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Política & Poder

Urnas ‘programadas’ e outras mentiras que rondaram as eleições

Em um país com mais celulares que pessoas, a desinformação também circulou ferozmente no dia da votação

Redação Jornal de Brasília

03/10/2022 17h43

Foto: Agência Brasil

As autoridades eleitorais diminuíram a quantidade de urnas eletrônicas para os eleitores brasileiros no exterior e aumentaram nas prisões? Não.

Os eleitores puderam vestir a camisa da Seleção, favorita do presidente de ultradireita Jair Bolsonaro, nos centros de votação? Sim.

Como já é frequente, as eleições presidenciais no Brasil – que terá um segundo turno entre entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL) em 30 de outubro – foram tomadas por desinformação na internet. A equipe de fact-cheking da AFP investigou.

Voto nas prisões

Uma mensagem nas redes sociais que viralizou nas vésperas da votação de domingo – na qual Bolsonaro contrariou as previsões e alcançou um segundo lugar, encostado no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – divulgava o seguinte “fato”:

“TSE reduz número de urnas para brasileiros que vivem no exterior e amplia nos presídios. A conclusão é por sua conta!”

De acordo com uma lei de 2010, as penitenciárias brasileiras recebem urnas eleitorais para os presos aptos a votar.

Neste domingo, de fato, foram enviadas menos que nas últimas eleições gerais em 2018: 222, frente a 233 há quatro anos, segundo o TSE.

Já o número de urnas destinadas aos eleitores no exterior passou de 744 a 1.018 nesse período.

Urnas “programadas”

Outro rumor que viralizou antes do primeiro turno garantia que três urnas eletrônicas foram “programadas com ao menos 81% de votos para Lula” na cidade de Serafina Correia, no Rio Grande do Sul.

“É um golpe contra o Bolsonaro e um crime contra seus seguidores”, dizia a mensagem, que citava uma rádio local como fonte.

Uma foto que acompanhava a publicação mostrava a polícia inspecionando um veículo do TSE com caixas de papelão, cada uma identificada como “urna eletrônica”.

Um pesquisa revelou que essas imagens na verdade são de um controle de rotina de veículos no Amazonas em 2018. A polícia afirmou na época que não encontrou nenhuma irregularidade.

A rádio local citada como fonte negou a versão.

Votos perdidos

Um vídeo amplamente compartilhado no Twitter, YouTube, Facebook, Telegram e TikTok destacava uma nova função nas urnas eletrônicas, usadas no país desde 1996.

Assim que os eleitores selecionavam seu candidato, uma janela os convidava a revisar sua opção antes de pressionar o botão verde, “Confirma”.

“Antes não existia isso. Agora, você digitou um número lá na urna, aí aparece assim embaixo: ‘confira o seu voto’ piscando, você não vai ler confirma? E não vai apertar o confirmar? Dá impressão que isso é feito para confundir, pra pessoa perder o voto”, disse um homem no vídeo. Mas isso é falso, segundo o TSE e as revisões independentes da AFP ao sistema de votação.

“Regras” para votar

Em um país com mais celulares que pessoas, a desinformação também circulou ferozmente no dia da votação.

Uma publicação nas redes sociais afirmava que “pela primeira vez”, aqueles que estavam na fila no momento do fechamento, às 17h locais, puderam votar.

Na verdade, isto consta da legislação eleitoral brasileira desde 1965.

Houve outras publicações com supostas “regras” para a votação, todas falsas:

  • Quem estivesse de máscara não poderia votar.
  • Uso da camiseta da seleção seria proibido.
  • Se votasse apenas para presidente e não em outros candidatos, o voto seria anulado.
  • As zonas eleitorais fechariam às 16h em todo o país.

© Agence France-Presse

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