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Saúde

Mais de um terço dos homens não cuidam da própria saúde, revela pesquisa

Pesquisa mapeou as percepções e os cuidados com a saúde de brasileiros

Redação Jornal de Brasília

02/09/2019 16h10

Mais de um terço dos homens relatam não ir ao médico pelo menos uma vez ao ano para o acompanhamento da saúde. As informações são da pesquisa Um Novo Olhar para a Saúde do Homem, feita pela revista SAÚDE e pela área de Inteligência de Mercado do Grupo Abril, em parceria com o Instituto Lado a Lado pela Vida.

Nesse cenário, 37% dos entrevistados com até 39 anos e 20% daqueles com 40 ou mais admitem só procurar o profissional quando se sentem mal — esses índices sobem, respectivamente, para 47% e 28% quando se trata daqueles que depende do SUS. Para agravar ainda mais a falta de um diagnóstico correto, além de não ir ao médico, parte dos pacientes procura solucionar o problema por meio de buscas na internet: 23% dos respondentes dizem substituir uma consulta por uma pesquisa na internet com certa frequência.

Apesar de o urologista ser visto pela maioria dos participantes (37%) como o médico do homem, 59% não costumam ir a esse profissional. Pode parecer óbvio, mas é válido reafirmar que somente o médico é capaz de diagnosticar corretamente cada quadro, como explica o urologista Rafael Buta. “Tratamentos sem acompanhamento nos preocupam muito. É alarmante, pois muitas vezes o paciente, sozinho, acredita ter curado o que pode ser, na verdade, o início de algo mais grave. Devemos lembrar que boa parte das doenças, quando identificados precocemente, tem as chances de cura elevadas potencialmente, como no caso do câncer de próstata”, explica o médico.

Seja no papel de mãe, esposa e até mesmo filha, as mulheres aparecem como importantes agentes na manutenção da rotina médica dos homens. O médico explica que, em alguns casos, elas quem comandam o processo da ida ao consultório. “Da marcação da consulta até a garantia de que eles vão seguir o tratamento sugerido, as mulheres quem assumem o papel e garantem o cuidado necessário do paciente”, conta Buta.

O histórico familiar figura como um dos fatores de risco para o surgimento do câncer de próstata. A pesquisa mostrou um dado preocupante, ainda que 25% dos respondentes apontem ter um familiar próximo já diagnosticado, 36% dos participantes com 50 anos ou mais não costumam ir ao urologista — 10% nunca realizaram o PSA e 35% nunca passaram pelo toque retal.

Carlos Watanabe é uro-oncologista e explica que “pacientes com obesidade, pessoas com hábitos de vida não-saudáveis, com síndrome metabólica, afrodescendentes e/ou pessoas com parentes que tiveram câncer de próstata podem estar mais sujeitos a doença. Por isso, é interessante que o acompanhamento comece a partir dos anos”.

Sobre o Novembro Azul, entre os entrevistados do estudo, 94% afirmaram conhecer a iniciativa, 24% afirmam estar mais atentos com a saúde e 8% começaram a fazer exames regularmente devido à repercussão da data.

A pesquisa apontou ainda que 95% dos participantes relatam ter experimentado recentemente sentimentos negativos, que vão de ansiedade e preocupação excessiva com família e finanças até tristeza e depressão. O urologista Tiago Serra explica que essas alterações de ordem psicológica podem afetar diretamente a saúde masculina. “Ansiedade e preocupação excessiva são fatores que atuam diretamente na qualidade de vida do homem. Irritabilidade e fadiga podem ser recorrentes. Na vida sexual, este quadro ansioso pode comprometer a performance e causar a ejaculação precoce ou retardada, e até mesmo a impotência”, exemplifica o especialista em fertilidade.

Entre os pesquisados, as fragilidades emocionais relatadas com maior incidência foram ansiedade (63%), tristeza (46%) e depressão (23%). “É importante desmistificar que homem não sente e não pode ter pontos de fragilidade. Durantes os atendimentos tentamos frisar o máximo a importância de uma boa saúde mental para ter uma vida saudável. O homem precisa assumir o protagonismo da importância de manter o cuidado com a própria saúde”, relata o médico.

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