Aos poucos dias de vida, o pequeno Pedro Henrique passou por uma reviravolta inesperada ao apresentar alteração no teste do olhinho, exame obrigatório que identifica possíveis distúrbios visuais em bebês. O que parecia ser um caso de catarata congênita se revelou algo mais grave após os exames realizados no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF): o retinoblastoma, tipo de câncer ocular mais comum na infância. A condição, que acomete cerca de uma a cada 15 a 20 mil crianças no mundo, evidencia a importância da triagem neonatal e do diagnóstico precoce para garantir maiores chances de tratamento e qualidade de vida.
Graças à detecção precoce, as chances de cura podem superar 95%, segundo a American Cancer Society e dados da literatura médica internacional. E é justamente essa importância do diagnóstico antecipado que o Dia Mundial da Visão, celebrado na segunda quinta-feira de outubro, busca reforçar. Para o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF), cuidar da saúde ocular das crianças é um compromisso que deve durar o ano inteiro.
O retinoblastoma afeta principalmente crianças menores de 5 anos, sendo metade dos casos diagnosticados antes dos 2 anos. Embora raro, a detecção rápida é determinante tanto para a cura quanto para a preservação da visão.
O câncer ocular pode ocorrer de forma esporádica ou hereditária. Crianças com histórico familiar devem ser acompanhadas desde o nascimento, para garantir que qualquer alteração ocular seja detectada rapidamente.
O caso de Pedro Henrique
Hoje com 4 meses, Pedro Henrique está em São Paulo com a mãe, onde passou por cirurgia e aguarda o resultado da biópsia para definir os próximos passos do tratamento. “É muito importante manter a calma e ter fé. Buscar o tratamento faz toda a diferença na vida da criança”, reforça Luiz Henrique, pai do bebê.
O oftalmologista Fábio Luis Bosso, especialista em retina do Hospital de Base, explica que exames detalhados foram essenciais para identificar o tumor em fase inicial. “Um exame anterior não mostrou o tumor, mas a tomografia realizada no Base permitiu o diagnóstico precoce”.
Tratamento e chances de cura
O tratamento do retinoblastoma pode incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou terapias focais, como laser e crioterapia (técnica minimamente invasiva que utiliza frio extremo para destruir células tumorais), dependendo do estágio da doença. Quanto mais cedo a detecção, maior a chance de preservar a visão.
Segundo o Ministério da Saúde, estima-se que surjam cerca de 400 novos casos da doença por ano no Brasil. Reconhecer os sinais precoces pode salvar vidas.
Sinais de alerta e onde buscar atendimento
Cuidar da visão desde cedo pode transformar o futuro de uma criança, e a atenção dos pais é o primeiro passo. Os sinais de alerta incluem reflexo branco ou opaco na pupila (“olho de gato”), geralmente percebido em fotos com flash, estrabismo, inchaço ou dor nos olhos e redução da visão.
O Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB) é referência nesse tipo de atendimento, assim como os Hospitais Regionais da Asa Norte (HRAN) e do Gama (HRG). Em situações de urgência, o Hospital de Base do DF oferece pronto-socorro oftalmológico 24 horas.
Com Informações da Agência Brasília