Na falta de uma briga mais interessante com as outras redes e sentindo, de forma definitiva, que não existe a mínima chance de ter os seus elevados índices incomodados, a Rede Globo se vê diante de um outro tipo de problema. É o perigo da acomodação. Ainda recentemente, num encontro realizado no Hotel Intercontinental do Rio de Janeiro, que reuniu representantes da cúpula da emissora, diretores de núcleos e programas, além de autores e redatores, ficou evidente a preocupação de manter um padrão de qualidade aceitável, apesar de inexistir o risco de ver a sua liderança incomodada a curto, médio e – do jeito que vai – até longo prazo. Várias questões relativas ao mesmo assunto foram levantadas e debatidas neste encontro; de modo especial, alguns programas que não justificaram a própria razão de existir. Outra questão que também preocupa e não tem como ser mais bem-administrada é a da concorrência interna. Senhora do Destino está estourada e registrando uma audiência tão elevada que a direção da emissora passa a se preocupar com o futuro. Embora oferecendo todas as condições possíveis, inclusive aceitando a montagem de um elenco que passa de 60 nomes, concordando com locações fora do Rio e até em países como Estados Unidos e México, todos admitem que são praticamente inexistentes as chances da novela América, de Glória Perez, repetir essa audiência de hoje. Se isso não bastasse, é quase impossível que uma outra produção no horário encontre essa mesma fase do “mamão com açúcar” de agora. As concorrentes terão se forçosamente fazer alguma coisa. Elas não podem e nem devem, simplesmente, continuar assistindo à novela do Aguinaldo Silva.