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Futebol

Brasil perde para Suécia nos pênaltis e luta pelo bronze no futebol feminino

Arquivo Geral

16/08/2016 16h10

Josemar Gonçalves

Jorge Eduardo Antunes e Roberto Wagner
Enviados especiais

Ainda não vai ser desta vez que a craque Marta vai colocar uma medalha de ouro no pescoço. Mesmo jogando bem mais que a Suécia, o Brasil não soube superar a forte retranca do time nórdico nos 90 minutos de jogo e na prorrogação de 30 minutos e perdeu a vaga nos pênaltis.

O resultado decepcionou o público que lotou o Maracanã, mas a plateia soube reconhecer a garra das mulheres brasileiras e aplaudiu a seleção mesmo com a eliminação da final. As suecas usaram a mesma tática defensiva que serviu para eliminar os EUA, também nos pênaltis, em Brasília, e agora esperam o adversário na disputa pelo ouro. O Brasil disputará a medalha de bronze.

O jogo – Com direito a um Estádio Maracanã praticamente lotado, a seleção brasileira feminina de futebol foi dominante no primeiro tempo da semifinal contra a Suécia. A exemplo do que fez contra os EUA, o time europeu adotou postura bastante defensiva para encarar o Brasil, com as 10 jogadoras de linha atrás da linha da bola, mas nem assim conseguiram segurar o talento de Marta. A camisa 10 do Brasil foi responsável pelas principais jogadas da partida, sempre pelo lado direito de ataque. Andressa e Beatriz deram trabalho à goleira Lindahl, com chutes de fora e na jogada aérea, porém a bola insistiu em não entrar na primeira etapa.

No intervalo, Vadão trocou Thaisa por Andressinha na tentativa de dar mais velocidade ao time, o que cansaria mais as suecas, pouco acostumadas ao sol forte das 14h. Nos primeiros minutos, o Brasil chegou duas vezes, mas sem muito perigo. Mas a conclusão mais perigosa veio aos 14, com Blackstenius, da Suécia, defendida por Bárbara, que havia errado na saída de gol.

As suecas voltaram a ameaçar aos 25, em falta cometida por Andressinha que lhe valeu um amarelo. Mas bastou uma jogada espetacular de Marta, que chutou fraco, para colocar o Brasil no ataque outra vez. Imprensando o time adversário na defesa, a seleção pecava nas finalizações. Aos 31, em outra arrancada, Marta sofreu falta de Jakobsson, que levou amarelo. A cobrança levou perigo, afastado pela zaga sueca.

O Brasil seguiu atacando e esbarrando na defesa rival. O ataque sueco desapareceu de vez e as nórdicas se fecharam mais. O Brasil seguiu pressionando até o fim, insistindo em chutes de fora da área sem pontaria, e teve ao menos um lance duvidoso, em que Andressa Alves caiu na área. A última chance foi em uma cabeçada de Formiga, que estava em impedimento, bem defendida por Lindahl. Mas, no geral, o bloqueio sueco funcionou e o jogo ficou mesmo no 0 x 0 no tempo regulamentar.

Prorrogação – O sol sumiu e a Suécia resolveu ir para a frente. Em cobrança de escanteio, Schelin cabeceou livre e assustou, mas a bola foi para fora. Vendo o time parado, Vadão tirou Bia e colocou Raquel. Com Marta bem marcada, o time pouco produzia. E as suecas não davam espaços na defesa. O primeiro tempo acabou mesmo com um morno 0 x 0.

A segunda etapa começou com o Brasil disposto a evitar os pênaltis. A seleção empurrou as suecas para dentro do seu campo com uma marcação alta. Mas a pressão deu espaço para contra-ataques perigosos, como o que Schelin perdeu, chutando para fora aos 5.

O Brasil seguiu apertando. Aos 10, Andressa Alves deu um lindo drible em Dahlkvist e foi derrubada na frente da área, em falta que valeu cartão amarelo para a sueca. Na cobrança, Marta colocou no canto direito da goleira, que foi buscar. Logo depois, em confusão na área, as jogadoras brasileiras chutaram três vezes em cima da retranca sueca, que garantiu o 0 x 0 e levou o jogo para os pênaltis.

Pênaltis – A disputa começou com Marta exorcizando os fantasmas do jogo com a Austrália e marcando. Schelin converteu para a Suécia com uma cobrança no alto. Cristiane, no entanto, desperdiçou, batendo nas mãos de Lindahl. Mas na cobrança sueca, Bárbara voou espetacularmente e defendeu o pênalti de Asllani, para delírio da plateia. Andressa Alves pôs a seleção na frente de novo. Só que Seger bateu bem, no canto direito de Bárbara. Na sequência, Rafaelle chutou sem chances para a goleira sueca e, sob vaias, Fischer foi para a cobrança, deslocando Bárbara e deixando tudo igual em 3 X 3.

Aí veio a cobrança ruim de Andressinha, que Lindahl pegou. A tensão tomou conta do Maracanã e Dahlkvist pegou a bola sob vaias, mas a camisa 7 sueca não perdoou e marcou, tirando o Brasil da final.

A plateia soube reconhecer as brasileiras e aplaudiu a seleção e cantou o “eu sou brasileiro com muito orgulho e com muito amor”, como forma de reconhecimento à luta das meninas, que agora vão disputar a medalha de bronze contra o perdedor do duelo entre Alemanha e Canadá.

Maracanã de volta

Fechado para jogos desde 8 de maio deste ano, na final do Campeonato Carioca entre Vasco e Botafogo, o Estádio Maracanã voltou a sediar uma partida de futebol com Brasil x Suécia.

A surpresa positiva ficou por conta do excelente estado do gramado. Por conta da abertura dos Jogos, em 5 de agosto, o tapete do estádio teve de ser retirado e replantado somente no dia seguinte. Dez dias depois, ele apareceu verdinho e sem defeitos para a semifinal do futebol feminino.

Vaias e aplausos

Na hora dos pênaltis, Rafaela Silva, campeã olímpica no judô, aparecu na arquibancada com sua medalha de ouro e levou a torcida ao delírio antes das cobranças. Os gritos de “é campeã” tomam conta de parte do estádio.

Se a medalhista era alvo de aplausos, o presidente interino Michel Temer foi vaiado e teve o coro “Fora Temer” gritado em pelo menos dois momentos. Em vários pontos do estádio surgiram pequenas faixas e cartazes contra ele, logo recolhidos pela organização. As vaias, no entanto, não foram uníssonas e houve quem preferisse gritar Brasil na hora do protesto político.

FICHA TÉCNICA
BRASIL 0 x 0 SUÉCIA (Pênaltis: 3 x 4)

Local: Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
Data: 16 de agosto de 2016, terça-feira
Horário: 13 horas (de Brasília)
Árbitro: Lucila Venegas (MEX)
Assistentes: Mayte Chavez (MEX) e Enedina Caudillo (MEX)
Cartões amarelos:
Bia, Andressa Alves e Formiga (Brasil); Jakobsson e Dahlkvist (Suécia)
Pênaltis:
BRASIL: Marta, Andressa Alves e Rafaelle acertaram; Cristiane e Andressinha erraram
SUÉCIA: Schelin, Seger, Fischer e Dahlkvist acertaram; Asllani errou

BRASIL: Bárbara; Poliana, Rafaelle, Mônica e Tamires; Thaisa (Andressinha), Formiga e Marta; Andressa Alves, Bia (Raquel) e Debinha (Cristiane)

Técnico: Vadão

SUÉCIA: Lindahl; Rubensson, Fischer, Sembrant e Samuelsson (Berglund); Dahlkvist, Seger, Appelqvist (Schough) e Asllani; Schelin e Blackstenius (Jakobsson)

Técnico: Pia Sundhage

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