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Política & Poder

Secretária da Mulher de SP tentou barrar vacinação de crianças

Sonaira Fernandes tem como bandeira política a luta contra o feminismo, a chamada ideologia de gênero, o aborto legal e o protagonismo de pessoas LGBT

Redação Jornal de Brasília

05/01/2023 17h17

Foto: Divulgação

Empossada secretária de Políticas para Mulheres pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a vereadora paulistana Sonaira Fernandes, do mesmo partido, tem como bandeira política a luta contra o feminismo, a chamada ideologia de gênero, o aborto legal e o protagonismo de pessoas LGBT.

Eleita com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem é fiel seguidora, a nova secretária tem 32 anos, é negra, evangélica e formada em Direito. Desde 2021, quando chegou à Câmara Municipal, apresentou 38 projetos de lei, a grande maioria da chamada pauta de costumes.

Segundo a vereadora, o feminismo promove a desagregação familiar, a libertinagem sexual e a deterioração da dignidade feminina. Em um vídeo divulgado em suas redes sociais, a vereadora afirma que é incoerente ser cristã e feminista. “Precisamos estar atentos ao movimento feminista porque ele é inteiramente ameaçador à fé cristã e à moral.”

A indicação para compor o primeiro escalão do governo Tarcísio, feita pelo Republicanos, repercutiu negativamente entre ativistas das causas femininas e colegas de esquerda da Câmara. Além de se considerar abertamente antifeminista, Sonaira combateu as vacinas durante a pandemia de covid-19 e apresentou uma série de propostas de lei consideradas negacionistas.

As repetidas fake news e mensagens de cunho preconceituoso postadas em redes sociais levaram o Instagram a alertar novos seguidores de que a conta da vereadora publica repetidamente informações falsas, segundo verificadores de fatos independentes, o que contraria sua política interna.

Foi dela, por exemplo, a postagem de um vídeo que mostra o agora presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebendo um banho de pipoca de uma mulher vestida de baiana. Compartilhado pela então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, durante a campanha, a mensagem gerou a apresentação de uma queixa-crime contra ambas por intolerância religiosa. Na época, Sonaira afirmou que “Lula havia entregue sua alma” para vencer a eleição.

Para a vereadora Silvia Ferraro, da Bancada Feminista do PSOL, a secretária não atende os critérios para o cargo. “Será a nova Damares”, disse, em referência à ex-ministra Damares Alves, do governo Bolsonaro.

Já o deputado estadual Gil Diniz (PL-SP) celebrou a indicação e esteve no Palácio dos Bandeirantes durante a sua posse. “Sonaira Fernandes tem como principais bandeiras na Câmara Municipal a defesa da vida e o fortalecimento das famílias em nosso município. Tenho certeza que fará um ótimo trabalho ao lado do governador Tarcísio de Freitas”, afirmou em suas redes sociais.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também defendeu Sonaira. Segundo o parlamentar, o nome da vereadora, que já trabalhou em campanhas eleitorais dele e em seu gabinete em Brasília, é contestado porque ela é negra, nordestina e evangélica.

Ao responder às críticas sofridas após o anúncio de seu nome, Sonaira escreveu: “Não estou aqui para agradar quem quer me enfiar em uma carapuça ideológica porque sou mulher ou porque sou negra. Eu já me libertei de todos os cativeiros que, muitas vezes, progressistas de classe média querem me impor”. Procurada pelo Estadão, a secretária não atendeu o pedido de entrevista feito pela reportagem.

Estadão Conteúdo

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