Os pediatras costumam recomendar que as crianças durmam de bruços (a posição, além de mais confortável, reduz as cólicas e evita o refluxo gastroesofágico, o retorno do conteúdo gástrico para o esôfago). Mas, segundo pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), isso não vale para crianças que sofrem de apnéia obstrutiva. Para elas, é melhor dormir de barriga para cima.
A apnéia obstrutiva é comum na infância, principalmente entre crianças de quatro a seis anos. O problema, geralmente, ocorre quando há aumento das amídalas ou das adenóides. “Esse aumento impede ou restringe a entrada de ar, causando as paradas respiratórias”, diz a pediatra Lucila Fernandes do Prado, autora do estudo.
A pesquisa, que envolveu 80 crianças de um a dez anos com apnéia obstrutiva, constatou que dormir de barriga para cima reduz a freqüência das paradas respiratórias. De acordo com Prado, a conclusão surpreendeu porque se opõe à orientação dada aos adultos que sofrem do problema. Entre eles, a causa mais comum de apnéia é a obesidade: a gordura do pescoço comprime a laringe, dificultando a respiração. Dormir de bruços evita essa compressão.
Nas crianças, essa posição não reduz a obstrução causada pelas amídalas e adenóides. Além disso, a criança dorme tão melhor de bruços que dificilmente desperta para respirar quando ocorre a apnéia, explica Prado. O principal indício de apnéia na infância é o ronco. “Nem toda criança que ronca tem o problema, mas a que tem ronca”, diz Prado.