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Política & Poder

“Repassei todos os alertas sobre a invasão ao GSI”, diz ex-diretor da Abin

Arthur Maia, presidente da CPMI, determinou o prazo de 48 horas para que Flávio Dino entregue as imagens internas do prédio da pasta

Camila Bairros

01/08/2023 12h47

Foto: Reprodução/TV Senado

Depois de 20 dias de recesso, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) de 8 de Janeiro, que investiga a invasão de vândalos no Congresso Nacional, Palácio do Planalto e STF, foi retomada nesta terça-feira (1). O último depoimento havia sido do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, e hoje, Saulo Moura da Cunha, ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), foi ouvido.

Antes de começar o depoimento de Saulo, o deputado Arthur Maia, presidente da CPMI, determinou o prazo de 48 horas para que Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública, entregue as imagens internas do prédio da pasta do fatídico dia. Caso o pedido não seja atendido, a comissão vai pedir à Advocacia do Senado que acione o Supremo Tribunal Federal (STF).

Os parlamentares convocaram Saulo para que fossem dados detalhes dos alertas emitidos pela Abin sobre o risco de invasão de prédios públicos na Praça dos Três Poderes. O ex-diretor da Abin, porém, se conteve em falar que em sua festão foram produzidos diversos relatórios de inteligência, mas que o conteúdo deles não poderia ser revelado.

Saulo também afirmou que a Abin não tinha as informações sobre os ataques ocorridos logo após as eleições. “Se tivéssemos essas informações, teriamos agido”. Porém, ele revelou que do dia 2 ao dia 8 de janeiro foram produzidos 33 alertas de inteligência.

“A outra gestão entregou relatório ao governo de transição sobre a presença de extremistas nos movimentos que estavam acontecendo em frente aos quarteis. Foi encaminhado à transição e ao GSI”, revelou Saulo. De acordo com ele, nesses primeiros dias em que estava à frente do órgão, não foram produzidos novos documentos estratégicos, apenas alertas de inteligência.

Esses alertas, provenientes de informações processadas pela Abin, foram disponibilizados para a CPMI, e neles, segundo Saulo, já continha a informação de detecção de estímulo a invasões e ocupações de prédios no dia 8. “Falamos até da presença de pessoas que se diziam estar armadas e, posteriormente, também apresentamos a identificação dessas pessoas”.

Ao ser questionado pela relatora da CPMI Eliziane Gama, Saulo negou ter adulterado qualquer alerta emitido, revelando ainda que ele era o autor dos relatórios. “Fiz primeiro uma planilha que continha os alertas encaminhados pela Abin a grupos, e também tinha os alertas encaminhados por mim, pessoalmente, ao ministro-chefe do GSI”.

Esse relatório, de acordo com o ex-diretor da Abin, foi entregue ao ministro G. Dias, mas ele teria determinado que seu nome fosse retirado da lista.

“Existe um artigo que fala que é o ministro-chefe do GSI que determina as informações que serão encaminhadas. Não teve interesse de minha parte em esconder essas informações. Cabe a ele decidir se encaminha ou não a informação, e ele não quis”, disse Saulo.

8 de janeiro

Sobre o fatídico dia da invasão à Praça dos Três Poderes, Saulo disse ter feito o primeiro contato com G. Dias por volta das 8h da manhã, ressaltando a questão da chegada dos ônibus.

“Repassei todos os alertas da Abin e as informações que estavam no grupo da célula integrada de Segurança Pública, que falava também de manifestantes que cobriam o rosto com máscaras. Ou seja, estavam se preparando para uma ação violenta. Pouco antes da massa começar o deslocamento, já tivemos informações de que haviam entre os manifestantes um chamamento para invasão de prédios”, revelou ele.

Quando começou esse deslocamento, por volta das 13h, Saulo disse ter recebido uma ligação de um colega responsável pela segurança de um dos órgãos dos Três Poderes, porém, não revelou quem era, apenas que ele demonstrou prepcupação sobre uma possível invasão e pediu o telefone do G. Dias.

Conforme dito para a relatora, demorou apenas cerca de trinta minutos para que todos tivessem a convicção de que haveria uma ação violenta, ou seja, já por volta de 13h30.

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