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Política & Poder

Inserção de militares na saúde ‘não tem se mostrado eficaz’, diz Gilmar

Para o ministro do STF, a prática “extrapola a missão institucional das Forças Armadas”. Gilmar já havia dito que o Exercíto se associou a um genocídio durante a pandemia

Redação Jornal de Brasília

14/07/2020 9h46

Foto: José Cruz/Agência Brasil

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, divulgou nota na manhã nesta terça, 14, ‘reafirmando o respeito’ às Forças Armadas e indicando que ‘nenhum analista atento da situação atual do Brasil teria como deixar de se preocupar com o rumo das nossas políticas públicas de saúde’. “Em um contexto como esse, a substituição de técnicos por militares nos postos-chave do Ministério da Saúde deixa de ser um apelo à excepcionalidade e extrapola a missão institucional das Forças Armadas”, afirmou.

A manifestação se dá após diversas críticas direcionadas ao ministro, após sua declaração de que o Exército se associou a um genocídio durante a pandemia do novo coronavírus. O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse que o ministro ‘forçou a barra’ e ‘ultrapassou o limite de crítica’. O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo afirmou estar ‘indignado’ com o que chamou de ‘acusações levianas’. A pasta anunciou que vai encaminhar uma representação à Procuradoria-Geral da República contra o ministro.

Gilmar diz que não atingiu a honra do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica. “Apenas refutei e novamente refuto a decisão de se recrutarem militares para a formulação e execução de uma política de saúde que não tem se mostrado eficaz para evitar a morte de milhares de brasileiros”, destacou.

O ministro disse que na manifestação recente destacou que as Forças Armadas ‘estão, ainda que involuntariamente, sendo chamadas a cumprir missão avessa ao seu importante papel enquanto instituição permanente de Estado’.

No texto, Gilmar ainda ‘conclamou’ por uma ‘interpretação cautelosa do momento atual’, destacando que o país vive uma crise aguda no número de mortes pela Covid-19. Há 59 dias sem ministro da Saúde, o Brasil já registrou 1.888.889 infectados e 72.950 óbitos pela doença. O general Eduardo Pazuello assumiu interinamente a pasta após o médico oncologista Nelson Teich pedir demissão em 15 de maio. É a primeira vez desde 1953 que o ministério fica tanto tempo sem um titular.

Confira a íntegra da nota de Gilmar
Ao tempo em que reafirmo o respeito às Forças Armadas brasileiras, conclamo que se faça uma interpretação cautelosa do momento atual. Vivemos um ponto de inflexão na nossa história republicana em que, além do espírito de solidariedade, devemos nos cercar de um juízo crítico sobre o papel atribuído às instituições de Estado no enfrentamento da maior crise sanitária e social do nosso tempo.

Em manifestação recente, destaquei que as Forças Armadas estão, ainda que involuntariamente, sendo chamadas a cumprir missão avessa ao seu importante papel enquanto instituição permanente de Estado.

Nenhum analista atento da situação atual do Brasil teria como deixar de se preocupar com o rumo das nossas políticas públicas de saúde. Estamos vivendo uma crise aguda no número de mortes pela COVID-19, que já somam mais de 72 mil. Em um contexto como esse, a substituição de técnicos por militares nos postos-chave do Ministério da Saúde deixa de ser um apelo à excepcionalidade e extrapola a missão institucional das Forças Armadas.

Reforço, mais uma vez, que não atingi a honra do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica. Aliás, as duas últimas nem sequer foram por mim mencionadas. Apenas refutei e novamente refuto a decisão de se recrutarem militares para a formulação e execução de uma política de saúde que não tem se mostrado eficaz para evitar a morte de milhares de brasileiros.

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