Menu
Política & Poder

Bolsonaro insinua que derrame de óleo pode ser ação criminosa para afetar leilão

Segundo o presidente Jair Bolsonaro, já se sabe que o petróleo não é fabricado no Brasil nem importado pelo País

Aline Rocha

18/10/2019 13h02

Brazil’s President Jair Bolsonaro attends the Brazil Investment Forum in Sao Paulo, Brazil October 10, 2019. REUTERS/Amanda Perobelli

Em uma “live” na manhã desta sexta-feira, 18, o presidente Jair Bolsonaro insinuou que o derramamento de petróleo que atinge o litoral do Nordeste poderia ter alguma relação com o leilão de petróleo. “Poderia ser uma ação criminosa para prejudicar esse leilão?”, disse dirigindo-se ao ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e representantes da Marinha.

Depois de o almirante Leonardo Puntel fazer uma rápida explicação sobre as ações do Grupo de Acompanhamento e Avaliação, composto por representantes da Marinha, do Ibama e da Agência Nacional do Petróleo, frisando que os trabalhos ocorrem desde o dia 2 de setembro, Bolsonaro questionou sobre as investigações.

Segundo ele, já se sabe que o petróleo não é fabricado no Brasil nem importado pelo País. “Com toda certeza, não vou bater o martelo aqui, esse petróleo seria da Venezuela?”, perguntou a Puntel. “É uma possibilidade”, respondeu o almirante.

Azevedo e Silva disse depois que “o importante é que provavelmente seja um crime ambiente”. Ao que Bolsonaro comentou: “coincidência, ou não, temos aí o leilão da sessão onerosa. Eu me pergunto, mas a gente tem de ter muita responsabilidade no que fala… Poderia – os senhores não precisam responder não – ser uma ação criminosa para prejudicar esse leilão? É uma pergunta que está no ar.”

Ninguém respondeu. 

Vazamento: PF e Marinha vão atrás de dois clientes da Shell

Os dois clientes da Shell que compraram os tambores encontrados com a borra de petróleo suspeita de contaminar as praias de toda a região Nordeste serão acionadas pela Marinha e Polícia Federal para que prestem informações.

Conforme revelado nesta quinta-feira, 17, pelo jornal O Estado de S. Paulo, a Shell, fabricante e dona original dos tambores de lubrificantes, encaminhou ao governo brasileiro dados de dois compradores dos produtos encontrados no Brasil.

A primeira é a empresa Hamburg Trading House FZE, uma distribuidora baseada nos Emirados Árabes, que adquiriu 20 tambores do lote encontrado na costa brasileira. O segundo cliente é a empresa Super-Eco Tankers Management, baseada em Monrovia, na Libéria, na África Ocidental, que comprou cinco tambores do lote da Shell.

As informações sigilosas da Shell foram encaminhadas na tarde desta quinta-feira, 17, ao governo brasileiro. O objetivo neste momento é avançar na trilha logística do produto, para apurar os possíveis responsáveis pelo desastre sem precedentes no mar brasileiro.

A Shell confirmou que os tambores usados para armazenar lubrificantes, e não petróleo, foram produzidos e comercializados por empresas do grupo Shell localizadas na Europa e no Oriente Médio. O governo ainda investiga se o material da empresa é o mesmo que polui 187 pontos da costa brasileira desde o fim de agosto.

O lote de tambores, que tem data de 17 de fevereiro de 2019, foi produzido em Dubai pela Shell Markets. Depois, esses tambores foram comercializados por outra empresa do grupo, a Shell Eastern Trading (SET) no Porto dos Emirados Árabes. As informações foram enviadas à Shell Brasil por meio da SET. A companhia declarou que a Super-Eco Tankers Management, que comprou cinco tambores, “potencialmente opera em águas brasileiras”. A distribuidora dos Emirados Árabes, na avaliação da empresa, é menos provável que passe pela costa do Brasil.

No momento da venda dos lotes, afirma a empresa, houve “transferência de titularidade e custódia do produto e da sua embalagem pela SET ao cliente e ao distribuidor”. Por isso, a SET alega que a informação encaminhada sobre detalhes dos lotes e seus compradores “não indica necessariamente que tais empresas (cliente e distribuidor) sejam proprietários ou possuidores dos tambores investigados”.

 

Estadão Conteúdo 

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado