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Política & Poder

Segurança pública: bancada já considera Fraga ministro

Em entrevista ao JBr, Coronel Tadeu, da Bancada da Bala, afirma que nova pasta deverá ser anunciada nas próximas semanas e que ex-deputado do DF é o nome

Rudolfo Lago

04/06/2020 6h43

“Ministério da Segurança deve sair em semanas”

Integrante da chamada Bancada da Bala, ou da Segurança Pública, o deputado Coronel Tadeu (PSL-SP) já trata a criação do Ministério da Segurança Pública, desmembrado da Justiça, como um fato consumado. Na sua avaliação, o anúncio da criação e a edição da Medida Provisória instituindo a nova pasta, deve acontecer em algumas semanas. E o nome para conduzí-la, segundo ele, deve ser mesmo o ex-deputado Alberto Fraga (DEM-DF).

Além de amigo pessoal do presidente Jair Bolsonaro, Fraga é a indicação da bancada para o cargo. No PSL, Coronel Tadeu é um dos que ficou ao lado de Bolsonaro, após a cisão que houve no partido. Nesta entrevista, ele fala também das tensões entre os poderes e do governo com os governadores diante do combate à pandemia do coronavírus.

As últimas informações são de que o presidente Jair Bolsonaro está decidido a recriar o Ministério da Segurança. Uma reivindicação que já vinha sendo feita pela senhor e pelos demais parlamentares ligados à área de segurança. O Ministério será mesmo criado? Por que sua criação é importante?

Se você fizer um questionamento a qualquer cidadão brasileiro sobre quais são as suas maiores preocupações, normalmente entre as cinco primeiras estará a segurança pública. Então, isso, por si só já justifica termos uma pasta específica. Segundo ponto: em muitos estados e em mais de dois mil municípios, há diretorias, no caso dos municípios, e secretarias, no caso dos estados, específicas para a área de segurança. Terceiro: é um tema complexo. Porque mexe não só com a criminalidade, mas também com a segurança de fronteiras e com o sistema penitenciário. Então, por esses motivos, se justifica termos um Ministério da Segurança.

A informação de que será criado o ministério é hoje já uma coisa confirmada?

Cem por cento confirmado, a gente não pode dizer. Mas o assunto está bem adiantado. E possivelmente irá vingar. O ministério deve acontecer em algumas semanas.

E o ministro deverá ser mesmo o ex-deputado Alberto Fraga?

Sem dúvida. A nossa indicação seria o nosso ex-deputado federal, Fraga. Ele tem experiência. Tem uma carreira policial. Conhece muito bem o assunto. É um parlamentar experimentado. O que é bom. É um futuro pretenso ministro que tem um trânsito muito bom dentro do Parlamento. Com certeza, será um facilitador do governo por essas suas qualidades.

Um dos argumentos que vem sendo usados no sentido da necessidade de criação dessa pasta é um certo temor de que no momento em que nós sairmos dessa situação de isolamento social por causa da pandemia do coronavírus e com um possível agravamento da crise econômica, os problemas de segurança deverão vir mais graves. O senhor partilha dessa avaliação?

Há uma relação inversamente proporcional quando se fala de economia e segurança pública. Normalmente, quando você tem uma economia que não vai bem, você tem uma preocupação maior com a segurança pública, porque os índices criminais sobem. Isso tudo se dá porque as pessoas perdem o emprego e, olha, o que eu vou falar aqui infelizmente é uma verdade, elas vão roubar, vão assaltar, para poder sobreviver. Então, quando você tem miséria e pobreza, aqui no Brasil a coisa se inverte proporcional. A economia andando bem, o índice criminal baixa. E economia andando mal, o índice criminal sobe.

O presidente deixou o PSL e faz agora as tratativas para criar o Aliança pelo Brasil. O senhor deverá ir para o Aliança?

Não me agrada essa história de ficar mudando de partido. Eu estou no PSL e, teoricamente, eu tenho um compromisso com o PSL até o final do meu mandato. Mas eu também preciso ver que rumo vai tomar o PSL antes de tomar uma decisão. Não pensei nisso. Não é hora também de pensar. Cada coisa no seu tempo. Eu não avanço o tempo na política. Hoje, eu estou trabalhando pelo PSL, tentando ajudar algumas candidaturas. Mais à frente é que eu vou ver o que eu vou fazer da minha vida política. Agora, o importante é que eu estou cem por cento do lado do presidente Bolsonaro. Porque fiz minha campanha com esse compromisso. Eu não vou romper as minhas palavras, não vou mudar o meu discurso agora de forma nenhuma. Fui pedir votos justamente com a bandeira de que o Bolsonaro seria um presidente que iria dar um jeito de estancar a corrupção no país. E deu. Essa promessa está sendo cumprida. Portanto, eu vou permanecer ao lado do presidente. Apoiando o governo em todas as pautas. Essa questão partidária vamos pensar lá na frente. Não sei se o Aliança vai sair do papel. A informação que já é que está patinando a coleta das fichas de filiação. Você precisa de 500 mil fichas de pessoas não filiadas para formar um partido. Não é uma tarefa fácil.

Agora, esse ambiente interno talvez seja um pouco complicado, não? O partido dividido, com duas posições diferentes…

Complicado, não. É péssimo. É horrível. Porque você tem dois times. O PSL com 53 deputados seria uma coisa. O PSL rachado em dois times é outra completamente diferente. Eu estou tentando fazer o melhor, tentando me movimentar o mais que eu posso para atender às minhas demandas, atender às demandas do estado de São Paulo. E cada um que viva a sua vida e vá ser feliz.

Recentemente, em uma entrevista, o senhor falou que, apesar de ser aliado do presidente, se preocupava com o alto grau de tensão entre os poderes, a briga com o Supremo Tribunal Federal. Essa tensão, na sua avaliação, vem dos dois lados? E como trabalhar para diminuir isso?

Esse clima que ora ferve ora abaixa a fervura entre os poderes não é bom para o país. A gente percebe nitidamente que o presidente Bolsonaro não está pisando em um terreno tranquilo. Ele vem sendo atacado constantemente, desde o início do seu mandato, em especial pela grande mídia, que pontua sempre somente as coisas desfavoráveis. Não bastasse isso, ele tem toda a oposição, que faz exatamente o jogo político do contraponto. Até aí é admissível, porque eles são oposição mesmo, eles não fizeram campanha para o presidente Bolsonaro. E, aí, entra nesse circuito todo o Legislativo e o Judiciário. Então, acabam ocorrendo disputas, acabam ocorrendo tensionamentos, e o presidente acaba soltando algumas frases, e essas frases viram alvos de muitos ataques. Eu, sinceramente, nunca vi isso assim na minha vida. O Bolsonaro realmente passa por poucas e boas.

O que deveria haver realmente era uma paz entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Deveria haver um distanciamento educado dos poderes, com bastante conversa, com bastante diálogo, com bastante tranquilidade, para que a política fluísse. É muita disputa por poder. E o Bolsonaro tem o público dele. E esse público pode levá-lo a uma votação no primeiro turno que o coloque já diretamente no segundo turno. E, aí, vêm aqueles raciocínios: “Nós não podemos deixar o Bolsonaro crescer de forma alguma, senão ele ganha a próxima eleição”. Mas, para se prejudicar o Bolsonaro se prejudica o país. Não entra na minha cabeça que, neste momento que é um momento de trabalho, você querer prejudicar o país agora para querer ganhar uma eleição lá na frente. Isso é um pensamento muito tacanho. Agora, coloque um tempero adicional nisso, que é a crise de saúde que nós estamos vivendo. Então, isso fez com que o cenário político fosse colocado dentro de um saco e chacoalhado. Não dá para você resolver uma guerra com outra. Nós estamos numa guerra. E, por trás dessa guerra, nós temos uma outra política que infelizmente está muito acirrada. Isso não é bom para o país.

O senhor acha que o presidente tem sido um bom construtor de pontes? Ou ele também não contribui para essa tensão?

De todos os lados eu não vejo ninguém se mexendo de uma forma contundente para construir a famosa ponte que você falou. Está todo mundo armado esperando o outro dar o primeiro tiro. Então, realmente nós estamos precisando movimentar várias pessoas, para ir conversando, fazendo interlocuções para aproximar os três poderes e fazer com que esses três poderes pelo menos convivam em harmonia. Precisa haver uma convivência saudável. Pode um não gostar do outro. Não há problema nenhum. Faz parte do jogo político. Ninguém precisa declarar amor eterno a quem quer que seja. Mas é preciso haver uma convivência. Às vezes, essa diputa faz com que o circo da política pegue fogo e você não consegue apagar tão rápido assim. É extremamente complicado. O Poder Judiciário, que entrou em cena agora, sempre esteve ali mais distante, observando tudo, tentando ser um mediador das disputas, acabou entrando nas últimas semanas também numa linha de confronto.

O senhor mencionou a questão da pandemia, que adiciona um elemento forte de crise nessa situação toda. Mas talvez o fato de o presidente adotar uma linha com relação à pandemia que não é a linha recomendada pela Organização Mundial de Saúde, que não é a linha adotada por boa parte dos governadores, não está também contribuindo para aumentar esse grau de tensão?

Quando veio essa crise, vamos reconhecer que nenhum país tinha passado por algo semelhante a isso. Se passamos por algo semelhante, foi há cem anos, quando tivemos a pandemia da Gripe Espanhola. Nós poderíamos ter aprendido com os erros dos outros países. E, aí, falhamos. Agora, que autonomia teve o presidente para gerir a crise nos estados e nos municípios? Nenhuma. Então, a partir daí eu faço uma primeira conclusão: o presidente não tem culpa nesse processo. Ele não tem culpa desses desmandos que estão ocorrendo nos estados e municípios. Porque lhe foi tirado o poder de decisão. O próprio Supremo decretou que nos estados, a decisão é dos governadores. E que nos municípios mandem os prefeitos. Mas essa é uma verdade que não se confirmou. Porque o que o governador queria, se o prefeito fosse contrário, o prefeito perdia. Aqui, em São Paulo, nós tivemos vários exemplos de cidades que não tinham absolutamente nada de covid-19 que os prefeitos queriam fechar as suas cidades, o trânsito, o vai-e-vem para continuar isolados, mas permitir que o comércio abrisse, que a atividade econômica ainda existisse, e foram proibidos pelo governador e pelo Poder Judiciário. Segundo ponto: nós temos o Ministério da Saúde, que tem a missão de dar suporte aos estados. E suporte, vamos entender recursos e eventualmente material.

E o Ministério da Saúde, até onde eu sei, vem cumprindo isso. O governo está fazendo uma compra de 14 mil respiradores, já entregou dois mil respiradores, tentando ajudar os lugares onde está vendo que vai precisar. Mas eu vejo também que governadores e prefeitos fizeram dessa pandemia uma briga política. Se contrapuseram ao presidente. O presidente pensava uma coisa, eles fizeram exatamente outra. E qual o resultado disso? Os números explodindo em várias capitais. Esses governadores estão tentando antecipar a campanha de 2022. A ideia é muito clara: é matar o povo para dizer que o governo Bolsonaro não vem conduzindo bem para se sair bem nas eleições. Em cima das mortes das pessoas, eles querem um trampolim para 2022. Isso é muito feio. Um sujeito desses, que age dessa forma, em um momento tão delicado, onde as pessoas estão morrendo, tem que ser banido da política. Isso eu tenho certeza: o governador João Dória vai ser banido da política. Esse sujeito não vai se eleger para absolutamente mais nada. São Paulo tem 48 milhões de habitante. Já passou de 110 mil casos. Já passou de oito mil mortes. Do mesmo tamanho de São Paulo, nós temos a Argentina, com 48 milhões de habitantes também, e com apenas 530 mortes, aproximadamente, não chega a 600. A Coreia do Sul tem 10 milhões de habitantes a mais que São Paulo e não chegaram a 300 mortes. Então, você percebe o descaso, você percebe a leniência com que esse assunto está sendo tratado em São Paulo. Dória vai pagar o preço dele, eu não tenho a menor dúvida. O pensamento do presidente Bolsonaro lá no começo era realmente que houvesse o combate tanto à pandemia quanto à destruição da economia. E o que fizeram os governadores? Nem combateram a covid nem combateram a destruição da economia. Ou seja: deixa o barco afundar mesmo. E, olha, vou dizer mais uma coisa: me fala um estado que não tenha um caso de corrupção com dinheiro público neste momento em que é permitida a dispensa de licitação para qualquer item? Superfaturamentos. Eu me assustei com os números dos contratos do tal do Iabas (instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde), contratado pelo governo do Rio de Janeiro. R$ 835 milhões na mão de uma organização. Neste momento tão difícil que nós estamos, como é que você coloca R$ 835 milhões na mão de um instituto que não tem uma experiência sequer no combate a uma pandemia como essa? É uma extrema irresponsabilidade. Então, fizeram, sim, propositalmente, uma guerra política em cima de uma guerra de saúde pública, de uma guerra contra o coronavirus.

O senhor mencionou a Argentina, a Coreia do Sul, países que observaram muito a questão do isolamento social. Se a gente tivesse seguido aquela estratégia do presidente de fazer o isolamento vertical, talvez a gente não tivesse corrido risco maior?

Eu citei propositalmente. Todo mundo gosta de falar de números absolutos. Brasil é o segundo país em número de mortos. Será que é mesmo? Em números absolutos é, não vamos negar. Mas, quando você fala em números relativos, você faz a comparação, aí o Brasil não é o segundo. O Brasil até está à frente de muitos países. Mas a imprensa precisa dar o pior cenário. Mas eu propositalmente dei os números absolutos esperando que você fosse me contrapor. E você me contrapôs. Então, vamos aos fatos. A Argentina agiu de uma forma e a Coreia do Sul de outra. A Coreia do Sul fez apenas duas semanas de isolamento. Ela chegou para a população e disse: “Nós não vamos parar o país. Mas vamos tomar todos os cuidados necessários para ninguém contaminar ninguém”. Não chegou a 300 mortes e tem 10 milhões de habitantes a mais que São Paulo. A Argentina, com um pensamento ideológico diferente, fechou tudo. Alguém vai contaminar alguém? Não. Mas, em compensação, como está a economia? A Argentina vai ser, pode ter certeza absoluta, o país mais pobre da América do Sul. Mas voltando, o que quer o governador João Dória? Ele quer, como disse o (ministro da Economia) Paulo Guedes, subir em caixão de defunto para poder fazer campanha para 2022

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