No ano passado, o ex-ministro Sergio Moro foi alvo de hackers que invadiam as conversas de seu celular. À época, Moro criou o hábito de apagar todas as mensagens do telefone periodicamente. Isso pode afetar o depoimento do ex-juiz à Polícia Federal.
No último sábado, Moro prestou depoimento à Polícia Federal para comprovar as denúncias que fez ao presidente Jair Bolsonaro. Ao sair do governo, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública afirmou que Bolsonaro queria interferir na PF. O hábito de apagar as mensagens, no entanto, pode dificultar as investigações.
Trecho do depoimento prestado no último sábado pelo ex-juiz à PF diz que: “O Declarante (Moro) também esclarece que tem só algumas mensagens trocadas com o Presidente, e mesmo, com outras pessoas, já que teve em 2019 suas mensagens interceptadas ilegalmente por HACKERS, motivo pelo qual passou a apagá-las periodicamente; que o Declarante esclarece que apagava as mensagens não por ilicitude, mas para resguadar, privacidade e mesmo informações relevantes sobre a atividade que exercia, inclusive questões de interesse nacional”.
Moro afirmou à PF que recebeu mensagem de Bolsonaro na qual o presidente teria dito expressamente que “queria” a Superintendência do Rio, sem explicar seus interesses específicos nesse cargo. “Recebeu mensagem pelo aplicativo de WhatsApp do Presidente da República, solicitando, novamente, a substituição do Superintendente do Rio de Janeiro, agora Carlos Henrique; que a mensagem tinha, mais ou menos, o seguinte teor: ‘Moro, você tem 27 Superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro’”, diz o depoimento.
Apesar de Moro ter dado seu telefone celular para a PF fazer cópia das conversas, fontes ligadas ao jornal Extra apontam que esse diálogo era antigo e ainda não foi localizado.