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Saúde

Maio Cinza: a importância de um diagnóstico precoce

Com mais de 11 mil casos de câncer de cérebro previstos em 2022, campanha se torna essencial para reconhecimento dos sintomas e tratamentos

Mayra Dias

15/05/2022 8h22

A cor de maio é cinza. Isso devido a necessidade de chamar atenção para a divulgação de informações acerca do câncer cerebral, que, por mais que seja grave, com um diagnóstico precoce, pode ser tratado. “Quanto mais gente souber como esse tipo de tumor se manifesta, mais pessoas buscaram acesso a uma investigação adequada, e quanto mais precoce, melhor o resultado final e o controle da doença”, comenta o neurocirurgião especialista, Dr. André Borba.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), estima-se que, neste 2022, 11.090 novos casos de câncer cerebral podem surgir no Brasil, sendo 5.870 em homens e 5.220 em mulheres. Atualmente, esse tipo de câncer ocupa a décima posição entre os tumores mais frequentes nas mulheres brasileiras e a décima primeira posição entre os homens. André destaca que, com devida atenção aos sintomas, diagnóstico e tratamento precoce para que o médico possa atuar o quanto antes, maiores as chances do paciente se recuperar o mais breve possível e restar o mínimo de sequelas.

O câncer, como explica o doutor, significa a multiplicação descontrolada de um tipo específico de célula. “Isso acontece em outros tipos de tumor, como no fígado, no pulmão, no intestino, e não seria diferente no cérebro”, pondera. “A questão é que o cérebro tem vários tipos de células que fazem parte tanto do próprio tecido cerebral, como dos elementos que protegem o cérebro. Então, quando se fala em câncer cerebral, a gente está falando de uma multiplicação de tecidos que podem ser de várias origens”, explica.

Ainda segundo o especialista, mesmo com a sociedade mais preocupada com a saúde, sempre há pessoas que buscam o médico com tumores em estágios já avançados. “Me faz pensar que a divulgação de informações ainda não é suficiente”, acredita. “O mais importante é garantir acesso a qualquer modalidade do sistema de saúde para pessoas que suspeitam, e que tenham qualquer sinal de um provável câncer. Os exames são complexos, e isso tem que ser facilitado”, defende o profissional.

Fatores de risco

Por mais que fatores genéticos tenham sua influência no desenvolvimento da doença, há pontos que, se dado a devida importância, podem contribuir para o não desencadeamento do tumor. Alimentação controlada, evitar fumar, controlar a exposição a agentes que são causadores de câncer, sendo o caso de elementos químicos como benzeno, fumaça, nicotina são alguns desses hábitos que previnem contra a ocorrência de tumores não só do cérebro, mas de todo o organismo.

No entanto, o neurocirurgião, que atende no Hospital Anchieta de Brasília, explica que a causa principal é por mutação genética. “O meningioma é o tumor cerebral benigno mais comum, chegando a atingir três vezes mais as mulheres”, diz. “Outro tumor, como o glioma, pode ter frequência igual ou aumentada para o lado masculino. No geral, são pequenas tendências. Na prática continuamos recomendando as condutas de prevenção para ambos os gêneros”, acrescentou.

André explica ainda que, em pessoas idosas, é mais comum aparecer tumores como os meningiomas, que “são lesões que levam algum tempo para se formar, e que, por isso, vão aparecer em pessoas com mais idade. Tudo depende da multiplicação descontrolada de uma célula do sistema nervoso central”, esclarece o médico.

Sintomas

Os tumores intracranianos promovem fortes dores de cabeça, alterações sensitivas, com perda de sensibilidade e força de alguma parte ou lado do corpo, náusea, vômito, alterações visuais e até convulsões. “Isso acontece dependendo do tamanho do tumor e do local onde ele está. É isso que vai dizer os sintomas. Cada área do cérebro é responsável por uma determinada função. O tumor provoca uma disfunção no local onde ele aparece. Muitas vezes é possível dizer onde o tumor está localizado baseado apenas nos sintomas que o paciente relata mesmo antes de qualquer exame de imagem”, relata o neurocirurgião.

Retirada do câncer

Segundo André Borba, o tratamento, na maioria dos casos, é cirúrgico. “Pouco são os tumores intracranianos que responderão a um tratamento não operatório”, explica. É, desta forma, na cirurgia que se faz a remoção da lesão, podendo este ser um processo mais fácil, ou mais difícil, dependendo da localização, tamanho e tipo do tumor. “Se a gente estiver falando de um tumor profundo, vamos precisar fazer um acesso mais cuidadoso e delicado, em que o cirurgião aborda o cérebro através de uma pequena janela feita no osso, a partir daí acessando o tecido cerebral”, exemplifica o neurocirurgião. Com o auxílio de aparelhos muito específicos, como o microscópio cirúrgico, a neuronavegação e a ultrassonografia intraoperatória é possível localizar tumores profundos e fazer uma dissecção cuidadosa da lesão. Quando o tumor é mais superficial, a localização facilita a retirada.

O tratamento, como ele salienta, começa e termina na cirurgia. “Ela é suficiente para tratá-lo [tumor]. Mas quando tratamos de lesões malígnas, a radioterapia e a quimioterapia, que tem avançado muito nos últimos anos, proporcionam um ganho significativo no tratamento e na sobrevida desses pacientes”, declara André. Como explica o especialista, há os tumores malignos e tumores benignos, mas como o crânio é uma caixa fechada, qualquer lesão provoca aumento das pressões no cérebro. “Os tumores benignos, mesmo que não invadam o tecido cerebral, podem causar bastante dano se não tratados a tempo. Já os tumores invasivos, malignos em sua totalidade, ainda por cima invadem e destroem áreas cerebrais”, conclui o doutor.

Dependendo do local do tumor e do grau de agressividade, ao fazer a retirada é possível reverter completamente os sintomas sem nenhuma sequela ao paciente. “Por isso é importante explicar a importância do diagnóstico precoce, pois, começando o tratamento o quanto antes, é possível deixar o paciente sem nenhuma sequela ou lesão”, finaliza o Dr. André.

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