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Política & Poder

Preso pela PF disse que teve acesso a mensagens de Moro ‘por meio de amigo’

Agentes encontraram R$ 100 mil na casa de acusados e suspeitam de movimentações bancárias de mais de R$ 600 mil realizadas pelo casal

Lindauro Gomes

24/07/2019 13h26

Atualizada 25/07/2019 10h22

Um dos presos em Araraquara (SP) na Operação Spoofing da Polícia Federal confirmou que teve acesso a mensagens de celulares de autoridades, especialmente as do ministro da Justiça, Sérgio Moro. O DJ Gustavo Henrique Elias Santos, que teve a prisão temporária decretada por suspeita de invadir celulares, contou ter visto as mensagens no aparelho telefônico de um amigo, Walter Dalgatti Neto, também preso, relatou o seu advogado, Ariovaldo Moreira.

Gustavo e a mulher, Suelen Priscila de Oliveira, prestam depoimento nesta quarta-feira, 24, às 14 horas na sede da Polícia Federal, em Brasília. Além do casal e de Walter, a polícia ainda prendeu Danilo Cristiano Marques.

Agentes federais que participam das investigações disseram à reportagem que um dos presos confirmou envolvimento nas invasões de celulares de Moro e do coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol; e garantiram que não resta dúvida da participação de todo o grupo de Araraquara no crime.

A Operação Spoofing foi determinada pelo juiz da 10ª Vara Federal de Brasília, Vallisney de Souza Oliveira.

O advogado Ariovaldo Moreira, que representa Gustavo e Suellen, disse que o relato ouvido pelo seu cliente sobre as mensagens será narrado nesta quarta em depoimento à polícia. “O Gustavo me falou a respeito da invasão dos celulares. O próprio “Vermelho” (Walter) mostrou que tinha as mensagens. O Walter mostrou mensagens de autoridades para ele há meses. E ele alertou: ‘Cuidado que você pode ter problema com isso’.”, disse. “Ele vai narrar os fatos as autoridades”.

Moreira nega envolvimento de Suellen e Gustavo na invasão dos celulares. “Suellen não sabia nada sobre os fatos”, afirmou. “(Ela) ficou todo tempo algemada, os pés, os braços. Não (lhe) deram direito de falar com os advogados. Foram o tempo todo humilhados. Foram enquadrados por formação criminosa, a princípio”, reclamou o advogado.

Gustavo e Suellen passaram a noite nas dependências da Polícia Federal no Aeroporto de Brasília. A pedido da defesa, a polícia adiou os depoimentos de dois, que estava previsto para terça-feira, 23.

O advogado do casal preso disse que Gustavo trabalha como DJ. O suspeito já foi condenado em outro caso pelo Tribunal de Justiça de São Paulo por porte ilegal de arma. O advogado disse ainda que Suellen tem conhecimento “razoável” e trabalha com criptomoedas.

Em e-mail encaminhado à PF na noite de terça-feira, ao qual a reportagem teve acesso, o advogado solicita informações sobre o cumprimento do mandado de prisão e não autoriza a oitiva de seus clientes sem sua presença.

Movimentações 

Foram identificadas, pela Polícia Federal, movimentações suspeitas na conta dos acusados. De acordo com a PF, DJ movimentou R$ 424 mil entre abril e junho deste ano, enquanto Suelen movimentou, no mesmo período, R$ 203 mil. Além disso, a Polícia Federal encontrou R$ 100 mil na casa do casal.

À Justiça Federal, a PF informou que existem indícios de incompatibilidade entre a movimentação financeira e as rendas declaradas dos dois. Os dados cadastrais de DJ indicam que sua renda mensal seria de R$ 2,8 mil e de Suelen R$ 2,1 mil. 

O juiz da 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília, Vallisney de Oliveira, determinou que seja realizada quebra de sigilos bancários e telemáticos e bloqueios de ativos financeiros acima de R$ 1 mil. A Justiça Federal do DF decidiu que o processo correrá em sigilo já que os autos contêm informações pessoais que não poderiam ser divulgadas no momento das investigações. Até então, apenas a decisão do magistrado foi divulgada.

 

Com informações de Estadão Conteúdo

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