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Política & Poder

Taxa de desemprego caiu com Lula e Bolsonaro, mas dados não são comparáveis

As estimativas oficiais tiveram mudanças metodológicas com o passar dos anos, e os resultados das duas gestões não podem ser confrontados

FolhaPress

30/09/2022 19h08

Foto: AFP

Leonardo Vieceli
Rio de Janeiro, RJ

A taxa de desemprego caiu ao longo dos governos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), indicam dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

As estimativas oficiais, porém, tiveram mudanças metodológicas com o passar dos anos, e os resultados das duas gestões não podem ser diretamente confrontados, ponderam especialistas.

Lula aparece na liderança das pesquisas de intenção de voto às vésperas das eleições, seguido por Bolsonaro -o primeiro turno será neste domingo (2). Da lista de candidatos em 2022, os dois são os únicos que já venceram disputas pela Presidência.

A atual pesquisa sobre desemprego no Brasil é a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). Com recorte trimestral, a amostra cobre o território nacional, além de trazer outros detalhamentos. A série histórica reúne dados a partir de 2012.

Nesta sexta-feira (30), o IBGE divulgou a edição mais recente da Pnad, com dados para o trimestre até agosto. Segundo a pesquisa, a taxa de desemprego das pessoas de 14 anos ou mais recuou para 8,9% no período.

No trimestre até dezembro de 2018, antes da posse de Bolsonaro, a taxa de desocupação era de 11,7%. Em discursos de campanha, o presidente procurou chamar atenção para a baixa do indicador.

A trégua da desocupação vem em um contexto de reabertura das atividades econômicas após as restrições causadas pela pandemia, que paralisou empresas e destruiu postos de trabalho. Durante a crise sanitária, a taxa de desemprego chegou a marcar 14,9%, máxima na Pnad.

“A gente tem um momento que permite a recuperação porque fomos muito ao fundo com a pandemia”, diz a economista Vívian Almeida, professora do Ibmec-RJ.

Às vésperas das eleições, Bolsonaro também buscou aquecer a economia com cortes tributários e liberação de recursos, incluindo a ampliação do Auxílio Brasil em agosto.

“Bolsonaro pegou um país saindo de uma recessão. Depois, entrou em uma tremenda crise sanitária. A recuperação de agora [do mercado de trabalho] também tem o impacto dos estímulos adotados com fins de permanência no cargo”, diz Sergio Firpo, professor de economia do Insper.

Nos dois mandatos de Lula (2003 a 2010), a pesquisa de desemprego divulgada pelo IBGE era a PME (Pesquisa Mensal de Emprego). A série histórica desse levantamento foi encerrada em fevereiro de 2016.
Uma das principais diferenças em relação à Pnad Contínua diz respeito à abrangência territorial.

Os dados da PME eram estimados a partir das áreas de seis regiões metropolitanas (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio Janeiro, São Paulo, Porto Alegre).

Além disso, a taxa de desocupação era calculada entre pessoas a partir de dez anos de idade -a Pnad Contínua parte dos 14 anos.

No mês de dezembro de 2002, antes da posse de Lula, o desemprego estava em 10,5% no total das regiões analisadas, segundo a PME. Oito anos depois, em dezembro de 2010, o indicador caiu para 5,3%.

Na campanha deste ano, o ex-presidente também procurou destacar a baixa da desocupação ao longo das suas gestões.

“Teve uma série de fatores no governo Lula. A gente estava em um boom das commodities, conseguimos crescer e redistribuir renda de maneira impactante”, diz Firpo.

“No começo do governo, ele [Lula] adotou políticas para arrumar a casa, de ajuste fiscal, que deram previsibilidade para os mercados. Depois, deu uma degringolada”, pondera.

Almeida também cita mais de um ponto ao analisar o contexto da era petista. “Lula deu segurança [no começo do primeiro mandato] de que iria manter políticas econômicas adotadas antes. Também houve o impacto do boom das commodities”, aponta.

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