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Saúde

Ginecologista desmistifica o uso do DIU

Se comparado com os 9% de chance de falha das pílulas anticoncepcionais, o DIU apresenta índice de apenas 0,2% a 0,8%

Redação Jornal de Brasília

25/10/2022 16h11

De acordo com o Ministério da Saúde, até 2018, apenas 1,9% das brasileiras faziam uso do dispositivo intrauterino (DIU). Para 58% das mulheres em todo o Brasil, a pílula anticoncepcional ainda é a primeira opção, segundo recente levantamento feito pelo Instituto Ipsos, enquanto apenas 8% avaliam o DIU como uma possível alternativa de contracepção.

Já uma pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), feita com 2.885 moradoras da cidade de São Paulo e publicada em outubro de 2020 no Caderno de Saúde Pública, revelou que apenas 2,5% das entrevistadas usavam o DIU.

O cenário chega a ser contraditório, já que, se comparado com os 9% de chance de falha das pílulas anticoncepcionais, o DIU apresenta índice de apenas 0,2% a 0,8%, de acordo com um estudo da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos.

Para Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa/SP, Membro da FEBRASGO e Especialista em Perinatologia pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, e em Infertilidade e Ultrassom em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO, e médico nos hospitais Albert Einstein, São Luiz e Pro Matre; a desinformação pode justificar o baixo índice do uso do DIU.

“É fundamental que o médico explique o funcionamento de cada contraceptivo, inclusive os benefícios e os efeitos colaterais. Tão importante quanto é saber o histórico da paciente e orientar qual seria o método contraceptivo mais indicado para ela. A partir das informações, a mulher terá conhecimento e a liberdade de escolher o que melhor lhe convém”, afirma o ginecologista.

O contraceptivo, que possui o formato da letra T ou Y, é inserido no útero pelo ginecologista com o objetivo de prevenir que espermatozoides alcancem os óvulos. Para desmistificar seu uso, Carlos Moraes explica como funciona cada tipo de DIU:

Diu de cobre

Sendo o mais conhecido entre os DIUs, o dispositivo tem estrutura de plástico, revestido de cobre e livre de hormônios. Sua ação consiste em inflamar o tecido uterino, gerando alterações bioquímicas e impedindo que os espermatozoides fecundem os óvulos. A validade é de 5 a 10 anos.

Vantagens
Uma das suas maiores vantagens é o índice de cerca de 99% de eficácia. Além disso, em comparação aos DIUs hormonais, ele não interfere no uso de medicamentos, como antibióticos, anticonvulsivantes, entre outros.

“E, ao contrário do que se pensa, o DIU de cobre tem maior adesão pelo fato de não haver progesterona, podendo ser usado até por pacientes com câncer de mama ou trombose, por exemplo”, diz Carlos Moraes.

Diu de prata

Igualmente livre de hormônios, esse DIU contém tanto a prata como o cobre. A diferença está na junção dos dois metais: a prata estabiliza o cobre, evitando que este não seja fragmentado no organismo, diminuindo possíveis cólicas e sangramentos menstruais e aumentando a eficácia do dispositivo. Possui a mesma ação do DIU de cobre, com a diferença de ter duração média de 5 anos.

Vantagens
O DIU de cobre/prata pode reduzir o fluxo menstrual e as cólicas nos primeiros meses. Além disso, o formato em Y facilita a colocação no útero e diminui possíveis desconfortos no momento da inserção. “Por isso, ainda que o DIU de cobre seja mais barato e tenha maior eficácia (o de prata gira em torno de 99,4%), ele é mais indicado para mulheres com alto fluxo menstrual e com tendência a fortes cólicas”, pontua o ginecologista.

Desvantagens do DIU de cobre e de prata

O DIU de cobre pode provocar maior alteração do padrão menstrual e cólicas, em relação ao DIU de prata. “Muitas vezes, o aumento do fluxo pode deslocar o DIU, diminuindo sua eficácia contraceptiva. Além disso, ambos não podem ser utilizados por mulheres alérgicas à prata e ao cobre”.

Diu de mirena

Também conhecido como DIU hormonal ou Sistema Intrauterino (SIU), o Mirena contém em sua composição o levonorgestrel, um hormônio sintético da progesterona responsável por afinar o endométrio e alterar o muco cervical, evitando que o útero se torne um ambiente propício para a fecundação.

Por conta da liberação de hormônios gerada pelo Mirena, cerca de 44% das mulheres param de menstruar após 6 meses de uso. Com eficácia de 5 anos, o Mirena é indicado para mulheres com problemas de endometriose ou adenomiose, que causa atrofia do endométrio.

Diu de Kyleena

Da mesma forma que o Mirena, o Kyleena é um DIU hormonal com levonorgestrel em sua composição, porém, em menor dosagem. O dispositivo contém 19,5 mg do hormônio e, após a inserção, libera 17,5 mcg nos primeiros 24 dias. Essa taxa cai para 15,3 mcg após 60 dias. Além de obter sulfato de bário, que o torna visível em exames de raio X, o Kyleena possui um anel de prata que também permite maior visibilidade nos exames de ultrassom.

O DIU Kyleena é menor que o Mirena, medindo 30 mm de comprimento, 28 mm de largura e 1,55 mm de espessura, sendo mais adequado para adolescentes e mulheres com o útero pequeno, como aquelas que ainda não engravidaram. Também tem validade de 5 anos e a taxa de falha de ambos é parecida: cerca de duas em cada mil mulheres podem engravidar durante o primeiro ano de uso.

Vantagens do Mirena e Kyleena
O Mirena pode ser utilizado como meio de reposição hormonal na menopausa e como tratamento para mulheres com endometriose. Já o Kyleena, pelo menor nível hormonal, gera menos efeitos colaterais em comparação ao Milena, embora o efeito contraceptivo seja igual.

Desvantagens do Mirena e Kyleena
Ambos os dispositivos não podem ser usados por quem possui alguma contraindicação relacionada a hormônios, incluindo mulheres com câncer de mama ou trombose. “Vale lembrar que independentemente de sua escolha, a camisinha é indispensável nas relações sexuais, pois, além de também ser um contraceptivo, ela é o único meio de prevenir as infecções sexualmente transmissíveis”, alerta Carlos Moraes.

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