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Saúde

E quando a depressão não responde ao tratamento?

A importância de levar a saúde mental a sério e procurar auxílio médico ao observar qualquer possível sintoma depressivo é de extrema importância

Redação Jornal de Brasília

20/10/2021 17h49

Setembro Amarelo: ocupação profissional do estudante é ferramenta no combate à depressão

Por: Renata Figueiredo, médica psiquiatra e presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília (APBr)
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Em meio ao Setembro Amarelo – campanha que tem como objetivo conscientizar a população sobre a prevenção ao suicídio -, é sempre bom lembrar a importância de cuidar da saúde mental. Dados publicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no relatório Suicide Worldwide in 2019 mostraram que uma em cada 100 mortes do mundo acontece por suicídio. Destas, 96,8% estão relacionadas a transtornos mentais, sendo que cerca de 50 a 60% das vítimas nunca chegaram a se consultar com um profissional da saúde mental ao longo da vida. Números esses que assustam! Dito isto, a importância de levar a saúde mental a sério e procurar auxílio médico ao observar qualquer possível sintoma depressivo é de extrema importância.

Mas precisamos chamar a atenção também para quem, mesmo com acompanhamento médico, não tem respostas positivas ao tratamento. A este fenômeno se dá o nome de depressão resistente ao tratamento, e atinge de 10 a 30% dos pacientes com depressão. Também conhecida como refratária ou não responsiva, essa depressão é diagnosticada quando, após seis semanas contínuas de tratamento com duas classes diferentes de antidepressivos, o paciente não apresenta nenhuma melhora. Além de todos os claros malefícios em não conseguir tratar o quadro, pacientes com depressão resistente ao tratamento tendem a ter um risco três vezes maior de internação, além de um maior grau de incapacitação.

Assim como as causas da depressão em si, os motivos específicos que a fazem resistir ao tratamento ainda não são completamente conhecidas. Contudo, a maior probabilidade é que isso aconteça por conta da individualidade de cada organismo e da forma que o medicamento é recebido, tanto no cérebro quanto no órgão específico em que ele é metabolizado no paciente. Além disso, alguns organismos têm maior capacidade de absorção de medicamentos que outros.

Soluções

Apesar de ser um quadro preocupante, a depressão resistente ao tratamento pode ser gerenciada com algumas opções de tratamentos disponíveis. As terapias somáticas – como são chamados os tratamentos que utilizam abordagens holísticas para favorecer o equilíbrio entre corpo, mente e emoções – são bastante utilizadas nestes casos. Associadas às terapias farmacológicas, elas costumam trazer bons resultados aos pacientes.

Uma delas é a Eletroconvulsoterapia (ECT). Esta técnica se utiliza de uma baixa corrente elétrica, que induz à convulsão e provoca a despolarização da membrana neuronal e abre canais de comunicação entre os neurônios. O ECT está disponível, inclusive, em algumas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS), contudo ainda há muito medo da população em torno dele, por ser confundido com o antigo “eletrochoque”, que era utilizado como método de tortura.

Contudo, é importante dizer que o método é perfeitamente seguro e legalizado! Hoje em dia, para que a eletroconvulsoterapia aconteça é necessário que ela siga parâmetros específicos e bastante rigorosos, como a utilização de anestesia e o monitoramento do paciente antes e depois do procedimento. Geralmente são necessárias de 9 a 12 sessões de duas a três vezes por semana, sendo que, em alguns casos, já é possível observar melhora na primeira sessão.

Vale lembrar que, em paralelo aos tratamentos médicos, manter bons hábitos é sempre recomendável – seja a pessoa paciente psiquiátrica ou não -. Manter uma rotina de alimentação equilibrada, hidratação adequada, exercícios físicos, meditação, espiritualidade e socialização ajuda na manutenção da saúde mental.

Por fim – não só durante um mês por conta da campanha Setembro Amarelo, mas sim por todo ano -, é essencial quebrar o estigma e preconceito que existem em torno das doenças psiquiátricas e seus tratamentos. Procurar ajuda e tratar este tipo de quadro é de grande importância e ajuda a salvar vidas!

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