Menu
Saúde

Terrorismo nutricional: até que ponto você iria para não sair da dieta?

Para a nutricionista Larissa Cerqueira, comer alimentos mesmo que mais calóricos faz parte de uma vida social saudável

Redação Jornal de Brasília

03/06/2022 16h50

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Deixar de comer algo em uma festa para não sair da dieta é para os fracos. Agora levar o próprio cozinheiro para um aniversário infantil é só para a influencer Camila Loures. Nessa semana, a blogueira causou nas redes sociais após levar um chef para a festa de Maria Alice, filha do cantor Zé Felipe com a influencer Virgínia. A finalidade foi apenas uma: não sair da dieta.

No entanto, a atitude de Camila foi duramente criticada nas redes sociais, inclusive por profissionais da saúde. Para a nutricionista Larissa Cerqueira, a divulgação desses ideais fomenta o desenvolvimento de transtornos alimentares, principalmente porque pessoas que têm livre acesso a esses conteúdos podem estar em iminência de estabelecer uma relação nada saudável com alimentos.

Larissa explica que alimentação saudável é diretamente proporcional à capacidade de fazer escolhas razoáveis e adequadas, independente da situação. “Não ir a festas por medo de comer ou só ir a festas se oferecerem a comida que você deseja (salvaguardando grandes problemas de saúde que justifiquem uma restrição alimentar importante) é um comportamento alimentar em iminência de se tornar transtornado!”, ressalta a profissional.

Comer saudável não é sinônimo de seguir uma dieta à risca a ponto de se submeter a uma exclusão social, segundo Larissa. “Esse exemplo reforça o que chamamos de terrorismo nutricional, ou seja, um medo de comer determinados alimentos ou preparações como se as mesmas fossem nocivas e merecessem ser eliminadas da vida social mesmo que sejam em eventos excepcionais”, explica a nutricionista.

Mas o que fazer para não sair da dieta? Larissa diz que é muito possível fazer adaptações nutricionais de acordo com que é servido, mas, o mais importante é saber desfrutar de celebrações, pois isso também significa ser saudável. “Desfrutar uma refeição festiva com equilíbrio, serenidade e prazer é sinal de saúde.

Não é sinal de saúde e nem é razoável normalizar a ideia de que seguir uma dieta depende de contar com uma super estrutura de cozinheiros, ingredientes especiais e controles de cardápio extremos”, finaliza.

Um tratamento nutricional de responsabilidade não se pauta nesse tipo de recomendação proibitiva e ou que condiciona uma alimentação a um tipo de cardápio fixo e sofisticado. Pelo contrário, na pior das hipóteses podemos enquadrar alimentos em grupos possibilitando substituições diversas. Esses grupos não são definidos somente por equivalências de calorias, mas também por composições de nutrientes similares.

Cerqueira defende que o nutricionista deve ensinar os seus pacientes a adquirem essa autonomia e assim serem flexíveis e fazerem escolhas alimentares mais conscientes sem qualquer necessidade de contratar um cozinheiro particular.

A nutricionista finaliza dizendo que é preciso quebrar paradigmas sobre padrões ideais de corpo e alimento. “É necessário desmistificar crenças errôneas a respeito do corpo e da comida e resgatar o prazer de comer sem culpa, questionando padrões de beleza e expectativas irreais em relação ao emagrecimento e ao corpo”.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado