho”.

“Tem uma frase que fala ‘o que diferencia o artista das outras pessoas não é o talento ou uma coisa inata, mas é uma ardente necessidade de criar’. Eu acho que é uma coisa que eu levo muito comigo. Quando fico muito tempo sem fazer arte ou sem desenhar alguma coisa, eu fico mal, eu fico doente, fico para baixo”.

“Eu estava meio perdido, sem saber o que fazer, e quando vi essa oportunidade, eu pensei ‘é agora! Vou voltar a fazer o que realmente gosto’. Esta competição acendeu aquela chama de novo e, para mim, fez muito bem como artista”.

“Ter esse reconhecimento é como se fosse um sinal de que estou indo pelo caminho certo, aquilo que alimentei durante tantos anos é realmente o que vale ser seguido”.

O design vencedor de Dante Akira Uwai para a medalha de Gangwon 2024 é uma interpretação geométrica do lema ‘Crescer juntos, brilhar para sempre’.

Linhas verticais são usadas para transmitir a ideia de crescimento, enquanto outros elementos, criados por meio de recordes e mudanças de textura, representam o grupo diverso de pessoas que participam dos Jogos Olímpicos.

A variedade de formas demonstra a diversidade e como podemos contribuir de diferentes meios para a paz e a convivência, enquanto os acabamentos polidos criam pequenas centelhas dinâmicas de luz, simbolizando nosso desejo de superar e fazer mudanças positivas no mundo.

“Quando você lê os valores olímpicos, você percebe que o esporte é o meio, mas não é o fim. A vitória não é o fim. O fim é a união das pessoas, é o respeito, ainda mais nos dias de hoje, isso se torna mais importante”, comentou Akira Uwai.

“Eu pensei em duas diretrizes. A primeira é que eu não queria que a medalha fosse um quadro para uma pintura, que estivesse lá só para ser observada. Eu queria que ela fosse tratada como uma escultura. A escultura você pode pegar, ver de vários ângulos, sentir a textura, e eu acho que a medalha tem muito disso”.

“Outra coisa era também trabalhar a materialidade. Na arquitetura, aprendemos que você não vende um edifício só olhando para ele. Você tem que entrar no edifício, tocá-lo para entender como essa materialidade funciona. A medalha é feita de metal, que pode dar vários acabamentos, polido, fosco e colocar diferentes texturas. E eu queria que essa parte polida fosse protagonista da medalha”.

Juiz Zakea Page, o neozelandês que venceu a competição de design da medalha dos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude Lausanne 2020, ficou impressionado com a combinação dos valores Olímpicos e a herança cultural coreana proposta pelo brasileiro.

“O design é um vencedor digno e uma bela interpretação dos valores dos Jogos Olímpicos da Juventude. Para mim, é uma reminiscência das tradicionais lanternas de papel, que são marcas registradas da celebração da República da Coreia, penduradas como copas em torno de templos e em desfiles… até mesmo espalhadas pelas ruas de Seul”.

“De acordo com a crença budista, as lanternas simbolizam sabedoria, pois trazem luz ao mundo, muito condizente com o lema dos Jogos, ‘Crescer juntos, brilhar para sempre’”.

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