Os fãs da série em quadrinhos de Alan Moore devem ter ficado à procura de pingos nos is depois de assistir ao longa-metragem A Liga Extraordinária nos cinemas. Explica-se: Moore criou um preciso storyboard cinematográfico. Bastava para o cineasta Stephen Norrington contratar os atores correspondentes e pronto. Nesse propósito não decepcionou. Sean Connery coube muito bem no papel de Quartermain, bem como Peta Wilson (Mina Harker), Tony Curran (Homem Invisível), Jason Flemyng (Dr. Jekyll/Mr. Hyde) e o indiano Naseeruddin Shah (Capitão Nemo). Um pergunta, portanto, ficou no ar: porquê a mudança tão dissimilada do roteiro original do quadrinista? Sem que se explicasse, o espectador deparou com um Allan Quartermain perfeitamente sadio (lembrando que, na verdadeira Liga, ele era um moribundo viciado em ópio), um Dorian Gray (do romance de Oscar Wilde) fora de contexto e ainda teve de digerir a intromissão de um tal Tom Sawyer, um herói norte-americano nunca citado nas aventuras do time de protetores do Império Britânico. Para apagar os equívocos deixados pelo filme, somente lendo (ou relendo) o gibi.