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Política & Poder

Se Bolsonaro fizer novas motociatas em SP, terá que pagar os custos da segurança, diz Doria

Nós vamos cobrar do presidente da República pela mobilização para passeios de motocicleta. Não é obrigação do governo do estado de São Paulo

Redação Jornal de Brasília

04/08/2021 12h33

Foto: Divulgação/Governo de São Paulo

Victoria Damasceno
FolhaPress

O governador João Doria (PSDB) afirmou nesta quarta-feira (4) que, se o presidente Jair Bolsonaro fizer novas motociatas no estado de São Paulo, será cobrado pelos custos de segurança pública do evento. “Se o presidente Bolsonaro voltar aqui para fazer motociata ele vai ter que pagar. Nós vamos cobrar do presidente da República pela mobilização para passeios de motocicleta. Não é obrigação do governo do estado de São Paulo fazer segurança de motociatas sem que o custo seja suportado por quem as organiza e as promove”, disse.

A última motociata ocorreu no sábado (31) em Presidente Prudente, no interior do estado. A primeira em São Paulo ocorreu na capital paulista, cujos os gastos chegaram a R$ 1,2 milhão com a participação de 1.433 policiais, cinco aeronaves, dez drones e aproximadamente 600 viaturas, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública.

Já em Presidente Prudente, os custos foram superiores a R$ 300 mil. O efetivo foi reforçado com 450 policiais militares, drones e um helicóptero. Segundo o governador, qualquer manifestação que ocorra em áreas autorizadas pela PM, como a avenida Paulista, poderá contar com o apoio das forças de segurança do estado. Fora dessas áreas, não.

“Em locais autorizados para manifestações, seja a favor ou contra Bolsonaro, a favor ou contra vacina, a favor ou contra processo eleitoral, a garantia do estado será dada aos seus participantes para que haja tranquilidade e controle. Fora disso, não. Bolsonaro continua insistindo para fazer aquilo que é inadequado”, disse.

A fala ocorreu durante a entrega de 2 milhões de doses de Coronavac ao Ministério da Saúde, no Instituto Butantan, em São Paulo. Até agora o governo estadual encaminhou 65 milhões das 100 milhões de doses encomendadas pelo governo federal.

Na manifestação deste final de semana no interior de São Paulo, o presidente desrespeitou os protocolos sanitários ao gerar aglomerações e cumprimentar apoiadores sem máscara. O governo do estado declarou que autuou Bolsonaro por não utilizar máscaras pela terceira vez neste sábado. A multa pelo descumprimento da legislação é de R$ 552. Como o presidente é reincidente, pode ser multado em até R$ 290,9 mil.

Além das edições de Presidente Prudente e São Paulo, foram realizadas outras quatro edições do evento, em Brasília, Rio de Janeiro, Chapecó (SC) e Porto Alegre. O presidente anunciou que a próxima será em Florianópolis, no dia 7 de agosto. Enquanto o presidente comparecia à manifestação, Doria recebeu os ex-presidentes Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso e as autoridades de países lusófonos, os presidentes de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e o de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, na reabertura do Museu da Língua Portuguesa. Convidado, Bolsonaro não compareceu.

O museu foi reaberto após um incêndio que ocorreu em dezembro de 2015 e destruiu parte da instituição. A reabertura estava prevista para o ano passado, mas foi adiada devido à pandemia. “Na motociata em Presidente Prudente, [Bolsonaro] poderia ter comparecido à reinauguração do Museu da Língua Portuguesa ao lado dos ex-presidentes da República Michel Temer, Fernando Henrique Cardoso, e dos presidentes de Portugal e do Cabo Verde”, disse Doria. “Ao invés de estar ali representando o governo federal e apoiando a cultura nacional, preferiu fazer motociata e passear de motocicleta em Presidente Prudente.”

Durante a motociata, Bolsonaro voltou a criticar a segurança das eleições no Brasil, afirmando que a democracia só existe com eleições limpas e que não aceitará uma fraude. “Queremos eleições, votar, mas não aceitaremos uma farsa como querem nos impor. O soldado que vai à guerra e tem medo de morrer é um covarde. Jamais temerei alguns homens aqui no Brasil que querem impor sua vontade”, disse.

Doria também criticou os ataques de Bolsonaro às eleições e às urnas eletrônicas, bem como sua campanha para eleições impressas. Ele lembrou que nas eleições presidenciais de 2014, quando Aécio Neves (PSDB) perdeu para Dilma Rousseff (PT), o PSDB pediu a auditoria especial no resultado das eleições.

No fim do processo de auditoria, porém, o partido afirmou que as urnas eletrônicas eram “inauditáveis”, pois não foi possível ter acesso a todos os níveis de criptografia das máquinas. “Quando Aécio Neves perdeu para Dilma Rousseff, [o PSDB] fez uma auditoria autorizada pelo Tribunal Superior Eleitoral. Contratou auditores americanos, brasileiros, e não identificou nenhuma possibilidade de violação e erros nos mecanismos que mantêm a urna eletrônica”, disse Doria.

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