BRUNO RIBEIRO
FOLHAPRESS
O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) prepara uma carta de intenções ambientais e organizou um seminário sobre o verde, que teve início nesta terça-feira (4), para tentar se destacar na agenda ambiental que terá o governo Lula (PT) como protagonista na COP30, que começa no próximo dia 6.
O evento, Summit Agenda SP+Verde, reuniu 67 empresas em tendas montadas no Parque Villa-Lobos, na zona oeste da capital paulista, e tem programação até esta quarta (5). A abertura da conferência do clima, em Belém, será nesta quinta (6).
Cotado como candidato da direita ao Planalto em 2026, Tarcísio deu peso ao evento, deslocando a maior parte de seu secretariado para comparecer à cerimônia de abertura. Ao longo de seu governo, diferentemente do padrinho político Jair Bolsonaro (PL), ele reconheceu o aquecimento global e a necessidade de transição energética para mitigar a crise climática.
O governador foi ministro da Infraestrutura de Bolsonaro e defende a suspensão das punições contra o ex-presidente na esfera eleitoral, Bolsonaro se tornou inelegível por abuso de poder político e econômico, e, na esfera criminal, foi condenado a 27 anos de prisão pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por liderar a trama golpista.
Durante o governo Bolsonaro, agências como Ibama e Funai, responsáveis pela proteção de áreas ambientais e reservas indígenas, foram alvo de ataques. O mesmo ocorreu com o Inpe, que monitora os desmatamentos no país.
“Não poderia ter um evento melhor, uma oportunidade melhor, pré-COP30. Um grande aquecimento, a gente pode dizer assim”, disse Tarcísio ao abrir seu discurso, no qual ressaltou ações ambientais de sua gestão, como estímulo a combustíveis renováveis, crédito a empresas que atuam na transição energética e um acordo que prevê desconto para pagamento de multas ambientais e recuperação de áreas desmatadas.
Tarcísio também citou aumento da coleta de esgoto, decorrente da privatização da Sabesp, e projetou redução da emissão de gases de efeito estufa no transporte público com mais investimentos em trens e metrô. “Tem muita coisa para a gente celebrar em termos de sustentabilidade”, disse.
Havia expectativa de que o governador percorresse os estandes do evento e concedesse uma entrevista coletiva. Contudo, ele se recusou a falar com jornalistas e acabou não sendo questionado sobre a oposição entre discursos do bolsonarismo com a pauta do meio ambiente.
Uma auxiliar dele, em conversa com a reportagem, afirmou que, na área verde, Tarcísio pede que sua equipe atue de forma técnica, sem orientação para defender agendas de Bolsonaro, buscando destacar as oportunidades econômicas trazidas pela agenda ambiental.
Tarcísio, contudo, não confirmou presença na COP30. Ele deve enviar sua secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, e a subsecretária de Energia e Mineração, Marisa Maia de Barros.
Natália disse que a carta de intenções que deve ser divulgada pelo governo paulista não fará cobranças ao governo federal.
“A gente vai fazer uma carta de compromissos em que o estado de São Paulo reforça o seu compromisso em relação à segurança hídrica, à biodiversidade, à segurança alimentar. Toda uma linha de atuação. Transição energética, descarbonização, olhar nossa matriz de transporte e cada vez mais estimular a questão dos trilhos das hidrovias”, disse.