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Política & Poder

Sogro de auditor do TCU, vereador de SP diz que genro não agiu por má fé e não é bolsonarista radical

Os dados do documento foram usados pelo presidente Jair Bolsonaro para sugerir uma supernotificação de óbitos pela pandemia

Redação Jornal de Brasília

09/06/2021 17h22

Foto: Reprodução

Camila Mattoso
Brasília, DF

O auditor Alexandre Figueiredo Costa e Silva, que inseriu documento com informações distorcidas sobre a Covid-19 dentro do sistema do TCU (Tribunal de Contas da União), é genro do vereador paulistano Eliseu Gabriel (PSB). O político, atualmente em seu sexto mandato, disse à coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo, que ficou surpreso com o envolvimento de Silva no episódio e que acredita não ter havido má fé. Ele diz ter conversado com o genro nesta terça-feira (8).

Os dados do documento foram usados pelo presidente Jair Bolsonaro para, mais uma vez sem provas, sugerir uma supernotificação de óbitos pela pandemia no Brasil. Como revelou a coluna Mônica Bergamo, também da Folha de S.Paulo, o auditor disse à chefia imediata no TCU que seu pai, militar amigo do presidente, teria encaminhado as informações a Bolsonaro.

“É um rapaz muito bom, boa gente. Tenho certeza de que não teve má fé dele. Era um documento interno que ele estava avaliando se havia subdimensionamento ou superdimensionamento [de casos de óbitos por Covid em estados], ele não estava fazendo juízo de valor. Pelo menos foi o que entendi. É um rapaz sério, não é um cara que se possa imaginar que armou, nada disso”, diz o vereador.

A filha de Eliseu Gabriel, a enfermeira Naira Stuart, costuma fazer postagens em defesa da vacinação em suas redes sociais, algumas em tom crítico ao governo federal. Em 22 de março, escreveu “Nunca foi uma gripezinha” e compartilhou reportagem a respeito de intubação do ator Paulo Gustavo, que morreria em 4 de maio. Bolsonaro já disse que não seria uma gripezinha que o derrubaria.

O vereador diz que conversou com o genro após a repercussão do caso e ele se disse tranquilo. “Liguei para ele. Está muito tranquilo. Ele disse que não fez nada e não tem o que temer. Segundo me disse, não era um documento público, teria sido coisa interna que não era para ter sido publicada. Ele estava fazendo um estudo se haveria supernotificação ou subnotificação. Não vi manobra ou ação política. Minha impressão é essa”, afirma Gabriel.

Sobre a relação de proximidade com a família do presidente, Gabriel disse que não conversaram sobre isso e que ele mesmo não tem relação de proximidade com a família do genro. “Fiquei até surpreso de ele [Silva] entrar em uma dessas assim. Não tem muito a ver. É um técnico muito qualificado, muito estudioso, passou em concurso muito bem colocado. Preparadíssimo. Não acredito que seja algum tipo de má fé ou articulação”, diz o vereador.

Gabriel diz que não vê o genro como uma pessoa de esquerda ou de direita. “É centrado. É muito patriota, quer saber o que é melhor para o país, contra a corrupção. Um cara desses assim. Dessas boas almas brasileiras”, afirma o vereador, que diz que “de jeito nenhum” Silva poderia ser descrito como bolsonarista radical. “Inclusive, sou do PSB, sempre quando converso com ele nunca teve debate nem nada”, conclui.

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