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Moda-praia pode salvar o verão

Arquivo Geral

01/07/2003 0h00

São Paulo – Gisele Bündchen, claro, foi a pupila da abertura da São Paulo Fashion Week, edição de verão. Chegou num carrão preto com vidros pretos e foi direto para o camarim. Lá, teve banheiro só para ela – na edição passada ela teve que fazer xixi num copinho para não ter que usar os banheiros públicos da Bienal. Mais simpática, a top model arriscou um sorriso discreto nas três vezes em que entrou na passarela. Usou oncinha, flores e estampa psicodélica. Sempre com o bumbum coberto por uma microssaia ou camisa. A numerosa família de Gisele ficou na terceira fila e quase passou despercebida. Como esta edição não permite excessos, os R$ 250 mil faturados na última temporada emagreceram e agora se transformaram em R$ 90 mil. A trilha do psicodélico desfile, inspirado em Brigite Bardot, esteve perfeita: Supremes, Jackson´s Five e Diana Ross. A modelo embarca hoje para o Rio de Janeiro, onde grava um comercial.

O start quem deu foi Ricardo Almeida com seu desfile calmo, suave com modelagem voltada para os anos 80. A alfaiataria risca de giz desconstruída nas laterais e nos acabamentos foi o hit da apresentação. Quando coordenadas com malharias finas, como regatas, ou camisarias e coletes, ficavam mais suaves ainda. A modelagem é seca, com barras suavemente mais curtas e a boca discretamente afunilada. As camisas têm corte quadrado, são mais curtas e foram feitas para ficar para fora, mesmo quando o look é o terno. As gravatas não apareceram. Apenas uma no tom branco-acinzentado com brilho discreto. Ricardo Almeida deu ao terno um ar mais cool, mais solto, mais leve. Cores: rosa, lilás, azul, cinza. Todos iluminando o bege.

Mas a temporada estreou domingo à noite com a apresentação de um único e brilhante desfile. O da Coopa Roca – as costureiras da Rocinha – em parceria com Marcelo Sommer. Vários estilistas na platéia, além de toda a imprensa, nacional e internacional, que chegou mais cedo para conferir a obra social do evento. Na passarela vermelha e purpurinada, tops como Ana Hickmann, Mariana Weickert, Isabelli Fontana desfilaram, sem cachê, peças em crochê, fuxico, canutilhos e paetês, aplicados em malharias e tecidos nobres nas cores verde, vermelha e amarela, harmoniosamente coordenadas com o preto. No final, quando todas aquelas simples mulheres – a maioria delas nunca assistiu a um desfile na vida – entraram na passarela, os convidados não se contiveram. Aplausos de pé, choro explícito, emoção generalizada. Afinal, não é todo dia que a moda brasileira aceita um produto de raízes brasileiras como tendência.

A emoção, entretanto, inspirou Paulo Borges e sua equipe, que explicitaram tal sentimento nos mínimos detalhes da SPFW. O motivo é a comemoração da décima quinta temporada. “O debut do evento. Precisamos comemorar a rigor”, diz Paulo. Os corredores da Bienal estão todos cor-de-rosa. Na entrada, um salão negro repleto de espelhos em molduras douradas. Para compor, vasos de cristal com rosas em vários tons de rosa. Sem contar os convites com a típica caligrafia de festas e casamentos tradicionais. Do ponto de vista sociológico pode ser um momento escapista do segmento, uma vez que a crise atingiu, de verdade, o varejo com o novo governo. Os consumidores de moda nacional estão em contenção de despesas por tempo indeterminado. Mas o verão está aí, é uma temporada longa e anima o mercado com a desejada moda-praia. Outro agente salvador promete ser o hype mundial: a dupla bem-sucedida jeans e camiseta; duas tendências que o Brasil domina tanto na matéria-prima quanto no produto manufaturado. Tudo isso sob a assinatura dos inúmeros movimentos dos anos 80: new wave, punk-rock, urbano, disco. Aliás, esta rica, duvidosa e colorida década promete ser o fio condutor de toda a temporada nacional, assim como a psicodelia dos ano 60. Ou seja: viva as cores.

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    01/07/2003 0h00

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    O start quem deu foi Ricardo Almeida com seu desfile calmo, suave com modelagem voltada para os anos 80. A alfaiataria risca de giz desconstruída nas laterais e nos acabamentos foi o hit da apresentação. Quando coordenadas com malharias finas, como regatas, ou camisarias e coletes, ficavam mais suaves ainda. A modelagem é seca, com barras suavemente mais curtas e a boca discretamente afunilada. As camisas têm corte quadrado, são mais curtas e foram feitas para ficar para fora, mesmo quando o look é o terno. As gravatas não apareceram. Apenas uma no tom branco-acinzentado com brilho discreto. Ricardo Almeida deu ao terno um ar mais cool, mais solto, mais leve. Cores: rosa, lilás, azul, cinza. Todos iluminando o bege.

    Mas a temporada estreou domingo à noite com a apresentação de um único e brilhante desfile. O da Coopa Roca – as costureiras da Rocinha – em parceria com Marcelo Sommer. Vários estilistas na platéia, além de toda a imprensa, nacional e internacional, que chegou mais cedo para conferir a obra social do evento. Na passarela vermelha e purpurinada, tops como Ana Hickmann, Mariana Weickert, Isabelli Fontana desfilaram, sem cachê, peças em crochê, fuxico, canutilhos e paetês, aplicados em malharias e tecidos nobres nas cores verde, vermelha e amarela, harmoniosamente coordenadas com o preto. No final, quando todas aquelas simples mulheres – a maioria delas nunca assistiu a um desfile na vida – entraram na passarela, os convidados não se contiveram. Aplausos de pé, choro explícito, emoção generalizada. Afinal, não é todo dia que a moda brasileira aceita um produto de raízes brasileiras como tendência.

    A emoção, entretanto, inspirou Paulo Borges e sua equipe, que explicitaram tal sentimento nos mínimos detalhes da SPFW. O motivo é a comemoração da décima quinta temporada. “O debut do evento. Precisamos comemorar a rigor”, diz Paulo. Os corredores da Bienal estão todos cor-de-rosa. Na entrada, um salão negro repleto de espelhos em molduras douradas. Para compor, vasos de cristal com rosas em vários tons de rosa. Sem contar os convites com a típica caligrafia de festas e casamentos tradicionais. Do ponto de vista sociológico pode ser um momento escapista do segmento, uma vez que a crise atingiu, de verdade, o varejo com o novo governo. Os consumidores de moda nacional estão em contenção de despesas por tempo indeterminado. Mas o verão está aí, é uma temporada longa e anima o mercado com a desejada moda-praia. Outro agente salvador promete ser o hype mundial: a dupla bem-sucedida jeans e camiseta; duas tendências que o Brasil domina tanto na matéria-prima quanto no produto manufaturado. Tudo isso sob a assinatura dos inúmeros movimentos dos anos 80: new wave, punk-rock, urbano, disco. Aliás, esta rica, duvidosa e colorida década promete ser o fio condutor de toda a temporada nacional, assim como a psicodelia dos ano 60. Ou seja: viva as cores.

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