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RAUL ETERNO

Arquivo Geral

28/06/2005 0h00

Raul foi o artista mais polêmico do pop brasileiro e se tornou referência para toda a geração posterior. Seu último show foi em Brasília, em 10 de agosto de 1989, uma semana antes de sua morte

Cedoc/Ronaldo de Oliveira/10.08.1989

Cenas antológicas: Acima, Raul Seixas em seu último show, no encerramento do II Flaac, no Ginásio Nilson Nelson, em agosto de 1989. Abaixo, cerca de 4,5 mil pessoas se acotovelaram sob a lona do Gran Circo Lar para ver o ídolo em abril de 1989

Uma das cenas mais emocionantes da história do rock brasileiro ocorreu em Brasília, no dia 10 de abril de 1989. O local era o Gran Circo Lar, ao lado do Turing Club, na Esplanada dos Ministérios. Cerca de 4,5 mil pessoas se acotovelavam debaixo da lona para ver o o show A Panela do Diabo, que Raul Seixas e Marcelo Nova (ex-Camisa de Vênus) estavam levando em turnê pelo País. Aquela era a maior turnê da carreira de Raul Seixas e também a sua última viagem sobre os palcos. Nos bastidores, o produtor Helder Cunha – hoje proprietário da Academia Music Hall, em Brasília – comemorava “uma vitória, Raul nunca tinha cumprido uma agenda assim e sem faltar a nenhuma apresentação”. O empresário conseguiu realizar 40 shows com o “pai do rock brasileiro”, até sua morte, no dia 21 de agosto de 1989, 11 dias após sua última apresentação, no encerramento do II Festival latino-Americano de Arte e Cultura, no Ginásio Nilson Nelson, também em Brasília, para uma platéia de nove mil pessoas. “Ele não fazia mais de quatro shows consecutivos”, acrescenta Helder.

Hoje, Raul estaria completando 60 anos. Morreu de complicações pancreáticas, devido à diabetes provocada pela cirrose que o acompanhou por duas décadas em conseqüência do exagero no consumo de álcool – “o café da manhã dele era à base de uísque”, costuma lembrar o presidente de seu fã-clube, Sylvio Passos. Inúmeros eventos em todo o Brasil estarão homenageando o Maluco Beleza, mas a principal homenagem é uma caixa com oito CDs individuais resgatando discos lançados pela gravadora Universal, à época de Raul ainda como Polygram/Phillips. A caixa que chega hoje ao mercado tem embalagem especial, remasterizações e bônus tracks dos oito álbuns, incluindo as fichas técnicas, textos e letras das músicas publicados nas respectivas edições originais em vinil.

Além disso, a editora carioca Ediouro, em parceria com a viúva Kika Seixas e o jornalista Silvio Essinger, lança , em agosto, um novo livro sobre Raul Seixas. Com o título de O Baú do Raul, o livro apresentará manuscritos e fotos inéditas de Raulzito em todas as fases de sua vida.

Sobrevida Antes mesmo de começar a última turnê de sua carreira, em 1989, Raul Seixas já teria sido desenganado pelos médicos, segundo seu último empresário, Helder Cunha. “Tinham dito que ele só teria mais um mês de vida”, recorda Helder. Contudo, embora tarde, Raul mostrou muito desejo de viver. Debilitado física e mentalmente, o fundador da Sociedade Alternativa aceitou pegar a estrada com Marcelo Nova e gravar o disco A Panela do Diabo (o derradeiro). “Os shows deram uma sobrevida ao Raul. Ele conseguiu rejuvenecer ali, em cima do palco”, relata o empresário.

Raul Seixas era acompanhado 24 horas por uma enfermeira e, a infra-estrutura dos shows contava com uma unidade de UTI móvel e esquema de segurança para o astro do rock (nunca antes submetido a uma escolta particular). O promoter acrescenta que essa última turnê foi uma prova de que a imagem de Raul é eterna: “Ele não tinha mais fôlego, não fazia mais planos e estava esquecido pela mídia e os amigos. Era mais uma apresentação teatral. Mas, só a presença dele no palco era suficiente para arrastar multidões aos shows. Você via as pessoas desmaiando e choravando só de vê-lo vivo”, lembra o produtor.

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    RAUL ETERNO

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    28/06/2005 0h00

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    Cedoc/Ronaldo de Oliveira/10.08.1989

    Cenas antológicas: Acima, Raul Seixas em seu último show, no encerramento do II Flaac, no Ginásio Nilson Nelson, em agosto de 1989. Abaixo, cerca de 4,5 mil pessoas se acotovelaram sob a lona do Gran Circo Lar para ver o ídolo em abril de 1989

    Uma das cenas mais emocionantes da história do rock brasileiro ocorreu em Brasília, no dia 10 de abril de 1989. O local era o Gran Circo Lar, ao lado do Turing Club, na Esplanada dos Ministérios. Cerca de 4,5 mil pessoas se acotovelavam debaixo da lona para ver o o show A Panela do Diabo, que Raul Seixas e Marcelo Nova (ex-Camisa de Vênus) estavam levando em turnê pelo País. Aquela era a maior turnê da carreira de Raul Seixas e também a sua última viagem sobre os palcos. Nos bastidores, o produtor Helder Cunha – hoje proprietário da Academia Music Hall, em Brasília – comemorava “uma vitória, Raul nunca tinha cumprido uma agenda assim e sem faltar a nenhuma apresentação”. O empresário conseguiu realizar 40 shows com o “pai do rock brasileiro”, até sua morte, no dia 21 de agosto de 1989, 11 dias após sua última apresentação, no encerramento do II Festival latino-Americano de Arte e Cultura, no Ginásio Nilson Nelson, também em Brasília, para uma platéia de nove mil pessoas. “Ele não fazia mais de quatro shows consecutivos”, acrescenta Helder.

    Hoje, Raul estaria completando 60 anos. Morreu de complicações pancreáticas, devido à diabetes provocada pela cirrose que o acompanhou por duas décadas em conseqüência do exagero no consumo de álcool – “o café da manhã dele era à base de uísque”, costuma lembrar o presidente de seu fã-clube, Sylvio Passos. Inúmeros eventos em todo o Brasil estarão homenageando o Maluco Beleza, mas a principal homenagem é uma caixa com oito CDs individuais resgatando discos lançados pela gravadora Universal, à época de Raul ainda como Polygram/Phillips. A caixa que chega hoje ao mercado tem embalagem especial, remasterizações e bônus tracks dos oito álbuns, incluindo as fichas técnicas, textos e letras das músicas publicados nas respectivas edições originais em vinil.

    Além disso, a editora carioca Ediouro, em parceria com a viúva Kika Seixas e o jornalista Silvio Essinger, lança , em agosto, um novo livro sobre Raul Seixas. Com o título de O Baú do Raul, o livro apresentará manuscritos e fotos inéditas de Raulzito em todas as fases de sua vida.

    Sobrevida Antes mesmo de começar a última turnê de sua carreira, em 1989, Raul Seixas já teria sido desenganado pelos médicos, segundo seu último empresário, Helder Cunha. “Tinham dito que ele só teria mais um mês de vida”, recorda Helder. Contudo, embora tarde, Raul mostrou muito desejo de viver. Debilitado física e mentalmente, o fundador da Sociedade Alternativa aceitou pegar a estrada com Marcelo Nova e gravar o disco A Panela do Diabo (o derradeiro). “Os shows deram uma sobrevida ao Raul. Ele conseguiu rejuvenecer ali, em cima do palco”, relata o empresário.

    Raul Seixas era acompanhado 24 horas por uma enfermeira e, a infra-estrutura dos shows contava com uma unidade de UTI móvel e esquema de segurança para o astro do rock (nunca antes submetido a uma escolta particular). O promoter acrescenta que essa última turnê foi uma prova de que a imagem de Raul é eterna: “Ele não tinha mais fôlego, não fazia mais planos e estava esquecido pela mídia e os amigos. Era mais uma apresentação teatral. Mas, só a presença dele no palco era suficiente para arrastar multidões aos shows. Você via as pessoas desmaiando e choravando só de vê-lo vivo”, lembra o produtor.

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