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Cruzada pela tolerância

Arquivo Geral

20/04/2003 0h00

O autor Manoel Carlos gosta de mexer com o público e, em Mulheres Apaixonadas, parece ter partido numa espécie de cruzada para provocar a consciência do telespectador ao abordar na novela um número recorde de preconceitos que ainda incomodam muita gente.

O autor montou quase uma enciclopédia da discriminação, desde preconceito racial e contra o idoso, passando pela opção sexual e finalizando na diferença social ou de idade entre namorados.

“A novela tem entrada em todos os segmentos da sociedade. Nada mais construtivo do que usar essa popularidade para levantar questões polêmicas, que podem educar e até apresentar uma outra visão, menos preconceituosa, sobre os temas que estão em nosso dia-a-dia”, analisa Aline Moraes, a Clara da trama, que tem com Rafaela (Paula Picarelli) um relacionamento com aparência homossexual.

“A relação delas é tão natural que não choca ninguém, só nos leva a refletir como julgamos e condenamos tudo aquilo que não seja igual à gente”, acredita a atriz.

Para Carolina Dieckmann – que vive Edwiges, às voltas com o preconceito da mãe do namorado, Cláudio (Erik Marmo), por ela ser pobre –, a discriminação tem que ser destacada na novela para que haja discussões.

“Existem pessoas que sentem o preconceito, mas têm vergonha de explicitá-lo. É bom que se coloque Marta (Marli Bueno) alardeando seu preconceito, para que pessoas vistam a carapuça.”

Com uma boa repercussão nas ruas por conta da personagem Adelaide – professora de História negra que já citou ter sido vítima de preconceito por parte da mãe de um aluno –, Lica Oliveira sente falta, na TV, de mais negros que sirvam de boa referência.

“Quanto mais próximo, melhor a referência. O fato de Adelaide ser uma professora e circular no núcleo importante da novela, gera uma resposta positiva.

“Na rua, as pessoas ficam contentes por ter uma negra fora da cozinha, curtem ver uma professora negra. E a condição profissional dela não é nenhuma obra de ficção”, atesta. “Fico indignada com o modo invisível como tratam a classe média negra. Muita gente fica incomodada com um negro bem-sucedido. Na questão do preconceito, por menos ruim que esteja hoje, o negro ainda está engatinhando”, discursa.

Por saber da delicadeza do tema de seu personagem – o jovem Fred, que se envolve com a professora Raquel (Helena Ranaldi) – Pedro Furtado já imaginava os questionamentos. “Mas só quando se começa a viver o papel é que você sente. Tem gente que torce, outros dizem que não é certo aluno se envolver com professor. Além da diferença de idade, eles também são discriminados por essa condição. Acham que isso é antiético”, conta.

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    Arquivo Geral

    20/04/2003 0h00

    O autor Manoel Carlos gosta de mexer com o público e, em Mulheres Apaixonadas, parece ter partido numa espécie de cruzada para provocar a consciência do telespectador ao abordar na novela um número recorde de preconceitos que ainda incomodam muita gente.

    O autor montou quase uma enciclopédia da discriminação, desde preconceito racial e contra o idoso, passando pela opção sexual e finalizando na diferença social ou de idade entre namorados.

    “A novela tem entrada em todos os segmentos da sociedade. Nada mais construtivo do que usar essa popularidade para levantar questões polêmicas, que podem educar e até apresentar uma outra visão, menos preconceituosa, sobre os temas que estão em nosso dia-a-dia”, analisa Aline Moraes, a Clara da trama, que tem com Rafaela (Paula Picarelli) um relacionamento com aparência homossexual.

    “A relação delas é tão natural que não choca ninguém, só nos leva a refletir como julgamos e condenamos tudo aquilo que não seja igual à gente”, acredita a atriz.

    Para Carolina Dieckmann – que vive Edwiges, às voltas com o preconceito da mãe do namorado, Cláudio (Erik Marmo), por ela ser pobre –, a discriminação tem que ser destacada na novela para que haja discussões.

    “Existem pessoas que sentem o preconceito, mas têm vergonha de explicitá-lo. É bom que se coloque Marta (Marli Bueno) alardeando seu preconceito, para que pessoas vistam a carapuça.”

    Com uma boa repercussão nas ruas por conta da personagem Adelaide – professora de História negra que já citou ter sido vítima de preconceito por parte da mãe de um aluno –, Lica Oliveira sente falta, na TV, de mais negros que sirvam de boa referência.

    “Quanto mais próximo, melhor a referência. O fato de Adelaide ser uma professora e circular no núcleo importante da novela, gera uma resposta positiva.

    “Na rua, as pessoas ficam contentes por ter uma negra fora da cozinha, curtem ver uma professora negra. E a condição profissional dela não é nenhuma obra de ficção”, atesta. “Fico indignada com o modo invisível como tratam a classe média negra. Muita gente fica incomodada com um negro bem-sucedido. Na questão do preconceito, por menos ruim que esteja hoje, o negro ainda está engatinhando”, discursa.

    Por saber da delicadeza do tema de seu personagem – o jovem Fred, que se envolve com a professora Raquel (Helena Ranaldi) – Pedro Furtado já imaginava os questionamentos. “Mas só quando se começa a viver o papel é que você sente. Tem gente que torce, outros dizem que não é certo aluno se envolver com professor. Além da diferença de idade, eles também são discriminados por essa condição. Acham que isso é antiético”, conta.

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