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Saúde

Outubro Rosa: Conhecer o próprio corpo pode salvar a sua vida

Mundialmente os dados são alarmantes: o câncer de mama está topo da lista entre os mais diagnosticados em todo o mundo

Redação Jornal de Brasília

15/10/2021 14h26

Estima-se que no Brasil 66.280 novos casos de câncer de mama devem surgir ainda em 2021. Os dados são do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Afetando em sua absoluta maioria mulheres (99%), o volume corresponde a 11,7% de todos os diagnósticos de câncer no mundo. Os homens representam apenas 1% dos casos.

Mundialmente os dados são alarmantes: o câncer de mama está topo da lista entre os mais diagnosticados em todo o mundo, superando pela primeira vez neste ranking os tumores de pulmão, de acordo com um estudo, divulgado em fevereiro de 2021 pela Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC, da sigla em inglês) – entidade intergovernamental que faz parte da Organização Mundial da Saúde (OMS) – e pela Sociedade Norte-Americana de Câncer (ACS).

De acordo com o mastologista da Oncoclínicas Brasília, Rodrigo Pepe, o câncer de mama é causado pela multiplicação desordenada de células anormais da mama, que forma um tumor com potencial de invadir outros órgãos. O médico explica que não há apenas uma causa, mas que a idade é um dos fatores de risco. “É importante reforçar que a maior parte dos casos acontece depois dos 50 anos. Em cada cinco mulheres, quatro desenvolvem o câncer de mama após completar 50 anos. A hereditariedade é outro fator de risco importante”, explica o médico.

O diagnóstico precoce é fundamental para as chances de recuperação das pacientes. Mulheres com histórico de câncer na família, ou seja, cujas mães, avós ou irmãs tiveram câncer de mama, devem iniciar o rastreio por mamografia mais cedo. A mamografia deve ser realizada anualmente por todas as mulheres acima dos 40 anos e a decisão por adiar ou não esse exame só deve ser tomada mediante o aconselhamento médico.

O câncer de mama pode ser percebido em fases iniciais, como um nódulo (na mama, axila ou no pescoço), pele avermelhada, alterações no mamilo ou saída espontânea de líquido anormal pelos mamilos. “O nódulo é a principal manifestação da doença. Sempre orientamos nossas pacientes para que façam o autoexame, além da mamografia anualmente. Qualquer tipo de alteração na mama precisa ser levada em consideração”, orienta o médico.

Segundo o mastologista, o tratamento do câncer de mama depende do tipo de tumor e do estágio da doença. “Pode incluir cirurgia, que já evoluíram muito, a possibilidade de reconstrução de mama hoje é bem alta. Além de radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica. É importante que a mulher saiba que o câncer de mama pode ser curado. Quanto mais cedo ele for detectado, maior é o potencial de cura. Se no momento do diagnóstico o tumor tiver no estágio inicial, as chances de cura chegam a 95%, por isso é tão importante fazer o acompanhamento anual com o seu médico”, finaliza Dr. Rodrigo Pepe.

Incentivo a mudanças simples nos hábitos de vida

Parar de fumar, ter uma alimentação saudável e manter uma rotina de exercícios para ficar em forma estão, em geral, associados a busca da beleza. A boa notícia é que essas e outras atitudes exercem também papel fundamental na prevenção do câncer de mama.

De acordo com a oncologista da Oncoclinicas Brasília, Mirian da Silva, a obesidade, sedentarismo e tabagismo e alcoolismo estão entre os fatores evitáveis que podem contribuir para o surgimento da doença. “A obesidade contribui para o aumento do risco de câncer de mama por vários mecanismos, sendo o principal, a produção de estrógeno, principal hormônio feminino envolvido no desenvolvimento do câncer de mama, pelos adipócitos (células de gordura).

O ideal seria manter índice de massa corporal (IMC) abaixo de 25 e circunferência abdominal menor que 88 cm. Terapia de reposição hormonal por longo período e em altas doses, também pode aumentar o risco”, afirma a médica.

Ainda de acordo com a especialista há relação também entre o consumo de bebidas alcoólicas e o câncer de mama, sendo essa relação evidenciada em vários estudos. Dados mostram que até uma dose por dia contribuiu para risco 13% maior de desenvolver câncer, principalmente o de mama. A oncologista salienta ainda que uma alimentação rica em frutas, verduras, grãos integrais, uma menor ingestão de gorduras e açúcar, também é uma medida importante na prevenção.

Uma pesquisa publicada na revista Nature e que contou com a colaboração do Ministério da Saúde revela que uma em cada dez mortes em decorrência de câncer de mama no Brasil – cerca de 12% – poderia ter sido evitada com a prática de atividade física regular. A orientação seria prática de atividade física moderada a intensa por cerca de uma hora pelo menos 5 x por semana.

Com relação ao tabagismo outro estudo da Sociedade Norueguesa de Câncer, realizado com 102.098 mulheres na Noruega e na Suécia durante dez anos, descobriu que, em comparação com os não fumantes, aquelas que fumaram 10 ou mais cigarros por dia durante 20 ou mais anos tinham um três vezes mais risco de desenvolver câncer de mama invasivo. Meninas que começavam a fumar antes dos 15 anos tinham quase 50% mais chances de ter o tumor.

Pandemia X câncer de mama

Especialistas alertam que durante a pandemia causada pela Covid-19 dados iniciais indicam que ao menos 70 mil brasileiros deixaram de receber seus diagnósticos em 2020 por não terem realizado exames de rotina essenciais, considerando análise feita pela Sociedade Brasileira de Patologia (SBP). Por isso, o Outubro Rosa ganha ainda mais relevância no reforço da mensagem sobre a importância do diagnóstico do câncer em fase inicial.

“Infelizmente a Covid-19 trouxe um prejuízo bastante grande em relação aos tratamentos oncológicos como um todo. A procura por mamografia que é o principal exame para identificação de tumores de mama caiu muito em 2020. Uma estimativa foi feita pela Fundação do Câncer, com base em dados do Sistema Único de Saúde (SUS) indica que houve uma queda de 84% na procura pela mamografia em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Então o que a gente espera para os próximos anos pós pandemia é um atraso no diagnóstico e isso leva a um diagnóstico de doenças mais avançadas e mais difíceis de tratar”, afirma a oncologista da Oncoclinicas Brasília, Gabrielle Scattolin.

A médica ainda afirma que o aumento do estresse, do consumo de álcool e do sedentarismo aumentaram os fatores de risco para o câncer de mama e que tudo isso pode estar relacionado a pandemia.

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