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Política & Poder

Guedes rebate críticas e diz que governo manteve o rumo mesmo no caos

O ministro voltou a citar reformas que já estão no Congresso Nacional, como o pacto federativo, a PEC emergencial (que contém medidas de contenção de gastos públicos) e a administrativa (que pretende alterar as regras do RH do serviço público), mas ressaltou que o timing é político

Marcus Eduardo Pereira

25/11/2020 22h25

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quarta-feira, 25, que o governo “manteve o rumo mesmo no caos” e rebateu críticos que veem falta de uma estratégia clara da equipe econômica para assegurar a sustentabilidade fiscal do País. Em entrevista na sede da pasta, ele também respondeu ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que mais cedo falou que é ponto-chave para o Brasil “conquistar credibilidade com um plano que dê uma clara percepção aos investidores de que o País está preocupado com a trajetória da dívida”.

“O presidente Campos Neto sabe qual é o plano. Se ele tiver um plano melhor, peça a ele qual é o plano dele. Pergunte a ele qual é o plano dele que vai recuperar a credibilidade. Porque o plano nós sabemos qual é. O plano nós já temos”, afirmou Guedes ao ser questionado sobre a declaração do presidente do BC.

O ministro voltou a citar reformas que já estão no Congresso Nacional, como o pacto federativo, a PEC emergencial (que contém medidas de contenção de gastos públicos) e a administrativa (que pretende alterar as regras do RH do serviço público), mas ressaltou que o timing é político.

Ele se disse alvo de críticas injustas. “Quem entregou tanta coisa em tão pouco tempo?”, questionou. Ele afirmou que críticas justas “nos colocam no lugar” e “tiram a arrogância” e voltou a admitir que houve falha nas privatizações.

Guedes desceu de seu gabinete, na Esplanada dos Ministérios, junto ao senador Rodrigo Pacheco e ao secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, para celebrar a aprovação da nova Lei de Falências, que vai agilizar processos de recuperação judicial no Brasil. Ele passou a responder às críticas após ser questionado se estava desacreditado.

“Críticas injustas nos fortalecem”, disse o ministro. Depois, em outro momento da entrevista, ele afirmou que “crítica injusta não merece respeito”.

Guedes afirmou que o governo está “fazendo coisas que não foram feitas antes” e disse que não pede elogios, apenas a observação do que acontece. “Olhem os fatos”, afirmou. “O mercado faz altas todos os dias.” Ele citou ainda a reforma da Previdência. Embora a discussão tenha se iniciado no governo Michel Temer, o ministro ressaltou o envio de uma nova proposta, mais robusta, que então foi aprovada com modificações pelo Congresso. “A Previdência estava andando, mas ninguém fechou (antes de nós)”, ressaltou. “Não quero nem saber quem falou que estou desacreditado”, disse o ministro.

Ao citar as medidas de combate ao coronavírus, Guedes destacou que o auxílio emergencial nasceu dentro da equipe econômica, embora seu valor tenha sido aumentado pelo Congresso Nacional para R$ 500 e, por fim, pelo presidente Jair Bolsonaro a R$ 600. Agora, segundo ele, o País está reduzindo o impulso fiscal, mas o impulso monetário continua.

“Negar esse trabalho, dizer que o governo está sem rumo… mantivemos rumo mesmo no caos”, disse. “Estamos trabalhando duramente”, afirmou.

Guedes: A tragédia nos machucou, mas o que adianta ficar jogando pedra?

O ministro da Economia, Paulo Guedes, comparou nesta quarta-feira, 25, as críticas que tem recebido à atuação da equipe econômica a como se estivesse “sendo apedrejado pelas costas o tempo inteiro”. “A tragédia está aí, nos machucou, atingiu nossas famílias, é péssimo. Agora, o que adianta ficar jogando pedra?”, questionou.

Guedes disse que o ano de 2020 foi “exemplar” em termos de ação conjunta com o Congresso Nacional. Como evidência disso, ele citou a aprovação de mais recursos para a saúde, justamente para combater a pandemia do novo coronavírus, ao mesmo tempo em que houve apoio político à medida que veta aumentos salariais até o fim do ano que vem.

“Vocês têm que nos ajudar a construir uma sociedade melhor. Não se constrói com fofoca, com descredenciamento. O presidente teve 60 milhões de votos, todo dia tem um ataque pessoal”, afirmou Guedes.

“Aí o ministro está fazendo um trabalho, a economia voltou em V, a arrecadação está subindo, a economia está retomando o crescimento, já estava começando a crescer, foi atingida pela doença. Aí todo mundo estava achando que ia ser a pior coisa do mundo, a economia começa a voltar. A tragédia está aí, nos machucou, atingiu nossas famílias, é péssimo. Agora, o que adianta ficar jogando pedra? É como se tivesse tentando ajudar e sendo apedrejado pelas costas o tempo inteiro. Isso é uma ação destrutiva. E quanto a crítica é injusta, ela não merece respeito”, acrescentou.

Guedes desceu de seu gabinete, na Esplanada dos Ministérios, junto ao senador Rodrigo Pacheco e ao secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, para celebrar a aprovação da nova Lei de Falências, que vai agilizar processos de recuperação judicial no Brasil. Ele passou a responder às críticas após ser questionado se estava desacreditado.

Durante a conversa com os jornalistas, o ministro reclamou do que ele classificou como “versão sempre negativa” que é divulgada sobre os fatos e chegou a dizer que deve agora “conversar um pouco menos e trabalhar um pouco mais”. Sem citar nenhum nome, Guedes disse inclusive que “tem um ministro da Saúde que saiu daqui que parecia animador de televisão”. O ex-ministro Luiz Henrique Mandetta deixou o governo em abril após o desgaste da relação com o presidente Jair Bolsonaro, e a aparição constante do então ministro foi um dos fatores que contribuiu para isso.

“Espero que vocês não sejam contaminados por uma crise de desrespeito que há no Brasil. As pessoas estão perdendo o juízo”, disse Guedes. “Estão querendo descredenciar democracia? Será que estamos ensinando que oposição deve ser odiosa?”, continuou.

Interlocução

Após embates com o Congresso, Guedes fez questão de ressaltar que tem “interlocução total” e destacou conversas nesta semana com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), com o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), com a senadora Katia Abreu (MDB-TO) e “senadores da oposição”, sem dizer quais.

O ministro também destacou sinais positivos, como a reafirmação da nota de classificação de risco pela agência Fitch e “elogios” do Fundo Monetário Internacional (FMI) para as políticas adotadas pelo Brasil no combate à pandemia. “Não houve uma promessa que eu tenha feito que não tenha tido como base um acordo político”, disse Guedes, emendando depois um reconhecimento de que, com a pandemia, faltou um debate mais profundo do pacto federativo. Segundo ele, com o pouco tempo até o fim do ano, o governo tomou a decisão de focar na PEC emergencial, que contém gatilhos de contenção de despesa mas é mais enxuta que o pacto.

Ele justificou ainda que a velocidade de implementação do plano da equipe econômica depende de timing político e disse que o governo não tinha, no início, esse eixo de articulação.

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